Wednesday, February 28, 2018

PEDAGOGIA COLONIAL, LETRAMENTOS E NOSSAS MAZELAS EDUCACIONAIS


                                   “ 
  "Uma sociedade injusta é aquela na qual os direitos de muitos não são respeitados, para que os privilégios de poucos sejam garantidos e, como não poderia deixar de ser, essa sociedade injusta produziu a escola que lhe convinha: uma escola injusta”. (Maria Amélia Azevedo Goldberg, “Que escola é esta?”, in “Ritos de Passagem de nossa infância e adolescência”, antologia, Summus editorial, SP, 1985)"

Uma unanimidade, ao se discutirem problemas nacionais, é a inadequada ou inexistente educação. Temos educação? O que é educar?

Escrevendo as expressões “pedagogia colonial” ou “didática colonial” refiro-me quase sempre ao Brasil, às condições nacionais brasileiras, que são minha permanente e maior preocupação.

Mas a colonização das mentes pela “didática colonial”, obviamente em diferentes níveis, é universal; ela faz parte de um poder que se quer perpétuo. Por melhor avaliação que tenhamos, por exemplo, da instrução francesa ou alemã, suas pedagogias refletem os poderes que estão por trás dos governos destes países.

Estes e outros grandes problemas da educação jamais foram esquecidos pelos grandes pedagogos brasileiros, dentre os quais ressalto Paulo Freire.

Não é por acaso que os golpistas e seus apoiadores buscam, com suas falácias,  denegrir ou aviltar  a figura deste grande brasileiro. E, como é óbvio, sem jamais terem lido uma única linha de seus escritos, assistido a uma única palestra, participado de um só grupo de estudo  sobre as ideias de Freire. É a ignorância, aliada ao preconceito e ao cinismo, frutos desta pedagogia que há mais de 500 anos nos oprime.

O combativo e inteligente jornalista Miguel do Rosário, editor de O Cafezinho, escreveu a respeito de uma entrevista do ministro da educação: ”é um clássico da ignorância”. O que esperar das determinações deste político do DEM senão censura a cursos universitários, invasões, com ou sem mortes, aos centros de estudo superior?

É claro que a glorificação da ignorância, ao longo de toda nossa história, foi perseguida, com afinco, pelo poder e bem executada pelos governantes. É graças a ela que a estupidez e a truculência dos golpistas de 2016 se impõem. Vejamos o caso da presidenta do Supremo Tribunal Federal. Jamais se destacou pela profundidade da análise ou pelo conhecimento de temas indispensáveis à boa formação jurídica, como os de filosofia, sociologia e, nos governos da banca e na interferência desta na legislação nacional, da economia. Mas tendo que se expressar, por força do cargo e do apoio ao golpe, brinda-nos com lugares comuns e platitudes incompatíveis com as mínimas qualificações para função. E passa tudo como normal.

A pedagogia atual trata dos letramentos, ou seja, das cognições da escrita e maneiras de se chegar a ela. O letramento básico é aquele que permite ler e escrever em um “contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno. O estudante (além de decodificar letras e palavras) precisa aprender toda uma tecnologia muito complicada: como segurar o lápis, escrever de cima pra baixo e da esquerda para a direita; escrever numa linha horizontal, sem subir ou descer. São convenções que os adultos letrados acham óbvias, mas que são difíceis para as crianças. E no caso dos professores dos ciclos mais

avançados do ensino fundamental, é importante cuidar do letramento em cada área específica” (Magda Becker Soares, entrevista ao Diário na Escola, Diário do Grande ABC, 29 de agosto de 2003). Ele pode ser obtido pelos meios convencionais da cartilha ou pelos recursos contemporâneos da comunicação virtual, da informática.

Mas os letramentos são múltiplos, como trata o professor Felipe Bandoni, na revista “nova escola” (Ano 32 nº 309, fevereiro de 2018) ao discorrer sobre o  letramento científico: “a capacidade de compreender, interpretar e formular ideias científicas em uma variedade de contextos, inclusive os cotidianos”.

O mais ausente letramento na educação colonial é o letramento social. Este permitiria, por exemplo, identificar o interesse absolutamente estranho à proteção dos idosos e dos mais pobres que se esconde na proposta golpista da reforma da previdência social. Letramento social é saber ler além da simples expressão, escrita ou falada, para situá-la no universo sociopolítico. E é difícil, muito difícil.

