O assassinato do Lula
por Pedro Augusto
Pinho
Talvez
o prezado leitor imagine que adotei a ficção, ao invés das reflexões sobre a
realidade nacional, como maneira de prosseguir escrevendo. Faria sentido se não
estivéssemos mergulhados numa feroz ditadura: do capital financeiro
internacional, da banca, como o designo.
Pediria sua tolerância para percorrermos curta jornada.
A
primeira eleição do Lula deu-se neste novo período colonial, onde não mais os
Estados Nacionais e o capitalismo industrial buscam impor suas vontades e
interesses. A banca só tem dois objetivos, como os sabem todos:
1 –
apropriar-se de todos os ganhos de todas as atividades econômicas, ou seja, não
há sentido em falar de lucro industrial, lucro da logística, lucro dos
serviços, tudo se resume em um único ganho: lucro do capital financeiro. Seja
pelo controle indireto das atividades – já demonstrei algumas vezes que os
acionistas das grandes empresas são fundos ou gestores de fundos financeiros,
cuja origem está, quase integralmente, em paraísos fiscais – seja pelas dívidas
privadas ou públicas, administradas pela banca.
2 –
promover a permanente e intensa concentração de renda. Trata-se de um objetivo
suicida, mas que se pode observar quer na quantidade de empresas de qualquer
setor, quer nos ganhos de uma minoria, cada vez menos numerosa e mais rica, de instituições
e famílias.
Lula
procurou em documento –carta compromisso aos brasileiros – garantir que não
tocaria nos privilégios. E, efetivamente, o cumpriu. Tudo que fez, nos oito
anos de governo, foi distribuir, de modo menos cruel e desigual, os recursos
nacionais. Repito: ninguém deixou de ganhar, os que jamais receberam qualquer
coisa passaram a ter, como brasileiros e seres humanos, alguma assistência do
Estado.
Foi o
suficiente para que este poder internacional – como já experimentara em
Honduras, sedimentara no Paraguai, testara na Argentina, para se assegurar na
França, o golpe midiático-eleitoral e, agora, amplia "urbe et orbi"
no Equador, na África do Sul, na Coreia do Sul – corrompesse a
"justiça" para seus propósitos.
A
prisão do Lula começou com a farsa do Mensalão. A diferença deste para os
Mensalões Tucanos e Demistas foi a inexistência da apropriação de recursos
públicos e a velocidade com que se deu o julgamento. A comunicação de massa
audiovisual, como é óbvio e vai acontecer durante todo Governo Lula e
Dilma, irá criar/inventar fatos, forjar depoimentos e provas, ou
simplesmente caluniar, difamar, mentir em nome da "liberdade de
imprensa", apenas prejudicando e acusando os petistas e Lula.
Conclui-se,
assim, com a condenação de Lula pelo agente Moro, seguido por todos os
aparelhados pelo Departamento de Estado daquela "nação amiga, defensora da
democracia e das liberdades", uma passo que poderia ser definitivo.
Mas
ocorre o inverso, um povo pouco dado a movimentos de rebeldia, começa a se
manifestar de forma surpreendente: milhares de cartas são enviadas ao
Presidente preso. Lula continua a ser o mais popular e querido político
brasileiro, só tendo similar Getúlio Vargas, igualmente vilipendiado pelas
forças da geopolítica estadunidense, herdada pela banca, e assassinado pela
mídia.
Tem-se
que ir para medida extrema, que, diga-se de passagem, é o cotidiano dos
golpistas nacionais e estrangeiros: o assassinato.
Enorme
seria este artigo se, apenas do Brasil, elencasse os assassinatos políticos,
nas ditaduras e nas "democracias".
Vamos
verificar as concretas fases para o assassinato de Lula. Primeiramente a mídia
passa a divulgar, na forma ardilosa dos boatos e dos "acho que", para
o que as redes virtuais se prestam magnificamente, que Lula está deprimido, que
Lula teve uma diarreia, que Lula está sem sono e muitas outras fantasias que o
repertório de golpista é fértil.
Impede-se,
como já o faz o agente Moro, que ele seja visitado. Espaçam-se as permissões e
encurtam-se os tempos de visita. Alega que não saiu para o banho de sol porque
não se sentiu bem ou que não quis, como se o querer do Lula valesse alguma
coisa para seus algozes.
Finalmente,
preparando a clima, a rede Globo, em articulação com emissoras de rádio e
televisão, transmitem durante horas e horas, jogos e comentários sobre a Copa
do Mundo de futebol, na Rússia.
O
Brasil inteiro passa a viver a Copa. Como o interesse da banca extrapola as
fronteiras nacionais e sendo o Brasil um país chave para as revoluções da
informática e da energia, que transformarão a vida ainda neste século, posso
perfeitamente supor que os jogos sejam "orientados" para a
sensacional final do Brasil com quem quer que seja. Dinheiro para isso a banca
tem de sobra.
E
pronto. A nação do samba e do futebol, entorpecida, nem saberá do assassinato
do Lula. E quando souber, já tarde, só poderá chorar, para o que será
conduzida, entusiasmada ou sonolenta, pelas mídias comerciais e com as palavras
bonitas que os assassinos de Marielle Franco a agrediram após a morte nas
transmissões da Globo, Band et caterva.
Mantenhamo-nos
acordados. Não é um título de futebol que nos dará o futuro soberano, cidadão,
digno e justo.
Pedro Augusto Pinho, avô,
administrador aposentado
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