Jair Antonio Alves - dramaturgo
A ameaça mais recente de que estamos às portas de um estado totalitário a que veio, capitaneado por uma aristocracia, sem nenhum pudor de mostrar a arrogância está explícita num dos comerciais do candidato Aécio na tevê – “O Brasil exige uma resposta...”, pedindo que Dilma dê satisfação a possíveis atos de corrupção na Petrobrás. PROTESTO: Brasil o escambau! Ainda que o executivo não tenha tomado conhecimento de tais denuncias porque ainda estão restritas ao anonimato e às armações do consorcio “oposição” e a grande imprensa, quem autorizou Aécio Neves falar a esta altura do campeonato em nome de todos nós brasileiros? Esse é um truque antigo usado pelos conservadores que evocam “direitos” de um tempo em que a Nação tinha como interlocutor a aristocracia e, paradoxalmente, já na república, na aristocracia cafeeira. No início do século XX apenas 20% eram alfabetizados e as mulheres não tinham direito ao voto (Decreto 21076 de fevereiro de 1932) .
Há poucas semanas, nós artistas (nem todos é verdade), fomos insultados por uma reunião de apoio a sua candidatura num teatro de São Paulo, que lamentavelmente tem como título um herói nacional, onde uma meia dúzia de privilegiados artistas e produtores esbravejava contra a “comunização do Brasil”. Um dos gaiatos, provavelmente o maior deles, prometeu fugir para Miami, caso acontecesse reeleição. Duvidamos que consiga passar pela alfandega da Flórida, pois lá são muito rigorosos quanto à entrada de animais exóticos. A citada reunião documentada pela Folha de São Paulo demonstrou, entre outras barbaridades, uma enorme bandeira brasileira ao fundo fazendo cenário para tal evento. Nenhum problema usar os símbolos nacionais para afirmação da identidade, no entanto verdadeiramente essa rapaziada que anda preocupada com o perigo da estatização ou não da própria bunda e do nariz, evidentemente não fala em nome de todos nós. Sem mais delongas quem estiver curiosidade favor acessar o link:
Dando detalhes do perigo que corre a luta iniciada desde há muito, para nós no dia seguinte em que foi revogado o AI-5 em dezembro de 1978, o jornalista PML publicou um extraordinário artigo que sugerimos leitura com toda atenção, logo abaixo. A única ressalva que nele fazemos é quanto o seu grau de pessimismo. Nós, ao contrário de Paulo, acreditamos que ainda há tempo para rechaçar o retrocesso. Acreditamos que a observação feita pela amiga comum Eliete Negreiros (décadas atrás) a respeito da rápida politização das massas em tempos de agitação social, nos dá a esperança que essa rapaziada bonita, vigorosa e decidida, a partir do conhecimento de nossa história recente vai reagir com alegria e determinação. O texto a seguir fala por si só.
O FASCISMO NOS ESPREITA NA RETA FINAL
Atos de violência e intimidação são resultado previsível de uma política de criminalização da política e dos políticos
Na quinta-feira, quando Dilma teve uma queda de pressão no SBT, um médico gaúcho usou o twitter para mandar essa “#%&!##”chamar um “médico cubano.”
(Dois dias antes, ao sair do carro no estacionamento da TV Band, para o debate anterior, a presidente foi recebida pelos gritos de um assessor parlamentar adversário. Ouviram-se coisas como “vaca”, “vai para casa…”)
No Rio, o cronista Gustavo Duvivier passou a receber diversos tipos de ameaça depois que publicou um texto onde deixou clara sua preferência por Dilma.
Agressores avançaram sobre o escritor Enio Gonçalves Filho, blogueiro com momentos de boa inspiração — e que é cadeirante — quando ele se dirigia ao Churrasco dos Desinformados, na Praça Roosevelt. Enio se dirigia a um protesto para responder ao comentário de Fernando Henrique Cardoso sobre a vantagem de Dilma nos estados do Nordeste (“O PT está fincado nos menos informados, que coincidem de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT. É porque são menos informados,” disse FHC).
No meio do caminho, três sujeitos avantajados tentaram obrigar Enio a tirar sua camisa vermelha — ele é petista — e chacoalhavam sua cadeira de rodas.
Uma comunidade de quase 100 mil usuários numa rede social, que se declaram profissionais da classe médica brasileira, se tornou palco de uma guerra dentro da corrida presidencial. Com o título de “Dignidade Médica”, as postagens do grupo pregam “castrações químicas” contra nordestinos, profissionais com menor nível hierárquico, como recepcionistas de consultório e enfermeiras, e propõe um “holocausto” contra os eleitores de Dilma.
Eleições apertadas, que envolvem projetos políticos distintos, podem gerar conflitos entre eleitores que chegam a lembrar torcidas de futebol. Mas estamos assistindo a uma situação diferente: ações agressivas destinadas a dar suporte a uma ideologia política de exclusão e negação de direitos elementares.