As pessoas nem sabem o que é ser cidadão, o que seria a reivindicação mínima, primária, de todo ser humano. E o sabendo, mesmo muito eventualmente, não saberão, como se expressa o professor Bandoni, “formular ideias em uma variedade de contextos”.
E, assim, permanecemos, a despeito da cor da pele, escravos por toda vida e pelas gerações. Não se iludam os ocupantes eventuais e fugazes de funções executivas, eles também são e serão sempre escravos.

Mas o coxinha educacional, aquele que pensa que decorar tabuada e bajulações históricas aos detentores do poder constitui “educação”, continuará tentando ignorar Paulo Freire, invadindo universidades.

Ao escrever sobre a construção da cidadania, coloco a consciência como elemento indispensável, junto às condições de existência e a vocalização.

Consciência e não educação. Pois o que se pretende neste elemento integrante da cidadania é que a pessoa humana tenha todos os letramentos e nas formas que seja capaz de os processar. São óbvios o letramento básico, o letramento científico, o letramento cultural, artístico, esportivo, mas é indispensável o letramento social. Só ele permitirá a compreensão do ser cidadão e o habilitará às opções políticas. Sem este continuaremos escravos.

Outra importante referência na questão educacional brasileira é o grande antropólogo, o gênio Darcy Ribeiro. Como lembra, em magnífico artigo no Portal Pátria Latina, o professor José Ribamar Bessa Freire ( O Preto Velho, os Pretos Novos e o Voo de Tuiuti: Ninguém Esquece Um Elefante) foi Darcy Ribeiro quem defendeu o diálogo entre a “sabedoria popular” e o conhecimento da universidade.

Poderia e até gostaria de continuar tratando desta questão cidadã. Mas temos ainda, sob o manto abrangente da educação, tratar dos educadores, dos operadores da educação.

Narro, pelo local – um país africano carente de recursos como todos vizinhos – e pela avaliação – um círculo de governo –, um fato ocorrido comigo. Há trinta anos, trabalhei como consultor das Nações Unidas em projeto de planejamento e estruturação institucional na República de Ghana. A solução que propus para determinado problema organizacional fugia da ortodoxia. Foi então levado a longo debate, incluindo pessoas estranhas ao projeto. Após a aprovação fui parabenizado com a qualificação “professor”.

Em alguns poucos países europeus, constatei que “ser professor” era um elogio, uma distinção. Aqui diz “que quem sabe faz quem não sabe ensina”, num menoscabo cruel desta mais nobre e fundamental profissão: levar o conhecimento e a auto estima à população. Que é um país sem professores? E como ter os melhores professores?
Os países nórdicos, pela informação que disponho, encaminham para o magistério seus melhores e mais talentosos estudantes.

Pergunte a um executivo ou a um proprietário de qualquer empresa como ele consegue tão bons empregados, tão brilhantes gerentes. Ele, se não faltar com a verdade, lhe dirá: dou bons salários e segurança para trabalhar. É quanto basta.

Queremos ter bons professores, bons pesquisadores nas escolas, nas universidades? Comecemos pelos bons salários. Mas aí entra o confronto com os mesquinhos interesses desta classe que “faz a cabeça dos brasileiros”. Ou também pagam bons salários ou perderão os mais talentosos empregados para as escolas. Então é preciso estar aquém de um piso salarial ridículo e nem assim o respeitar.

O salário dos professores deveria constar, antes do pagamento da dívida aos bancos, como o primeiro dispêndio, dentro ou fora dos superavits fiscais.

E, como na segunda razão do executivo, dar segurança, garantir a autonomia da educação, da pesquisa e não buscar pretextos fúteis e ignóbeis para intervenção nas universidades e centros de pesquisa, como faz este corrupto governo, golpista e ditatorial. Com bons salários e segurança no trabalho, teremos bons e respeitados professores.

E agindo assim, o conceito social do professor despertará o interesse e o respeito do jovem, ao contrário do que assistimos, com vergonha e tristeza, acontecer em sala de aulas onde as professoras são agredidas e ofendidas.

