Tuesday, December 12, 2017

ARTIGOS PARA SEREM LIDOS e REFLETIDOS


1.    GRAMSCI:  A   ESTRATÉGIA ATUAL DAS ESQUERDAS - SERÁ!
2.    COMTE E MARX
3.   A DEMOCRACIA E A SOCIETOCRACIA - A SAÍDA É PELA  SOCIETOCRACIA, QUE PODE SER UTÓPICA, MAS JAMAIS QUIMÉRICA.
4. SOLICITAÇÃO DOS PROLETÁRIOS PROGRESSISTAS AOS CONSERVADORES PATRONAIS DA ORDEM. –
5. A INCORPORAÇÃO DO PROLETARIADO À SOCIEDADE MODERNA.


=================================

1.    GRAMSCI:  A ESTRATÉGIA ATUAL DAS ESQUERDAS - SERÁ!
Gen  R/1 Fábrega - autor

PARTE I

     “A crise do ‘Socialismo Real’ compromete uma específica interpretação de Marx, mas não o patrimônio categorial do marxismo, expresso nos textos clássicos... . O que se esfacela com esta crise é o marxismo-lenismo, utilizado como pseudônimo do stalinismo, que empobreceu o aporte teórico de Marx e a própria leitura de Lenine... . A esperança revolucionária não se esgotou somente porque o comunismo entrou em colapso no leste europeu.”

     Estas são palavras de um conhecido intelectual marxista, o Sr Nelson C. Coutinho, e servem para nos alertar sobre precipitadas afirmações, comumente difundidas, tais como: o comunismo acabou, a era das ideologias está finda, a proposta marxista está superada e o mito da revolução já não empolga as massas. 

Será verdade? Não é demais lembrar que as ideologias entram em crise, mas não desaparecem facilmente - mesmo porque, como ensina Daniel Bel, “o fim da ideologia não deve representar o fim da utopia”.

     A queda do muro de Berlim encerra apenas um ciclo da história, mas não representa evidentemente o seu final. É um grande equívoco acreditar que o comunismo morreu somente para a “praxis” marxista-lenista, na ex-URSS, redundou num contundente fracasso. Mas o que é inegável, em verdade, é que o comunismo ingressa no século XXI com o seu prestígio abalado e com a sua proposta transformadora sob questionamento.

 Porém o mais surpreendente é que, paradoxalmente, isso tudo, muito pouco afetou a situação das esquerdas no Brasil. A muitos intriga e surpreendem, em primeiro lugar, a rápida e eficiente recuperação do espectro comunista, após a derrota acachapante que as forças democráticas da nação lhe impuseram, nas décadas de 1960/70. 

Em segundo lugar, a situação inusitada, em termos de participação, representação e influência política, alcançada, hoje pelas correntes de esquerda no Brasil, em contraste com o desprestígio vivido pela proposta comunista, em nível internacional. Certamente, em nenhum outro período, desde a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1922, o segmento comuno-tupiniquim desfrutou de tão consistente e privilegiada situação, no espaço sócio-político brasileiro, como atualmente.  Isto tudo, porém, não aconteceu por acaso.

Para este quadro paradoxal, muito contribuiu um fato importante, que por muito tempo escapou da nossa observação. É que após a contundente derrota na luta armada, portanto, cerca de 15 anos antes da queda do Muro de Berlim, as esquerdas brasileiras iniciaram a catarse do lenismo e seus derivados (maoísmo, castrismo, foquismo, etc.) - o tradicional paradigma estratégico da III Internacional - e uma nova opção estratégica para a tomada do poder no Brasil, começa a surgir; agora porém, sob a influência e a liderança do segmento sócio-marxista mais intelectualizado, dando cumprimento, assim, a um aceitável axioma que recomenda: uma estratégia derrotada tende a ser, prudentemente, substituída e não, imprudentemente, repetida. De nossa parte, é preciso reconhecer que, se por um lado, fomos suficientemente competentes para derrotar todas as tentativas do marxismo-leninismo durante 40 anos, por outro, custamos a perceber que no âmbito do próprio marxismo havia outras alternativas estratégicas que possibilitavam a continuidade da sua luta pela tomada do poder. 

