O administrador Salim Mattar dono da locadora de
veículos Localiza e quarto maior doador para a campanha de apoiadores
de Jair Bolsonaro, foi nomeado Secretário de Privatizações, a convite do
ministro Paulo Guedes.
No tosco vernáculo, que parece uma característica do
governo atual, em evento patrocinado pelo Itaú Unibanco, Salim Mattar afirmou:
"Me apontem (sic) uma só estatal eficiente. Não
existe", e respondeu em seguida ao acrescentar que empresas eficientes não
precisam de monopólio, em clara referência à Petrobras.
O desconhecimento do assunto sob sua gestão parece ser outra
característica deste governo, pois há quase 22 anos que não mais existe
monopólio para o petróleo no Brasil, extinto pela Emenda Constitucional nº 9,
de 09/11/1995, e pela Lei nº 9.478, de 06/08/1997.
Mas não param aí as mentiras sobre aquela que foi a maior
empresa do Brasil e indutora do desenvolvimento científico, tecnológico,
industrial e da engenharia nacional, além de geradora de milhares de empregos,
diretos e indiretos, e da apropriação pelo Estado e pelos cidadãos brasileiros
da renda petroleira.
Transcrevemos informações precisas do depoimento do
economista Claudio da Costa Oliveira na Comissão de Desenvolvimento Econômico,
Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS), da Câmara dos Deputados, em
10/07/2019.
Afirmou Claudio Oliveira:
"A mãe de todas as mentiras foi a de que a Petrobrás
estava quebrada, ou com sérios problemas financeiros. Desta mentira surgiram
diversos filhotes:
- Filhote Número Um: a Petrobrás não pode mais investir, pois
uma empresa quebrada não pode investir:
- Filhote Número Dois: a Petrobrás deve diminuir sua dívida,
pois uma empresa quebrada não tem capacidade de pagar os juros da dívida;
- Filhote Número Três: a Petrobrás tem que vender ativos para
pagar esta dívida, pois uma empresa quebrada não tem recursos".
Quantos erros, quanta falsidade, quanto estímulo à corrupção!
O administrador Mattar deveria responder a perguntas que
surgiriam como conseqüência lógica das acusações à Petrobrás: em que ano a
Petrobrás ficou insolvente?
Quando ela faliu?
Três indicadores foram apresentados, logo no início da
exposição, pelo economista Claudio Oliveira: liquidez corrente, saldo de caixa
e geração operacional de caixa.
A Liquidez Corrente (LC) é o índice que relaciona o que se
tem a receber e a pagar. Se for igual a um, a empresa está equilibrada, ou
seja, o que tem e o que deve são do mesmo valor. Se for superior a um,
significa que a empresa está com folga para pagar dívidas, para investir
e distribuir dividendos.
No período de 2010 a 2018, apresentado por Oliveira, a
Petrobrás sempre teve LC superior a 1,5, chegando a 1,9 em 2010 e 2017, ou
seja, em nenhum momento ela esteve quebrada, sempre sobrou dinheiro. E de
quanto foi o montante deste dinheiro?
No mesmo período, 2010 a 2018, em bilhões de dólares
estadunidenses (USD), os Saldos de Caixa (SC) foram sucessivamente: 17,7; 19,1;
13,5; 15,9; 16,7; 25,0; 21,2; 22,5 e 13,9. Para avaliar estes saldos, nada
melhor do que compará-los com outras empresas de petróleo que tenham atuação
global, ou seja, de multinacionais petroleiras.
Verifiquemos como se comporta a Petrobrás em comparação com
duas grandes empresas estadunidenses de petróleo: Exxon Mobil (EM) e Chevron
CH).
Em 2012, a Chevron teve SC de 20,94 bilhões USD, contra 13,52
da Petrobrás e 9,58 da Exxon Mobil; em 2013, tiveram respectivamente 16,25,
15,87 e 4,65; mas a partir de 2014 até 2017 a Petrobrás sempre superou os SC
destas duas gigantes do petróleo. Em 2014, a CH teve 12,79 e a EM 4,62; em
2015, respectivamente, 11,02 e 3,71; em 2016, 6.99 e 3,65 e, em 2017, 4,81 e
3,20. A falência jamais ocorreu.