Os golpistas, os asseclas dos partidos que lhes dão sustentação, os falsos pastores que estão mais distantes das palavras de Cristo do que nosso planeta de um buraco negro no universo, os ruralistas, os das bancadas da bala ou da bola, quando vieram falar de educação devem ser vaiados, escorraçados, como verdadeiros inimigos do povo e da nação brasileira.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado pedroaugustopinho@hotmail.com

A RECEITA DE UM PAÍS PARA POUCOS A SERVIÇO DE ESTRANGEIROS - Roberto Requião[1]


 
Os membros do Clube Militar, em nome dos mais santos princípios de humanidade, esperam que o Governo não consinta que os oficiais e as praças do Exército sejam desviados de sua nobre missão [para serem usados, como “capitães do mato” na captura de escravos foragidos que se escondem nos morros do Rio de Janeiro]”. [Além da desonra que esse papel implicaria ao Exército, não seria uma medida eficiente, porque] “em todos os tempos os meios violentos de perseguição não produzem nunca o efeito desejado”   
Carta do Clube Militar do Brasil à Princesa Isabel, em outubro de 1887

 
Roberto Requião[1]
 
Hoje, quero falar de um país para poucos.
 
Quero percorrer as sendas, os atalhos, os desvios, os mata-burros e as pinguelas que, obrigatoriamente, deve-se tomar para a construção de um país para poucos.
 
Hoje, quero falar de um país que se aprumou e, como o homo erectus, ensaiou passos com a cabeça erguida, orgulhoso de sua nova postura, mas que, logo depois, regressou à mediocridade do país do possível, o país liliputiano de Fernando Henrique.
 
Hoje, quero falar de um país que, em um instante de três anos, recuou às últimas décadas do século 19 e primeiras do século 20, retirando da Constituição, das Leis, do Orçamento e das obrigações do Estado mais de 90 por cento dos brasileiros.
 
Quero falar de um país que em um piscar de olhos transmuda-se de protagonista a figurante sem importância ou talento na cena internacional; um país que renuncia a soberania sobre o petróleo, a energia, os minerais, as terras, a água, indústrias, tecnologia, o espaço aéreo e aceita o papel de maior produtor planetário de couve e cenouras.
 
Hoje, quero falar da elite suicida, que ao mesmo tempo em que acirra a luta de classes, apertando ao máximo os torniquetes da exploração do trabalho, é ela própria expropriada e espoliada pelo capital especulativo global e vê, a cada dia que passa, sua importância política, econômica e social reduzida ao papel de fantoche no teatro dos acontecimentos nacionais e internacionais.
 
Mas, como é que se faz um país para poucos?

Não se trata de uma receita muito sofisticada.
 
Basta fazer uma gororoba, misturando as sobras do fim da feira do sistema neoliberal.
 
Basta fazer uma xepa com aqueles produtos já em processo de deterioração, que ninguém mais compra e o mundo rejeita.
 
Basta reunir o besteirol apregoado pela Globonews, CBN, Bom Dia Brasil, pelo Otavinho, pelos Mesquita, pelos Civita e pelos Sirotsky, com as inestimáveis contribuições do Kim Kataguiri, do Alexandre Frota, do Luciano Huck, do Ratinho e do Danilo Gentili e do guru desses todos, o Armínio Fraga, que temos a exata receita do grude para fazer do Brasil um país para poucos.
 
Se já éramos donos de algumas marcas notáveis, como a disputa com a Botsuana pelo troféu do país com a pior distribuição de renda do planeta, et pour cause, da maior concentração de rendas do mundo; se já éramos o campeão da desigualdade planetária, onde apenas cinco pessoas – cinco, os dedos de uma mão: um, dois, três, quatro, cinco - concentravam a mesma riqueza que a metade da população mais pobre...... cinco contra cem milhões; se tínhamos, anualmente, mais brasileiros mortos de forma violenta que, por exemplo, as vítimas dos tantos conflitos que incendeiam o Oriente Médio, englobando aí Síria, Israel, Palestina, Turquia, Iêmen, Iraque e Afeganistão; se mais de 90 por cento desses 60 mil brasileiros anualmente abatidos são compostos por negros, mulatos e pobres; se o governo federal e os governos estaduais haviam perdido a batalha contra o crime organizado e, em consequência, o controle dos presídios, das favelas, de periferia pobre das grandes, médias e pequenas cidades brasileiras.
 
Nada era tão ruim que não pudesse piorar.

E piorou.
 
Degenerou com a incrível e nunca suficientemente amaldiçoada PEC dos Gastos.
 
Confesso que até hoje quedo-me estupefato com a aprovação no Congresso dessa suprema sandice que é a emenda constitucional que congelou por 20 anos os gastos públicos.
 
Busquei na literatura das crises econômicas mundiais decisões semelhantes e só encontrei paralelo com iniciativas de débeis governantes terceiro-mundistas que as colocaram em prática sob pressão de credores, dos rentistas, dos agiotas e dos discípulos da mais tacanha doutrina econômica formulada pelo homem, desde que o antecedente do homo sapiens desceu da árvore.
 