E entre tais alternativas - talvez a mais original de todas - destacava-se, nos textos do neomarxismo italiano, a proposta teórico-estratégica de Antônio Gramsci, que a ortodoxia de Prestes e companhia sempre repeliu e nós, os vencedores de 1964, com algum retardo fomos perceber.

Justamente, é com base nas concepções de Gramsci “o mais original pensador neomarxista italiano” que o segmento intelectual comuno-brasileiro vai encontrar inspiração e suporte, seja para superar a incômoda situação a que fora submetido, em face da inclemente derrota nos anos de 1970, seja para definir o rumo da sua inserção no processo político que, sob novos moldes, já se delineava no horizonte dos últimos governos da Revolução de 1964. 

Assim, podemos dizer que Gramsci é, hoje, o grande “guru” das esquerdas brasileiras e o inspirador da estratégia que modula as suas ações na luta pela conquista do poder.

 Aliás, luta esta que vem incluindo um discurso que se caracteriza por falar de uma tal “democracia radical” e que enfatiza como legenda maior a LUTA PELO SOCIALISMO NO BRASIL, sem contudo especificar, de modo claro e insofismável, qual a forma de LUTA que pretende empreender e qual o TIPO DE SOCIALISMO que pretende implantar. Bem! A ambigüidade e o mimetismo são velhas e conhecidas armas do arsenal persuasivo das esquerdas.


PARTE II

Mais quem é Gramsci?

Antônio Gramsci nasceu em Ales, na Sardenha em 1891. Desde cedo exerceu intensa atividade intelectual e política, tendo sido um dos fundadores do Partido Comunista Italiano (PCI) em 1921.

Por sua militância política e ferrenha oposição ao fascismo foi preso em 1926, aos 35 anos de idade, e condenado a 24 anos de prisão. Nesta ocasião era deputado do Parlamento Italiano e principal dirigente do PCI. Após cumprir 11 anos de prisão, devido ao seu precário estado de saúde, foi posto em liberdade, em 20.04.1937, vindo a falecer, sete dias após, numa clínica em Roma.

Sua obra de maior relevo e repercussão está consubstanciada nos denominados “CADERNOS DO CÁRCERE”, escritos na prisão entre 1929 e 1935. São 33 cadernos manuscritos que perfazem um total de 2.500 páginas. Segundo Giovani Reale destacado filósofo e historiador italiano ... “a obra de Gramsci constitui uma das mais notáveis reelaborações do marxismo, no século vinte, tanto por suas referências aos problemas sociais, culturais e políticos, mas também por sua tentativa de integrar o marxismo na história italiana... “.

Os escritos de Gramsci só vieram ser conhecidos após a Segunda Guerra Mundial (1945). Até então eram totalmente ignorados uma vez que foram, por inteiro, produzidos no interior da prisão.

Vale acrescentar que o pensamento de Gramsci não constituiu unanimidade dentro da ortodoxia marxista-lenista, que sempre identificou nas suas propostas um acentuado viés revolucionista. Daí explicar-se a dificuldade de aceitação e penetração do gramscianismo nos centros irradiadores do Movimento Comunista Internacional (MCI) e, também, da sua tardia difusão fora da Itália.

Entretanto, a leitura atenta da sua obra demonstra, insofismavelmente, que os seus estudos, reflexões e propostas têm como fundamento essencial e ponto-de-partida os referenciais básicos oferecidos pelo marxismo teórico - a “filosofia da praxis” - isto é: o materialismo dialético, o materialismo histórico, a luta de classes, o mito da revolução, etc. etc. Isto significa dizer que o comprometimento total da sua proposta inovadora está dirigido, essencialmente, para consecução da “revolução socialista”, cujo propósito maior é a superação da sociedade burguesa-capitalista e a conseqüente edificação da sociedade proletária.