Comparemos agora a Petrobrás, além das duas estadunidenses,
com a maior empresa anglo-holandesa, a petroleira Royal Dutch Shell (DS), na
geração operacional de caixa. Geração Operacional de Caixa (GOC) significa a
tão desejada eficiência empresarial, pois é fruto das receitas e despesas
diretamente decorrentes das atividades da empresa. Também deste resultado se
tem o já observado indicador de liquidez.
Confrontemos o período no qual a Petrobrás foi mais atacada
pelas forças que a querem destruir, das "jornadas de junho" (2013) ao
impeachment da presidente Dilma Rousseff (2015/2016) e o governo Temer
(2016/2017).
Em bilhões de USD temos, ano a ano:
2013: EM (44,90); DS (40,44); CH (35,01); Petrobrás - PB
(26,30)
2014: EM (45,10); DS (45,04); CH (31,50); PB (26,20)
2015: EM (30,30). DS (29,81); PB (25,90). CH (19,50)
2016: PB (26,10); EM (22,10); DS (20,62); CH (12,90)
2017: DS (35,65); EM (30,10); PB (27,11); CH (20,52).
Ressalta aos olhos de um administrador e mesmo de um
investidor o comportamento homogêneo e equilibrado da Petrobrás, mantendo um
padrão estável e significativo de receitas operacionais, em face das maiores
petroleiras do mundo, cujas oscilações representam até mais de 200%.
Voltemos ao competente e preciso depoimento de Claudio
Oliveira na Comissão da Câmara dos Deputados apresentando um de seus slides.
"Depois de 2016, a Companhia passou a adotar uma
política de preços assassina, com o povo e com a economia brasileira, chamada
PREÇO DE PARIDADE DE IMPORTAÇÃO que significa adicionar ao preço interno nas
refinarias estrangeiras (especialmente as estadunidenses do Golfo do México), o
preço internacional do combustível mais o frete até o Brasil, sua internação em
nosso País, mais os custos com seguro, risco cambial e lucro"
"ISTO É UM ABSURDO. NENHUM PAÍS OU EMPRESA NO MUNDO
ADOTA ESTE TIPO DE POLÍTICA. NA VERDADE ESTAMOS FAZENDO CARIDADE PARA AS
REFINARIAS AMERICANAS.
QUAL EMPRESA MUNDIAL FAZ CARIDADE PARA AS EMPRESAS
BRASILEIRAS? ALÉM DAS REFINARIAS AMERICANAS, DOS TRADERS E DOS PRODUTORES DE
ETANOL, QUEM MAIS ESTÁ LUCRANDO COM ISTO? QUEM ESTÁ PAGANDO, NÓS SABEMOS, SÃO
OS CONSUMIDORES BRASILEIROS E A ECONOMIA BRASILEIRA QUE PERDE SUA
COMPETITIVIDADE".
E esta questão das mentiras sobre a situação da Petrobrás e
esta política vergonhosa do preço para os derivados produzidos no Brasil dão
suporte para o verdadeiro objetivo político do governo e da direção da
Petrobrás:
eliminar a empresa que é um verdadeiro símbolo da eficiência, da
capacidade nacional e orgulho dos brasileiros, como demonstra todas as
pesquisas realizadas pelas mais diferentes empresas sobre opinião pública.
Destruir a Petrobrás! Desejo de todas as petroleiras
estrangeiras e países colonizadores do Brasil, desde sua criação por Getúlio
Vargas (levado ao suicídio), encontram no governo Bolsonaro, na atual
composição do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, com a omissão
das Forças Armadas seu momento de maior oportunidade.
E logo os brasileiros, os caminhoneiros, os passageiros de
ônibus urbanos, qualquer dona de casa que use o gás para cozimento alimentar
verificarão quão prejudicial para suas vidas e para segurança nacional foi sua
omissão diante do projeto de destruição daquela maior empresa brasileira,
criadora de tecnologia e desenvolvimento nacional.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado pedroapinho652@gmail.com
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