Em contrapartida, vejo o presidente dos Estados Unidos anunciar o investimento deficitário de um trilhão e 500 bilhões de dólares em infraestrutura, para alavancar a geração de empregos e reativar os negócios.
 
O Congresso de lá aprova investimento deficitário de um trilhão e 500 bilhões de dólares em infraestrutura.
 
O Congresso daqui congela os gastos por 20 anos. Lá, pouco se importam com o déficit público, aqui transformaram o déficit público em uma questão ideológica.
 
É assim que se faz um país para poucos.
 
O pior disso tudo, o kafkiano, o absurdo é que, diariamente, senadores e deputados que votaram a PEC do congelamento de gastos por 20 anos ocupam a tribuna e desfilam uma lista gigantesca de pedidos de recursos, para isso e àquilo.
 
Será que não sabem no que votaram? Ou sabem perfeitamente e apenas jogam para a plateia, para ludibriar os seus eleitores?
 
Adota-se uma política econômica recessiva, antinacional e antipopular, que privilegia o pagamento dos juros da dívida, e choramingam dinheiro para os municípios, lamentam o desemprego, deploram a violência, a qualidade do atendimento à saúde e à educação pública, o encolhimento do programa habitacional, as condições das rodovias e mais.
 
Vejam o caso da intervenção no Rio de Janeiro.
 
Com a aprovação da maioria de deputados e senadores, o governo cortou até talo as verbas para a segurança. Apenas cinco dias antes da midiática e errática ideia da intervenção, Temer e Meireles podaram 240 milhões da segurança.
 
Na sexta de carnaval, dia 9, passam o facão em 240 milhões de reais da segurança pública, e, no dia 14, na quarta de cinzas anunciam a intervenção, para garantir a segurança dos cariocas!!!
 
Será que a nossa capacidade de raciocinar, de somar dois e dois foi enublada por alguma magia ou algum feitiço a tal ponto que o país não vê essa farsa?
 
Faz-se um país para poucos destruindo as Leis Sociais e o Estado Social, flexibilizando (para usar um eufemismo bem sem-vergonha) a jornada de trabalho, o descanso e as férias remuneradas, o 13° salário, o FGTS, o contrato assinado; flexibilizando (para usar um eufemismo bem safado) as regras para o trabalho de lactantes e grávidas em ambientes insalubres.
 
Abro outro parêntese para confessar de novo o meu espanto, para deixar o meu queixo cair, mais uma vez: o que leva um ser humano a botar na lei e a defender o trabalho de mulheres que amamentam ou de gestantes em ambientes prejudiciais à saúde delas e das crianças?
 
Bom..... acabo por reconhecer a ingenuidade de minha pergunta, afinal se até flexibilizaram - de novo o eufemismo cafajeste - as regras contra o trabalho escravo, que mais esperar?
 
Faz-se um país para poucos destruindo a sua burguesia nacional, a indústria nacional, a tecnologia nacional, o desenvolvimento nacional, a autoestima nacional.
 
Mas, a nossa burguesia nacional que vestiu a camisa da CBF e foi às ruas abraçada ao pato da Fiesp; que aplaudiu com entusiasmo a reforma trabalhista; que invadiu Brasília para “convencer” parlamentares a votar a reforma da Previdência; que apoia essa estupidez absoluta que é o plano de privatizações de Temer, Meireles e Moreira que abarca desde a venda da Eletrobrás à autonomia do Banco Central, essas elites não percebem que o pau que dá em Chico, dá em Francisco; que o cipó que a compraz, quando vergasta o lombo do trabalhador, também açoita as suas ilustres ilhargas, quando a luta de classes global a atinge, contrapondo os seus interesses aos interesses imperiais.
 
E temos aí a liquidação do setor brasileiro de petróleo e gás; a extinção da cláusula de conteúdo nacional para a aquisição de implementos para esse setor; a destruição de todo o complexo nacional de engenharia de obras; a desnacionalização do setor aeronáutico, com a absorção da Embraer pelo Boeing.
 
Da mesma forma que na área do pré-sal não serão as empresas brasileiras que fornecerão para a Shell, a Exxon, a Total, a British, é de se acreditar que a nova dona da Embraer terá seus próprios fornecedores. Estrangeiros, é claro; temos aí, como nunca em nossa história, a desnacionalização dos setores industrial, agropecuário, comercial, educacional, de serviços.
 