Percebe-se, porém, que certos gramscianos, propositadamente, procuram omitir ou esmaecer o sectarismo e o revolucionismo marxista consubstanciados na proposta de Gramsci, apresentando-a, eufemisticamente, como uma forma mitigada (de marxismo) de passagem do capitalismo ao comunismo, atitude que representa um claro desvirtuamento dos propósitos da obra do pensador italiano. Gramsci, manteve-se sempre fiel à essência do projeto comunista, embora, tenha proposto formas e caminhos mais consentâneos com o mundo do seu tempo, mas sem perder a referência essencial de teoria marxista.

Qual a essência da proposta teórica de Gramsci?

O desenvolvimento da teoria de Gramsci buscou motivação na necessidade de encontrar respostas e alternativas ao inconteste fracasso em que se transformara a aplicação do paradigma revolucionário bolchevista (Revolução Russa/1917) nos países capitalistas desenvolvidos da Europa.

Gramsci convenceu-se de que o mencionado fracasso resultara, primordialmente, da inadequação da estratégia bolchevista (“Guerra de Movimento”) às condições histórico-políticas e culturais daqueles países, que, evidentemente, revelavam-se flagrantemente distintas das condições vigentes na Rússia em 1917. Percebeu, também, que o ponto focal desta distinção residia, sobretudo, no grau de desenvolvimento e organização da “Sociedade Civil”, numa e noutra formação social, e, fundamentalmente na dinâmica das relações entre “Sociedade Civil” e Estado (“Sociedade Política”). Isto evidenciava nitidamente: a importância do processo histórico-cultural dos países alvos, o elevado significado estratégico da “Sociedade Civil” e a necessidade de formulação de uma nova estratégia, adequada ao universo sócio-político de tipo europeu.

 A partir daí, Gramsci construiu a sua teoria sobre a estratégia da “Guerra de Posição”, destinada à conquista do poder numa Sociedade do tipo “Ocidental”. Este termo tem um sentido meramente metafórico e não necessariamente geográfico como pode parecer. Para explicitar a sua teoria, o autor criou um corpo conceitual próprio, hoje conhecido e designado como “Categorias de Gramsci”, cuja originalidade terminológica e de suporte analítico constituiu uma especificidade no seio do marxismo.

Por exemplo: Sociedade Civil, Sociedade Política, Hegemonia, Consenso, Senso Comum, Intelectual Orgânico, Domínio, Direção Cultural, Bloco Histórico, Oriente e Ocidente, Crise Orgânica, etc. etc., são categorias de Gramsci, freqüentemente utilizadas no proselitismo ideológico das esquerdas, sem que a audiência leiga, muitas vezes perceba o vínculo categorial desses termos.

Mas, vejamos como se referiu Gramsci sobre as estratégias da “Guerra de Movimento” e da “Guerra de Posição”:

No “Oriente” o Estado era tudo e a “Sociedade Civil” era primária e gelatinosa. Neste caso a “Guerra é de Movimento”, isto é, caracterizada pelo ataque frontal e direto à Cidadela do Poder.

No “Ocidente” entre Estado e “Sociedade Civil” havia uma adequada e equilibrada relação e quem pretendesse flanquear o Estado encontraria, de imediato a robusta estrutura da “Sociedade Civil”. O Estado não era mais que uma trincheira avançada, atrás da qual havia uma sólida cadeia de fortificações e casamatas... Em tais circunstâncias, a revolução não pode triunfar no “Ocidente” através de um choque frontal contra as trincheiras do Estado, porque estas se encontram bem consolidadas e protegidas. Neste caso, a revolução triunfará através da adoção da estratégia da “Guerra de Posição”, mediante a qual se desgasta o inimigo penetrando nas fortificações e casamatas da Sociedade Civil.

 Este é o único caminho que pode levar o Partido Comunista ao Poder nos países de perfil “Ocidental”.

