O tema é grave. Não comporta maniqueísmos: bom ou mau, certo ou errado.
Ninguém, salvo psicopatas – pessoas que precisam de tratamento mental mais do que punições penais – pode defender tortura e assassinatos frios. Mas a história é cheia destes casos, nem sempre por doentes. Sem pretender esgotar: cruzados, inquisidores, assassinos de infiéis, inimigos ideológicos, lideranças nacionalistas....
Importa entender cada momento, cada ocorrência, cada consequência.
Um momento de grande efervescência e de incríveis violências foi a Revolução Francesa, também histórico de libertação humana. Há um livro de Charles Dickens, notável como toda obra, que trata desta época, na França e na Inglaterra, “Um conto de duas cidades”, de onde transcrevo o texto que encerra este Prólogo:
“Um tribunal revolucionário na capital, e quarenta ou cinquenta mil comitês revolucionários em todo país; uma lei de Suspeitosos, que, agredindo a segurança de liberdade e de vida, confiava qualquer pessoa inocente e boa às mãos de qualquer outra culpada e perversa; as prisões transbordavam de pessoas que não haviam praticado nenhum crime e não tinham direito de defesa”. (Tradução de Sandra Luzia Couto)"
Não farei o escândalo do Jornal Nacional, que recentemente anunciou o bombardeio a civis sírios, pelos Estados Unidos da América (EUA), apoiados pela França e Inglaterra, como o início da Terceira Guerra Mundial.
Muito tristes e condenáveis aquelas mortes de inocentes, principalmente pela atitude de submissão de Donald Trump aos interesses do sistema financeiro internacional, o verdadeiro controlador das armas, do petróleo e de boa parte das instituições estadunidenses.
Mas a notícia que correu as redes sociais foi surpreendente.
Transcrevo-a do Monitor Mercantil, pela objetividade e correção jornalística, em 11 de maio de 2018, sexta-feira:
“Documentos do Departamento de Relações Exteriores dos Estados Unidos apontam o envolvimento direto dos presidentes Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo no assassinato de mais de uma centena de brasileiros durante a ditadura militar no Brasil”.
Adiante a revelação é atribuída a professor que, no facebook, apresenta um relato da CIA (Agência Central de Informações, dos EUA) sobre reunião ocorrida em março de 1974 entre os dois últimos presidentes citados com os Generais Milton Tavares de Souza e Confúcio Danton de Paula Avelino.
Não tenho e jamais aceitaria procuração de qualquer político ou dirigente público para defendê-lo. Mas creio que a inteligência de meus leitores exige algumas outras informações e dados para a reflexão.
Primeiro o contexto desta notícia, vinculada por professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em rede virtual.
O Brasil, lamentavelmente, vive o pior momento de sua história republicana.
Nem os confrontos integralistas, comunistas, ruralistas, nos anos da Revolução de 1930, viu tanta estupidez, tamanha selvageria, até pela incomensurável distância intelectual que separa, para ficar apenas num extremo político, Plínio Salgado, Gustavo Barroso, Gustavo Corção, Alceu de Amoroso Lima, Francisco Pontes de Miranda; dos atuais Silas Malafaia, Jair Bolsonaro, Cármen Lúcia, Marcos Feliciano, Aécio Neves, Roberto Barroso e o acadêmico Merval Pereira, por exemplo.
Líderes medíocres, soluções medíocres.
Mas não paro neste confronto.
Há, além do absoluto desinteresse com os assuntos brasileiros, com a soberania nacional, com a proteção da população (saúde, segurança, educação), o que poderia chamar perversidade de um governo imposto pelo estrangeiro, simplesmente para aumentar os ganhos do sistema financeiro, que abrevio “banca”.
Recebo uma informação que dois ex-empregados da Petrobrás, não suportando os descontos, agora aumentados pela incúria dos gerentes e dirigentes da Fundação de Seguridade Social, se suicidaram. Esta cobrança pretende suprir as perdas com as incompetências e as corrupções dos responsáveis pela Petros, em princípio, desde 1990.
Esta notícia que envolve, em especial, o Presidente Geisel, alvo do primeiro golpe da banca, é bastante estranha.
Iniciemos com o pesado ambiente político atual.