Mas, com tudo isso acontecendo, a nossa burguesia nacional – as elites - não refreia o impulso do salto para o suicídio.
 
Ela excita-se com qualquer iniciativa que retire direitos dos trabalhadores, mas recolhe-se diante desse processo massacrante de desnacionalização da economia, de alienação da soberania nacional, de apequenamento de seu espaço e importância.
 
Um país para poucos se faz com o domínio absoluto do capital financeiro sobre todos os setores de atividades e a destruição das empresas e do empresariado nacional, da tecnologia nacional.
 
Um país para poucos se faz com a destruição da Previdência Social, eufemisticamente chamada de “reforma”.
 
Faz-se com a restrição à aposentadoria dos trabalhadores e das classes médias. Faz-se - supremo objetivo do mercado - com a privatização da Previdência.
 
A destruição do Estado Social, da República Social, intentada nos últimos anos, não se completaria sem a aniquilação da Previdência.
 
Um país para poucos faz-se também com a transformação das Forças Armadas em polícia interna.
 
Faz-se com a desmoralização das Forças Armadas, incumbindo-a da tarefa de “capitão do mato” a perseguir pobres e negros nos morros do Rio de Janeiro, enquanto a criminalidade, o tráfico e o consumo de drogas correm soltos nos bairros da classe média na Zona Sul.
 
Vejam a que ponto chega a hipocrisia da mídia e dos governantes: enquanto as Forças Armadas recebiam o mandato de “capitães do mato” nas favelas cariocas, o PCC, em ações espetaculares e à vista de todos dava demonstração de poder e de impunidade, ajustando contas para manter a unidade de comando do maior agrupamento do crime organizado no Brasil e no continente.
 
Reprimir o tráfico de drogas e de armas sem combater o PCC? Afrontar o crime organizado sem retomar o comando estatal do sistema penitenciário?
 
Com a cartelização do tráfico de drogas e armas e com a internacionalização das suas operações, PCC é hoje, como já se disse, a nossa mais poderosa multinacional.
 
O sucateamento das Forças Armadas, sonegando a elas os meios para bem guardar as nossas fronteiras, dá-se passe livre para a expansão do crime organizado. Mas, ao invés de prover as Forças Armada para bom desempenho de suas tarefas, gastam-se 600 milhões reais na operação na favela da Maré, sem qualquer resultado.
 
Em outubro de 1887, o Clube Militar, talvez o mais influente fórum de debates de nossas Forças Armadas, mandou uma petição à Princesa Isabel, então regente do Império, solicitando que o Exército não fosse usado com o “capitão do mato” para a captura de escravos foragidos que se escondiam nos morros do Rio de Janeiro, atemorizando a cidade.
 
Dizia a petição: “Os membros do Clube Militar, em nome dos mais santos princípios de humanidade, esperam que o Governo Imperial não consinta que os oficias e as praças do Exército sejam desviados de sua nobre missão”.
 
Além da desonra que o papel implicava, ponderavam que “em todos os tempos os meios violentos de perseguição não produzem nunca o efeito desejado”.
 
Cento e trinta anos depois, com o fracasso da operação na Maré, eis aí a comprovação do que diziam os militares à Princesa Isabel: “Em todos os tempos os meios violentos de perseguição não produzem os efeitos desejados”.
 
Um país para poucos se faz também com o monopólio dos meios de comunicação, com a manipulação e domínio da opinião pública.
 
O presidente Temer disse que decidiu intervir militarmente no Rio de Janeiro depois de ver, pela TV Globo, os arrastões na praia de Ipanema, no Carnaval. Realmente, as Organizações Globo, com a prestimosa colaboração dos parceiros que açambarcam o jornalismo pátrio, deram aos arrastões uma dimensão apocalíptica.
 
Daí o raciocínio primário e preconceituoso da mídia e das autoridades: arrastão é coisa de pobre, de favelado. Vamos então tomar as favelas do Rio.
 
Operações contra o crime organizado que domina o tráfico nos bairros chiques da Zona Sul?
Operações contra os bicheiros que dominam o carnaval da Globo e o crime organizado nos subúrbios cariocas?
Operações contra o crime organizado que domina os presídios brasileiros e o tráfico nacional e internacional de drogas e armas?
Operações contra o crime organizado que repete em grande estilo, sem inibição ou castigo o massacre de São Valentim, fazendo de Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo Chicagos quaisquer?
 
Não, isso não.
Isso não vem ao caso, como diria certo juiz federal.
 