A “Guerra de Posição”, concebida por Gramsci para a conquista do “Poder no Ocidente”, tem como referência e fundamento a dinâmica das inter-relações dialéticas (ação recíproca) entre a “Sociedade Civil” e a “Sociedade Política” (Estado no sentido estrito), característica essencial das sociedades tipo “Ocidental”. Lenine, por exemplo, em 1917, empregou a Guerra de Movimento, atacando, de modo frontal e direto, o Estado Russo, porque lá o Estado era tudo e não havia uma “Sociedade Civil” organizada, participativa e dinâmica, que fizesse o contrapondo relacional com a “Sociedade Política (Estado).

Já no “Ocidente”, essa inter-relação dialética é decorrência de um processo hegemônico continuado e desenvolvido ao longo da história, que, por sua vez, gerou uma concepção de mundo própria (ideologia), e consubstanciada, hoje, no que a linguagem gramsciana chama de “Senso Comum” da Sociedade burguesa. O “Senso Comum” é representado pela incorporação, comunhão e prática de valores, princípios, procedimentos, tradições, costumes, história, civismo, vultos, próceres, etc, enfim, a própria cultura.


PARTE III

No diagnóstico gramsciano, o “Senso Comum” é uma visão de mundo acrítica, difundida (pelas classes dominantes) no seio das classes subalternas (proletariado urbano e rural), constituindo-se, assim, num eficaz instrumento de dominação ideológico cultural e, isso fato, de afirmação da “Hegemonia” burguesa. 

Este entendimento harmoniza-se com um clássico conceito marxista, que sublinha: “as idéias dominantes, em todas as épocas, sempre foram idéias da classe dominante”. Há um texto de I. Simionatto (Ed. Cortez/95), bastante ilustrativo que complementa esta parte: ... “a “Hegemonia” cria a subalternidade (social) de outras classes, não apenas pela submissão à força, mas também pela submissão às idéias... . A classe dominante repassa a sua ideologia (concepção de mundo) e realiza o controle do “Consenso” através de uma rede articulada de aparelhos culturais – que Gramsci clama de “Aparelhos Privados de Hegemonia” e o ilustre Professor Jorge Boaventura, da ESG, muito apropriadamente, denomina de “Centros de Prestígio e de Irradiação Cultural”.

Estes aparelhos (que correspondem às “casamatas” e “fortificações” da “Sociedade Civil”) compreendem: Escolas, Universidades, Igrejas, Mídias (Rádio, TV, Jornais, Revistas, etc), Associações Intelectuais, Culturais, Corporativas, Sindicatos, Editorialismo, Literatura, Crítica, Cinema, Artes em geral, ONGs, etc. “Através desses aparelhos é que é imposta às classes subalternas a submissão passiva e feito o repasse ideológico (isto é, o próprio “Senso Comum”).

Gramsci, por seu turno, destaca que “a supremacia (Hegemonia), de um grupo social se manifesta como “Domínio” ou como “Direção” Intelectual e Moral” (cultural). O “Domínio” pressupõe o acesso ao Poder, o uso da força e a coerção. A sede do “Domínio” é o Estado (“Sociedade Política”). Já a “Direção”, que corresponde a “Hegemonia” propriamente, é exercida na “Sociedade Civil” e é alcançada mediante a persuasão, o proselitismo, a doutrinação, a adesão, enfim pela obtenção do “Consenso”. A “Hegemonia” se conquista e se exerce no universo aliado; o “Domínio”, por sua vez, é imposto sobre o universo antagônico.

Esta visão conceitual levou Gramsci a concluir que: “um grupo social pode e deve ser dirigente, antes mesmo de ser dominante, significando dizer que: antes de ter o Poder Governativo, um grupo social pode conquistar a “Direção” ideológica e cultural, na Sociedade como um todo. Tal entendimento evidencia, claramente, a posição de relevo que a “Hegemonia” (e por extensão o “Senso Comum”) ocupa na formulação estratégica da “Guerra de Posição”), corroborada, também, numa conhecida sentença de Gramsci:

“jamais existiu um Estado sem “Hegemonia” e, em substância, a luta entre duas classes que se disputam o poder é, antes de tudo, uma luta entre duas “Hegemonias”.

Por outro lado, cabe frisar que a “Hegemonia” só é completa com a eliminação do “Senso Comum” da classe dominante, e com conseqüente imposição de um “Novo Senso Comum”. 

