----- Mensagem encaminhada -------
De: Pedro Augusto Pinho <pedroaugustopinho@hotmail.comPara:
Assunto: CRIAR UM ESTADO NACIONAL SOBERANO E JUSTO. COLÔNIA, JAMAIS
Data: Dom 22/07/18 11:06
O tiro que atingiu Getúlio Vargas no Brasil, por Jota A. Botelho
Reunião do Presidente Balmaceda c/seus aliados.
Morte de Balmaceda e Getúlio Vargas.
1-Joaquim Nabuco - Um abismo chamado Repúblca (artigo sobre Balmaceda).
2-José Augusto Ribeiro, no Conversa Afiada.
3-John Thomas North - "O rei do salitre".
4-José Manuel Balmaceda - Biografia.
5-Balmaceda de Chile - Poema de Pablo Neruda
QUA, 21/03/2018 - 12:39
Reunião do Presidente Balmaceda c/seus aliados.
O tiro que atingiu Getúlio Vargas no Brasil
por Jota A. Botelho
José Manuel Balmaceda, presidente do Chile entre anos de 1886 e 1891, foi mais um político reformista latino-americano que ao assumir o governo contrariando os seculares interesses das classes dirigentes de ocupação e o centro hegemônico do poder na época se viu obrigado a ter que renunciar, exilar-se ou se matar.
Há que se destacar, conforme nos ensina a história das vitórias dos reformistas latino-americanos, que eles nunca podem ultrapassar o sinal vermelho que se mantém intocável e perene ao longo de nossa história em comum, tornando-se um decorrente do outro que são o fortalecimento do Estado Nacional, o exercício da Soberania Plena e o Desenvolvimento Econômico e Social voltado para o mercado interno. Ao fazerem isso, CAEM! São golpeados custe o que custar. São capazes de por abaixo uma nação inteira, rasgar a constituição e matar a todos que resistirem pelo caminho.
Podem ser liberais, conservadores, progressistas, conciliadores, trabalhistas, sindicalistas, socialistas, o diabo. Eles serão fatalmente derrubados. E Balmaceda, que era filho de uma conservadora família chilena, rico, embora um liberal progressista, ultrapassou o sinal vermelho e morreu na contramão. Salvo as diferenças históricas e posturas políticas e ideológicas, os mesmos destinos tiveram outros líderes reformistas deste paraíso perdido chamado América Latina como Perón, Vargas, Allende, Lula e tantos outros.
Sem uma classe contra hegemônica constituída e disposta ao confronto, NADA FEITO! Podem até tentar no vácuo de uma crise externa, de uma herança maldita ou de um conflito entre as oligarquias, mas que vão cair, ora se vão.
Getúlio Vargas conheceu a história de Balmaceda e o entendeu em seu labirinto, talvez já pensando que viesse a estar dentro de um também. Joaquim Nabuco chegou a escrever sobre José Manuel Balmaceda, mas com um olhar conservador característico de seu tempo, que inserimos aqui para o leitor (1), afinal Balmaceda ainda hoje é uma figura polêmica no Chile. No entanto, Vargas, o mais trágico de nossos reformistas, quiçá venha a ser Lula, entendeu tanto o líder chileno que contou sua história a seu filho Lutero Vargas (2). E soube então que seu destino também já estava traçado, quando essa mesma classe de ocupação, daqui como a de lá, transformou o seu segundo governo “num mar de lama” através da farsa, da calúnia e da injúria. Não haveria outra São Borja, como ocorrera em 1945 com a sua renúncia/derrubada, e ele sabia disso.
Imagine Vargas renunciando pela segunda vez, aonde ele iria parar? Certamente na república do Galeão, respondendo perguntas de um cabo, sargento ou tenente da aeronáutica sobre quantas reses de gado ele roubou; quantos ele mandou o Gregório Fortunato matar, o mesmo que fora acusado de ser o responsável pela morte do major Rubens Vaz na trama do atentado na rua Tonelero; ou, ainda, onde ele conseguiu aquela caneta de ouro que ficou com Tancredo Neves. E por vai. É o que o presidente Lula está passando hoje em dia. E Lula foi quase uma síntese dos dois governos Vargas num certo sentido, como veremos a seguir.