Faz-se um país para poucos vendendo fantasias, mentiras e notícias falsas para a opinião pública.
 
Faz-se um país para poucos escondendo a verdade, distorcendo a verdade, contando meias verdades como faz a mídia comercial e monopolista.
 
Faz-se um país para poucos dizendo que o país está crescendo, que o desemprego diminui, que as atividades industriais crescem, que as reformas da CLT e da Previdência vão salvar o Brasil do buraco, que as privatizações vão destravar o crescimento.
 
Faz-se um país para poucos quando a imprensa comercial monopolista vende a ideia de que o Ministério Público, o Judiciário e a “Polícia Federal a Lei é Para Todos” não precisam de provas para condenar quem quer que seja.
 
Em todo o mundo ocidental adotaram-se medidas para garantir a democratização da informação, de tal forma a impedir que alguns poucos veículos, vinculados e a serviço de grandes grupos econômicos e políticos dominassem e manipulassem a opinião pública.
 
Em todo o mundo ocidental. Menos no Brasil.
Essas são algumas receitas para se fazer um país para poucos. Como não há mal que sempre dure, essa xepa, essa gororoba será vomitada pelos brasileiros.
 
[1] Roberto Requião é senador da República no segundo mandato. Foi governador do Paraná por três mandatos, prefeito de Curitiba, secretário de estado, deputado estadual, oficial do exército brasileiro, professor universitário, industrial, agricultor e advogado. É graduado em direito e jornalismo com pós-graduação em urbanismo e comunicação. 


Monday, February 19, 2018

INTERVENÇÃO NO RIO DE JANEIRO - 2018

Aos Colegas e Amigos,

                         comandante_general_villas_boas_foto_marcelo_camargo_abr_0.jpg
https://jornalggn.com.br/noticia/%E2%80%9Cnao-gostamos-desse-tipo-de-emprego%E2%80%9D-disse-villas-boas-sobre-exercito-na-seguranca-publica#.Woo8Umt7ifM.facebook

    Não sei realmente qual é a sua posição, Sr. Comandante do EB, de perder o comando para um subalterno, que vai responder diretamente à um Presidente Golpista, para erradamente cometer arbitrariesdades e pensar que não vaihaver destruição moral do Exército Brasileiro e que sua imagem pode ficar desgastadas no ambito Nacional e Internacional; porque realmente nada vai resolver com violência. 

Um General ficar subordinado à um homem de formação amoral por saber comprar e vender suas descisões no Congresso - pois ele pensa estar em uma Feira Livre, para fazer frente a uma situação tão delicada, que não vai dar certo. Ele é sirio/libanes de formação educacional familiar. Analise este meu artigo enviado ao Presidente dos U.S, como um alerta a Imigração muçulmana mostrando como eles agem - http://palacazgrandesartigos.blogspot.com.br/.../ii-usa... e aproveito para mostrar que violência gera mais violência e depois que o conflito iniciar é mais difícil parar. 

Por outras rasões vide a criminalidade provocada por jovens no U.S. e eles não apelaram para o Exército Americano tomar conta da cidade e da escola onde ocorreu tamanho desastre social - http://palacazgrandesartigos.blogspot.com.br/.../acknowle... e seus links e Comments. 

A solução de combate ´`a drogas  está neste outro artigo sobre os Vícios, porque os grandes e poderosos estão fora das comunidades.
http://www.doutrinadahumanidade.com/.../guerra_comercio... bem como na opinião do Senador Americano Bernie Sanders
MAS JAMAIS LEGALIZA-SE COM GANHO DE IMPOSTO. 

Porem, se este quadro que nos apresentam for uma armadilha-camuflada para aplicar mais um golpe político, para que não ocorra uma eleição livre e democrática em 2018, comandadas pelo sr. Temer, https://youtu.be/w6qGrCJkqjA o EB deve se lembrar em tornar-se um Exército Cidadão. E participar no apoio de um grupo de patriotas para dar um basta no judiciário, no executivo e no legislativo, participando somente para manter a disciplina e o progresso da Nação, da seguinte forma:

          Introduzirmos um novo regime político: o societocrático republicano.