Nesta oportunidade, vale mostrar como este processo já está em curso no país, recorrendo para isso, a um exemplo apresentado pelo General Sérgio A. Coutinho, que destaca alguns aspectos pragmáticos, que se enquadram nas técnicas do gramscianismo, com vistas à mudança do “Senso Comum”, vigente na nossa Cultura: “Sociedade nacional x sociedade civil organizada; direito positivo x direito alternativo; desenvolvimento x ecologia; vulto histórico x líder popular; vontade nacional x opinião pública; tradição x atraso; organismo público x comunidade; invasão x ocupação; legal x legítimo; casamento x união civil de parceiros; - formalidade x informalidade”.

Retornando, pode-se aduzir que toda esta elaboração teórico-conceitual, até aqui apresentada, está imbricada na grande premissa estabelecida por Gramsci que: considerou a fórmula marxista, adotada por Lenine em 1917, como superada, levando em conseqüência, o pensador italiano a fixar-se na concepção de que a luta revolucionária, no “Ocidente” que deve ser travada, substantivamente, no plano das idéias e da cultura, afastando-se, deste modo, do economicismo estrutural, próprio do marxismo clássico.

Neste contexto, portanto, a “batalha cultural” assume um papel preponderante, na rota para a conquista do Poder, apresentando-se, no caso, como fato decisivo no processo de luta pela “Hegemonia”, na conquista do “Consenso” e da direção político-ideológica, por parte das classes subalternas. 

O espaço estratégico nesta contenda é representado pelas “casamatas” e “fortificações” da “Sociedade Civil”- (que na visão gramsciana compreende o conjunto das relações políticas, sociais, ideológicas, culturais, religiosas, intelectuais, etc. e, como tal, é cenário da luta de classe, do repasse do “Senso Comum” e palco dos fatos históricos) - e pelos estamentos da “Sociedade Política” (Estado).

A guisa de síntese e recorrendo a uma linguagem mais formatada, tipo “conceito de operação”, podemos dizer que: 

Na estratégia da “Guerra de Posição, a luta revolucionária se caracteriza, em essência, pela disputa da “Hegemonia” (direção política, ideológica e cultural) e conseqüente obtenção do consenso” (adesão, concordância, aceitação voluntária), nas “casamatas” e “fortificações” da “Sociedade Civil”, a fim de neutralizar (pela desinformação, desgaste, desvirtuamento, etc) o repasse da ideologia burguesa e impor um novo “Senso Comum”, criando, ato contínuo, as condições subjetivas e objetivas necessárias para investir sobre os estamentos da “Sociedade Política” (Estado), conquistar o Poder burguês (“Domínio”), elevar o proletariado à condição de classe dominante e implantar uma “nova ordem”, calcada nos cânones do marxismo.
                           
Percebe-se, assim, que a “Sociedade Civil” funciona como a grande plataforma de manobra, tanto para a conquista da “Hegemonia” num primeiro tempo, quanto para o investimento sobre a “Sociedade Política”, quando constituirá a própria base estratégica.

 A tática de luta repousa, por excelência, na “Penetração Cultural”, levada a efeito, como já ressaltado, nos espaços da “Sociedade Civil” e do Estado (“Sociedade Política”). A penetração nos estamentos deste último, opera-se, na verdade, de forma concomitante com a disputa pela “Hegemonia” na “Sociedade Civil” e é dirigida, basicamente, sobre as instâncias e organizações dos Serviços Públicos, Justiça, Legislativo, Executivo, Procuradoria, Promotoria, Defensoria, TCU, Empresas Estatais, Autarquias, Forças Armadas, Polícias, Universidades e Escolas Públicas, Hospitais, Associações de Funcionários, Sindicatos, etc. Etc.