Os golpistas de 2016 não tinham qualquer programa de governo; buscavam escapar de indiciamentos criminais e auferir mais vantagens indevidas, principalmente beneficiando os interesses estrangeiros.
Assim, tudo que se fez e faz, no executivo, no legislativo e, em especial, no judiciário é a disputa pelo saque, a luta pelos butins. Mesmo com toda proteção que recebem dos canais de televisão, regiamente pagos, e das emissões radiofônicas, está no bolso dos contribuintes, na mesa das vítimas, nos suicídios cuja informação que me chegou, o alerta à população, que reduz, dia a dia, qualquer veleidade de permanência destes golpistas no governo.
Militares, em notas e informações públicas, propõem a extinção do Supremo Tribunal Federal, amesquinhado, ínfimo pelo desrespeito dos próprios membros entre si e da ignorância de princípios e fundamentos sociais e jurídicos. Saudades do mestre Hermes Lima.
Em excelente descrição, o jornalista pernambucano Urariano Mota, assim narra os momentos que antecederam a pré-estreia de “O Processo”, premiado documentário sobre o golpe do impeachment:
“A agitação no público era tamanha, que gritos se ouviam até mesmo quando as luzes no cinema se apagaram. Quanta rebeldia reprimida. As vozes somente pararam quando alguém gritou: “quem fizer barulho é golpista!”.” E conclui Urariano: “a diretora falou em entrevista: “Nós não sabemos para onde isso vai, e isso é angustiante e doloroso... Essa é a minha contribuição para esse momento que estamos vivendo”. Sem dúvida. O documentário de Maria Augusta Ramos realiza o seu presente deste infeliz momento”. (GGN Jornal, 11/05/2018).
Também, em outra vertente, os militares se inquietam. Não somente os de pijama, bombardeados durante todo dia pela telinha, com as desinformações, falsidades e criminosas omissões da Globo ou da Bandeirante ou melhor de todas.
Os que tem responsabilidade de comandar uma força sem força, de enfrentar um inimigo muito mais preparado e rico nas fronteiras brasileiras e restar perplexo diante da realidade que não encontra explicação nas notícias, nos manuais, nos treinamentos.
Sem dúvida, não só a CIA, que o professor se refere como fonte, mas todo arsenal de informações, espionagem, contrainformação que a banca tem disponível nos EUA, na França, na Inglaterra, já identificaram “perigo” no País dos ganhos fáceis do Pré-sal, do nióbio, do lítio, dos grandes aquíferos.
Então usa a velha cizânia.
O clamor da união pelo Brasil começa a unir mais do que as esquerdas, já interessa empresários, passará a ser discutida nas classes médias e, porque Deus é brasileiro, pode se transformar, ao fim de mais de 500 anos, no efetivo movimento de Independência do Brasil.
Repito a meus diletos leitores: a banca busca tomar o controle dos Estados Nacionais para os destruir. E, também, os agride, como são exemplos a Líbia, o Iraque, a Ucrânia, o Afeganistão, a Venezuela e a Síria.
Um mundo dirigido pelo sistema financeiro não quer Estados nacionais, quer milícias regionais, sem capacidade para estabelecer normas ou orientações que não sejam para defesa patrimonial da banca.
A eleição que se aproxima e parece, a cada momento, ser inexorável, não pode unir vertentes ideológicas, religiosas, empresariais e militares num projeto nacional sem que a banca saia derrotada.
Manter os golpistas, seus asseclas do PSDB, do DEM, do PPS et caterva torna-se impossível.
Então entra (se não for mais uma fake new, ou o será da própria CIA?) uma notícia que acirrará os ânimos, dividirá ainda mais para reinar.
Concluindo.
Não sei se houve ou não a reunião que os interesses estrangeiros resolveram divulgar neste momento, que o caos golpista se mostra incapaz de encontrar solução que os salve.
Geisel era um luterano, religioso, pouco dado a confidências e a se expor a terceiros.
Teve um governo nacionalista que desgostou muito os EUA.
Figueiredo não era propriamente seu amigo, tanto que o golpe da banca o levou a sucedê-lo.
Pergunto:
desde quando informação da CIA é de confiança?
E quem é este senhor que colocou o assunto nas redes sociais?
Poderia dizer, como em romances: estranho, muito estranho.