NOTA : VISÃO MILITAR CORRETA DO COMBATE  AO CRIME GENERALIZADO 


SAÚDE, COM RESPEITO E FRATERNIDADE


          P. A. LACAZ  
        PRESIDENTE
SCCBESME HUMANIDADE

Tuesday, February 13, 2018

BILL GATES - Theatre Folk


Dear Colleagues,

Mr. Bill Gates and Mrs. Melinda Gates

Subject: THE 10 TOUGHEST QUESTIONS WE GET

Please,

If you pay for a consultancy, I will be happy to give you a New Idea, other than to provide money, as alms, that is, benevolence that only solves the problem for a few days, months or a few years. I suggest you contact https://www.theatrefolk.com/  , and ask them,

“IS IT POSSIBLE TO CHANGE THE WORLD?”

AND I HAVE SAID

YES!  BY

THE CHILDREN'S FEELINGS EDUCATION, THROUGH MOTHER AND FROM RELIGIONS SUPPORTS, INDICATING THE RIGHT WAY, TO SUBORDINATE THE EGOISM UNDER ALTRUISM - THIS IS, SUBORDINATE THE PERSONALITY UNDER SOCIABILITY. 


I WISH THEM,

HEALTH, RESPECT, AND FRATERNITY

PAULO AUGUSTO LACAZ
           President
SCCBESME HUMANIDADE


Sunday, February 11, 2018

INDEPENDÊNCIA SE CONQUISTA COM LUTA


Mensagem encaminhada -------
De: Pedro Augusto Pinho <pedroaugustopinho@hotmail.com>
Para: 
Assunto: INDEPENDÊNCIA SE CONQUISTA COM LUTA
Data: 11/02/2018 13h07min07s UTC

 
                     Em janeiro de 1987, quando o sistema financeiro – a banca – desferia seus últimos ataques para conquistar o poder mundial, Franz-Joseph Strauss, líder da direita alemã, afirmava: “sem uma identidade nacional, na qual reencontramos nossa origem e encontramos nosso futuro, o povo alemão não cumprirá seu papel no mundo”.

Convido meu prezado leitor a abandonar suas revistas da Marvel, desligar o Netflix e, ao invés de idealizar um salvador, mergulhar em nossa história, entender a fraude que sempre nos impingiram e iniciar a construção – admito que pense prosseguir a construção – de um país soberano e cidadão.

Façamos um brevíssimo retrospecto.

O filósofo Johann Gottlieb Fichte proferiu, entre 1807 e 1808, uma série de 14 conferências que se consolidariam no seu “Discursos à Nação Alemã”.

Recordemos que o Império Alemão ainda não existia e a Prússia, a mais poderosa das unidades que o constituiriam, estava ocupada por tropas do país que, poucos anos antes, fizera uma revolução pela “liberdade, igualdade e fraternidade”.

Fichte afirmava que se vivia uma época de “puro egoísmo material”, que destruía a própria existência e se perdia a autonomia cidadã. E pior, se subjugava a “objetivos de potência estrangeira numa lógica distinta da nacional” (alemã).

Quanta semelhança, passados mais de dois séculos, com o Brasil de hoje!

Com estranha frequência e pouco discernimento, vejo loas ao Império Brasileiro, como época de paz, progresso e honestidade.

Para não polemizar, no que considero irrelevante, peço que o amigo leitor lembre que o Império foi o atroz período da escravidão racial, do domínio econômico da Inglaterra e que não se pode chamar honestidade quando uma família usa o país como um bem privado.

Penso que os movimentos dos anos 1920, denominados tenentistas, que desembocaram na Revolução de Trinta, foram o primeiro instante de nossa história que, como na Alemanha buscada por Fichte, pensou-se no Brasil independente.

Mas os séculos de submissão colonial – Portugal e Inglaterra – haviam deixado marcas indesejáveis. Ruralistas e rentistas constituíram um sistema de poder no Brasil, com instituições e a formação de uma casta de centuriões, pretorianos para defendê-los. Estes defensores foram a princípio empregados diretos dos senhores da Casa Grande, depois passaram a ser ônus do Estado: soldados, policiais e magistrados.

O gênio de Darcy Ribeiro descreveu esta elite do poder nacional como cruel e sagaz, “não há país construído mais racionalmente pela elite que o nosso” (Sobre o óbvio).

Desenvolveu-se assim uma didática colonial – vem pelos séculos deseducando o povo para a cidadania e reforçando sua ideia de submissão escravista – e a íntima vinculação com os interesses estrangeiros, que lhes fornecem, pela economia exportadora, os recursos para sua manutenção.