O primeiro Getúlio governou no momento em que os centros hegemônicos do poder estavam em guerra entre si, razão pela qual, e com muita sagacidade política, ele tirou proveito para a modernização do país, ao mesmo tempo em que procurava introduzir essa nova mentalidade na nossa classe dirigente de ocupação, que se encontrava meio que desamparada. Foi Roosevelt que veio aqui e não Vargas que foi lá. Ainda assim foi traído por ela quando o Brasil estava pronto para dar o seu salto enquanto o mundo se encontrava em ruínas. Mas o novo centro hegemônico do poder se recompôs e voltava a se estabelecer no continente, normalizando desta forma as velhas relações seculares de interesses. Fatal: teve que renunciar. Voltou então para governar com os trabalhadores e as classes populares – Trabalhadores do Brasil! Não deu outra: teve que se matar com um tiro no peito. O presidente Lula procurou governar para ambos ao mesmo tempo. Virou O CARA! “Esse é o cara que vamos derrubar” – não disse, mas certamente tramou. São as senhas de Washington: “Decifra-me ou te devoro”.
Então por que caíram? Estado Nacional forte, Soberania independente e Desenvolvimento Econômico e Social voltado para o mercado interno. Foram estas combinações que deram certos com eles, então porque haveria de aceitar que as fizéssemos aqui? Mais claro que isso, só um dia de verão a céu aberto.
Mas será que os reformistas nunca souberam disso? Não creio. O coronel Aureliano Buendia fez mais de cem revoluções e perdeu todas, nos escreve Garcia Márquez em Cem Anos de Solidão, enquanto que Santiago Zavalita se fodeu. Bem, este se fodeu porque foi Vargas Llosa quem escreveu, numa Conversa na Catedral.
Algo me diz que doravante no Brasil finda o ciclo dos reformistas em nossa história. Talvez. O que virá depois, não sei, não tenho bola de cristal. Sequer sei se uma bala perdida já está me esperando ao andar pelas ruas da cidade.
Morte de Balmaceda e Getúlio Vargas.
Balmaceda procurou modernizar o Chile no intuito de preparar o país para o novo século que se avizinhava. Para tanto, tentou convencer a sua classe dirigente de ocupação de que era preciso acabar com o monopólio privado da maior riqueza da nação e fortalecer o Estado Nacional: o salitre, também chamado de “o ouro branco” (3), entregues nas mãos de um empresário do império inglês e de seus sócios locais. Com o dinheiro arrecadado adotou uma gestão voltada para políticas públicas e sociais, construindo grandes obras como estradas de ferro, pontes, viadutos, escolas, iluminação e tantas outras. A partir daí foi traído por uma forte oposição do Congresso Nacional chileno que virou golpista, procurando inibir suas iniciativas desenvolvimentistas deixando de votar o orçamento público do ano de 1891. Com isso ele deu uma “pedalada fiscal” e acabou adotando o orçamento do ano anterior.
Na disputa pelos recursos da nação que deveriam voltar para os bolsos da plutocracia, e da impossibilidade de continuar um governo de coalização, sim lá já havia os chamados governos de coalizão nacional, estabeleceu-se então o conflito entre as oligarquias locais, que foi prontamente utilizado pelo império britânico para a derrubada do governo. Lógico, como não? Perdida as batalhas pelas forças governistas, basicamente parte do exércíto nacional contra as forças congressistas, estas apoiadas com armas e também pela armada inglesa, José Manuel Balmaceda se refugiou na Embaixada Argentina e, isolado, demonizado pelo ódio da oposição e ridicularizado pela imprensa, resolveu evitar que um banho de sangue atingisse ainda mais a população chilena e se matou com um tiro na cabeça, não sem antes deixar sua carta testamento (4/5).
Passados cerca de 63 anos, entre 1891-1954, o tumultuado devir heraclitiano de nuestra América chegou ao Brasil. O tiro que Balmaceda deu no Chile também atingiu Getúlio Vargas aqui.
Veja aqui o filme dramatizado sobre o período do governo de vida e morte de José Manuel Balmaceda e tirem suas próprias conclusões e/ou façam as suas próprias conexões históricas.
Referências:1-Joaquim Nabuco - Um abismo chamado Repúblca (artigo sobre Balmaceda).
2-José Augusto Ribeiro, no Conversa Afiada.
3-John Thomas North - "O rei do salitre".
4-José Manuel Balmaceda - Biografia.
5-Balmaceda de Chile - Poema de Pablo Neruda
No comments:
Post a Comment