Os Impérios não desmoronam sem procurar arrastar com eles suas colônias.
Não se trata de maldade, mas do abraço do afogado.
Desde George H. W. Bush (1989-1993), os Estados Unidos da América (EUA) vem acumulando dívidas, desindustrialização e encolhimento tecnológico.
O Vale do Silício já perde para Guangdong.
A Federação Russa desenvolve armamento mais sofisticado do que o disponível no Pentágono.
Vieram nos roubar a Embraer, pois a aviação estadunidense perdia para a brasileira e para europeia, e a Petrobrás, detentora única da tecnologia de produção em águas ultraprofundas e com enormes reservas de petróleo.
Os EUA acumulam derrotas militares desde a Guerra da Coreia: Vietnã, Iraque, Afeganistão e, mais recentemente, a Síria.
E derrotas econômicas: os Tigres Asiáticos - Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura e Taiwan - não trabalham sob as ordens de Wall Street mas de Pequim.
A dívida do Tesouro Estadunidense é impagável, o dia que não mais adiantar imprimir dólar, pela sua pequena aceitação como moeda de risco, os EUA afundam de vez.
E quem garante que a próxima crise não repetirá a de 2008 e veremos, novamente, os EUA como epicentro.
Existirão novamente duas dezenas de trilhões de dólares estadunidenses (USD) para acalmar o "deus mercado" com Quantitative Easing (QE - facilidade/ flexibilização financeira) ?
Nosso problema não são os EUA mas esta elite que administra para eles o Brasil.
Cada dia mais horrores estão sendo anunciados.
Não bastaram o Teto dos Gastos (Emenda Constitucional n º 95), as reduções nos direitos trabalhistas (Lei 13.467/2017 e Medida Provisória 808), o arrocho salarial (Decreto 9.661/2019) e o projeto de eliminação da aposentadoria (Emenda à Constituição - PEC nº 6/2019).
Soltam agora estas forças antinacionais e antipopulares o balão de ensaio da dolarização da economia brasileira.
Afinal, o que estaria querendo o presidente do Banco Central, Roberto de Oliveira Campos Neto, cuja missão é defender a moeda brasileira, ao comunicar à imprensa, na quarta-feira, 29/maio, que vai propor ao Congresso várias mudanças – como decretos, resoluções, circulares – que organizem a compra, venda e posse de moedas internacionais no Brasil?
Antes que algum cândido cidadão veja inexistentes vantagens nesta proposta - que já arruinou, com a dupla Carlos Menem-Domingo Cavallo, nossa vizinha Argentina - examinemos a Europa do euro.
O sistema financeiro internacional, que abrevio "banca", tem o imperial objetivo de dominar o mundo, impondo sua filosofia neoliberal. Para isso procura, entre outras medidas, eliminar as barreiras nacionais aos fluxos monetários e padronizar ao máximo suas operações internacionais.
Temos, no ocidente, duas moedas referenciais: o dólar e o euro.
O dólar se impôs pela economia, armas e, com o apoio da Arábia Saudita, como a moeda comercial do petróleo.
A vontade da Venezuela de se libertar do dólar foi um importante motivo para a ação recente dos EUA contra aquele país.
O euro se impôs política e economicamente num processo de pacificação do bélico continente europeu.
O país que não tem liberdade de gerenciar sua moeda é, desde logo, um país escravo, dependente.
O caso da Grécia foi a clara demonstração do país com a maior taxa de desemprego da União Europeia (UE) - 19,3% - principalmente por não poder usar a moeda corrente, oficial, para promover seu desenvolvimento.
No momento que economistas, a intelectualidade acadêmica e profissional, recuperam a discussão da Teoria da Moeda Moderna (MMT), os colonizados de sempre querem implantar a moeda estrangeira como modo de manter o Brasil escravizado.
Transcrevo das "Considerações Finais" do livro, ainda inédito, do doutor em economia Gustavo Galvão dos Santos (21 Lições da Finanças Funcionais e a Moderna Teoria do Dinheiro) importante reflexão, com a qual encerro este artigo:
" As Finanças Funcionais foram usadas, na prática, pelos EUA e Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial com excelentes resultados, mesmo sob condições econômicas especialmente difíceis.
Após a Guerra, essa experiência se espalhou por diversos países, que passaram a adotar implícita ou explicitamente uma Política Fiscal de Pleno Emprego mais ou menos influenciadas pelas Finanças Funcionais.
Essas políticas nortearam o sucesso da chamada Era de Ouro do Capitalismo, os 30 anos gloriosos entre 1945 e 1975 (acrescento o nível de bem estar atingido pelos, até então pobres, países nórdicos).
As Finanças Funcionais são o keynesianismo levado às últimas consequências e foi avalizado pelo próprio Keynes, no fim da vida, e adotado implícita ou explicitamente pela teoria econômica hegemônica do Pós Guerra'.
O excludente e recessivo neoliberalismo veio para transferir unicamente para o sistema financeiro todos os ganhos da economia das nações.
Agora ficaremos sem moeda nacional.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
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