Um cinismo enorme desta elite é o discurso de cobrança da educação. Veja que um governo, verdadeiramente exemplar para estes interesses contra o povo, o do professor Fernando Henrique Cardoso, em oito anos de mandato não construiu uma única faculdade, uma só escola técnica, nem aumentou, em termos reais, o dispêndio com a educação, exceto nos anos 1998/1999 (José Lúcio Alves Silveira, “Os gastos do governo federal em educação no período 1995/2010 e o desafio atual para o país”, V Jornada Internacional de Políticas Públicas, 2011).

Retomemos da vitória tenentista. A capacidade da classe que chamarei “elite casa grande” de transformar derrota em vitória ficou evidente no período Vargas de 1930 a 1945. Se fora derrotada a dominação inglesa, tratou de trazer um novo discurso e aderir ao novo império que crescia: os Estados Unidos da América (EUA).

O discurso foi a “luta ideológica” contra o comunismo. Também era a fala oficial dos EUA para calar e dominar as aspirações populares e o crescimento sindical. Para isso, lá como aqui, o poder governante criou um sindicato dominado por máfias e pelegos. Era e é fundamental excluir o povo do debate e da participação no poder. Poderia, em outras palavras, afirmar: tirar 90% da população de qualquer interferência nos destinos do País.

Em todo mundo, exceto aqui, duas forças se empenhavam no desenvolvimento industrial tardio: o socialismo, no modelo revolucionário soviético, e o capitalista industrial. Mas no Brasil é emblemática a frase de Eugênio Gudin para Edmundo Macedo Soares, a respeito da criação da Companhia Siderúrgica Nacional: siderurgia é para brancos, não é coisa para nós.

É instrutivo verificar que os governos militares, entre Costa e Silva e Ernesto Geisel, formularam o mesmo ideário desenvolvimentista dos tenentes de 1930, conduzido pelo Estado – dirigismo econômico – motivado pela segurança nacional e garantindo o emprego.
Mas como Darcy Ribeiro, na excelsa aula contida em “O Processo Civilizatório”, deixa explícito, “as nações subdesenvolvidas não são apenas atrasadas, são também as nações espoliadas da história, empobrecidas pelo saque que sofreram originalmente das suas riquezas entesouradas e, pela sucção secular, dos produtos do trabalho de seus povos, através de sistemas inigualitários de intercâmbio. Soma-se a tudo isto a deformação de sua classe dirigente que, posta a serviço da espoliação estrangeira, não se torna capaz de amadurecer como um empresário renovador e competitivo” (1968).

Caberia perguntar: em que erramos?

Muitos historiadores ressaltam que a disputa pelo poder no Brasil sempre terminou pelo acordo da “elite casa grande”. E as revoluções foram cruelmente exterminadas e para isso os governantes contaram sempre com o apoio e financiamento estrangeiro.

Vemos agora mesmo o caso da Lava Jato que teve origem e condução dos EUA, já amplamente registrado e divulgado, para evitar um simples desvio no rumo do empoderamento da banca, no Brasil.

Em nossa história não são poucas as interferências estrangeiras para que o povo não constituísse um sistema de instituições que o defendesse e efetivamente o representasse. Seria fastidioso enumerar a revoltas desde a colônia, as inúmeras durante o Império e as Repúblicas.

Já não temos dúvida que a mudança é necessária. E novos modelos de organização do Estado precisam ser construídos. O caminho a ser trilhado é para soberania e para cidadania.

Para isso temos que desenvolver novas instituições, novas formas de representação, novos modelos de governança, diferentes de tudo que foi feito até hoje, com intensa e profunda participação do povo.

Não devemos temer o que o povo decidir. Ao contrário, todas as guerras, toda miséria, toda fome, todos os males da civilização partiram das definições e decisões das elites, e em nosso caso particular da “elite casa grande”.

Foi a “elite casa grande” que manteve por mais tempo a escravidão legal e, ainda hoje, mantém a escravidão real, de fato. Lutemos para que os 90%, excluídos de tudo que se constituiu no Brasil, tenham agora voz ativa e participação efetiva. Comecemos com uma constituição debatida nacionalmente, nos partidos, nos clubes, nos sindicatos, nas associações, nas ruas, por toda parte. Ela definirá a verdadeira representação do povo brasileiro. As instituições que repudiarão os golpes e nos defenderão deles. As estruturas de poder que não serão os centuriões, as guardas pretorianas, os sistemas judiciais, pagos por nós, para nos ameaçar, nos prender, nos eliminar.

Vamos criar o Brasil de todos.

Como Fichte, em seu primeiro discurso: “eu considero que tal mundo exista” e, parodiando o filósofo alemão, acrescento que só o povo “indicará os meios que o fará nascer”.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado