The Intercept, Moro e a Guerra Híbrida

Vazar o que e para quem

Wellington Calasans, no site do Duplo Expresso, foi o primeiro jornalista a colocar os vazamentos de The Intercept sob suspeita:

        um entretenimento, típico da Guerra Híbrida;

   enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) dava proteção jurídica à venda parcelada de toda Petrobrás, os apoiadores do governo Bolsonaro, em menos de seus meses, se reduziam à metade e a renda do trabalhador (os que ainda estão trabalhando) desabava 20%.

E o que era vazado? 

O que todos sabiam: a Lava Jato foi montada pelo Departamento de Estado estadunidense para destruir a economia industrial brasileira e colocar os mais entreguistas no governo. 

E para isso atropelou a Constituição e as leis brasileiras.

Volto a citar o site Duplo Expresso, transcrevendo a doutora em sociologia Thais Moya: "#VazaJato: não existe hacker! Dallagnol (e Moro) são a fonte. 

Será? E isso importa? 

Em resumo:

1) Não tem hacker algum. 

2) Essa mentira é uma estratégia da Lava Jato (LJ) para tentar tirar o foco e “legitimidade” do conteúdo criminoso, porém, nada surpreendente, das mensagens vazadas, como o próprio Lula nos alertou em sua última entrevista à TVT.

 3) Foi, certamente, vazamento interno da própria LJ.

 4) Eu, desde segunda, acho que é o próprio Deltan Dallagnol. Há quem ache que foi Moro, ou os dois.

 5) Eles foram os primeiros a validar a autenticidade das conversas, no domingo (por twitter, vídeo e nota oficial), quando não questionaram o conteúdo mas o “modo criminoso” que as mesmas teriam sido obtidas.

 6) Ambos resistem em entregar seus celulares para Polícia Federal dar seguimento à investigação".

A razão primeira da Lava Jato

O neoliberalismo, a filosofia do sistema financeiro (a banca), fez muito mal aos Estados Unidos da América (EUA). Em menos de trinta anos fechou milhares de empresas e transferiu algumas centenas do território estadunidense para a Ásia e países latinos. A razão maior foi o lucro financeiro ter se tornado o principal elemento de avaliação empresarial

. Também os centros de pesquisas das indústrias foram desativados ou tiveram reduzidos seus orçamentos para aumentar a distribuição de dividendos aos acionistas.

 Assim, além do desemprego, os EUA foram ultrapassados em várias áreas tecnológicas, no petróleo pela Petrobrás e na aviação pela Embraer.

A gestão Bush-Cheney aumentou a falência econômica com as desastradas guerras no Iraque e no Afeganistão, produzindo ainda diversificados movimentos pelo mundo árabe, com mais despesas que acabaram desaguando na "crise de 2008-2010".

A China, maior credora e concorrente dos EUA,  tem a fraqueza de necessitar alimentar quase um terço da população terrestre. Dominar o agronegócio brasileiro é a maior arma contra a China. Agricultura é petróleo, nos fertilizantes, nas máquinas agrícolas e no transporte das colheitas.

O Brasil tem imensas áreas agricultáveis,clima, aquíferos e reservas de petróleo. A Lava Jato veio transferir a administração de tudo isso para os EUA.

O papel do Moro

A carreira política de Sergio Moro começa na Operação Banestado (1996/2002), quando ele protege interesses financeiros de poderosos ricos brasileiros, associados aos EUA, e os doleiros Dario Messer e Alberto Youssef, também envolvidos na Lava Jato. Sob pretexto de finanças terroristas (no Brasil?) passa a ser instruído e orientado, pelos EUA e pela banca, para transferir o Governo do Brasil para entreguistas e notórios agentes estadunidenses.

 Auxiliado pela mídia comercial hegemônica e pelo até então inédito uso político da mídia virtual, deflagra a campanha de ódio e acusações contra o presidente Lula e parte do Partido dos Trabalhadores. Em recente entrevista, Lula recorda:" Lula é citado, em quatro anos, mais de 100 horas no Jornal Nacional", sempre de modo desfavorável.

Como o ladrão que corre a frente da multidão gritando "pega ladrão", Moro e a "República de Curitiba" foram se enriquecendo com a Lava Jato. O que está saindo em The Intercept é parte desta ação de chantagens, prisões indevidas e ameaças que se tornaram rotina de uma Operação que tinha a cobertura dos EUA e pressionava todo judiciário brasileiro, inclusive o STF.

O que esperar

The Intercept tem limites para suas divulgações. Seus patrocinadores são o bilionário Pierre Omidyar (eBay) e muitos fundos financeiros que também querem a destruição do Estado Nacional Brasileiro (BlackRock, Vanguard, State Street, Wellington, para citar apenas acionistas do eBay).

Por outro lado, também sabem que haverá a defesa de Moro pelos que gozam das mordomias estatais no governo Bolsonaro e daqueles que são tradicionais entreguistas, por convicção ou por dinheiro, o que dá no mesmo.

Assim, estas denúncias que prometem ocupar as páginas das notícias por longo tempo, afastarão do debate nossos verdadeiros problemas como a contrarreforma da previdência, o que impedirá na prática a aposentadoria do trabalhador brasileiro, possibilitará a venda por centavos de toda Petrobrás, fará o crescente desemprego, o fechamento de empresas por falta de clientes e o desmonte do Brasil, reduzido a uma colônia dos capitais estrangeiros.

Moro no Senado

O ex-senador Roberto Requião, conhecido nacionalista, disse: "falta a Moro a indignação de quem realmente é injustamente caluniado, por que ele não processa (Glenn Greenwald)?"

A ida de Sergio Moro ao Senado foi uma plataforma para sua glorificação. 

O dueto travado com o filho senador Flavio Bolsonaro foi a verdadeira canção fúnebre do Brasil.

 E deu margem para a rendição da principal pauta popular: a luta pela previdência pública. 

A deputada Jandira Feghali (PCdoB), aceitando a novela de The Intercept, prometida para durar um ano, disse que a oposição não mais faria obstrução à contrarreforma que inviabilizará a aposentadoria dos trabalhadores, para não perturbar os capítulos que manterão Moro nas manchetes.

A Lava Jato, por outro lado, já deu o que dela se esperava: a prisão do Lula, o fim da engenharia e da construção naval e a demolição da Petrobrás.

 Agora, com grande probabilidade, auxiliada pelo The Intercept, fará surgir um novo movimento que entregará o que resta do Brasil para o controle dos capitais estrangeiros e para o uso geoestratégico do império estadunidense.