Um exemplo inequívoco do processo de penetração do gramscianismo nos estamentos do Estado brasileiro e na “Sociedade Civil” é a “Operação Marabá”, levada a efeito por motivação ideológica e conduzida por funcionários da “Sociedade Política”: 

   policiais e procuradores federais, em íntima ligação com jornalista - estes últimos, funcionários pertencentes a uma “casamata” de “Sociedade Civil” (integrantes da parcela “araponga” da mídia “hegemonizada”) - A citada operação, vale recordar, foi realizada contra instalações da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Marabá/PA, para apreensão de documentos de 2a Seção.

Esta forma de atuação, inaceitável e sem precedentes é bastante reveladora de que a Procuradoria Geral da República e na Polícia Federal, já vive, hoje, um “Novo Senso Comum” que ideologicamente, inspira e baliza as suas ações e procedimentos institucionais, sendo que, no presente caso, tiveram propósito de inibir e neutralizar a atuação das Forças Armadas na Segurança Interna, objetivo buscado insistentemente pelas esquerdas derrotadas.

PARTE FINAL

Gramsci dedica um apreciável espaço na sua obra para realçar o papel decisivo e estratégico reservado aos “Intelectuais” e ao Partido Político, na “Guerra de Posição”.

Dadas as peculiaridades e, sobretudo, o caráter da luta visualizada na proposta gramsciana de tomada de poder - que muitos identificam como uma modalidade de estratégia indireta, tipicamente de desgaste e de aplicação em longo prazo - pode-se admitir que a “Força de Manobra Revolucionária”, na “Guerra de Posição” está centrada, basicamente, na tropa de “Intelectuais Orgânicos” e no Partido Político (o Comando), que Gramsci também denomina de “Intelectual Coletivo” e de “Moderno Príncipe”, este por inspiração maquiaveliana.

O texto gramsciano destaca que: “uma massa humana não distingue e não se torna independente, por si, sem organizar-se; e não existe organização sem intelectuais”.

O Partido Político é o novo e eficiente instrumento para enfrentar os grupos dirigentes, na luta pela conquista da “Hegemonia”. Ele será o “parteiro” de uma nova sociedade, realizando a elevação cultural das massas (reforma intelectual e moral) e movendo as suas vontades à ação político-revolucionária. (G. Staccone - Vozes/95).

A teoria de Gramsci, na verdade, considera duas categorias de “Intelectuais”: os “Orgânicos” e os “Tradicionais”. Os primeiros se caracterizam, antes de tudo, pela função organizadora e militante que exercem, em prol da causa revolucionária e não, necessária e obrigatoriamente, por possuírem um elevado nível cultural ou de conhecimento, ou mesmo pelo exercício efetivo da atividade intelectual. 

Os “Intelectuais Orgânicos” distingem-se, de fato, por serem os artífices da organização, da doutrinação ostensiva e subliminar e do repasse do novo “Senso Comum”.
Por exemplo, o Sr José Rainha e sua esposa dona Deolinda, membros do MST, são considerados “Intelectuais Orgânicos” do mesmo modo como o são Frei Beto, o Senador Roberto Freire e o Sr Chico Buarque de Holanda. Os “Intelectuais Tradicionais” são os que realmente exercem atividades intelectuais, possuindo as qualificações devidas e reconhecidas como tais. Em princípio, constituem  um grupo autônomo adaptado à convivência com a ideologia dominante.

Habitualmente são alvo de cooptação ideológica, até mesmo pelo afago às suas vaidades e, via de regra, são pressionados e patrulhados pelos “Intelectuais Orgânicos” para aderirem ou colaborarem com a causa revolucionária.

Não será difícil para identificar um e outro tipo de “Intelectual”, no universo brasileiro, onde os “orgânicos” já desfrutam de posições consolidadas na mídia, na educação, nas igrejas, na cultura, nos sindicatos, nas associações de profissionais liberais, no serviço público, nos movimentos ditos populares, nas ONG(s), etc.

 A acelerada penetração ideológica-cultural e a concomitante disseminação do “Novo Senso Comum”, no nosso espaço sócio-político, tem estimulado a incorporação de novos segmentos sociais (inclusive na classe média) ao espectro ativista-participativo e militante das esquerdas em geral, indicando o surgimento de um esdrúxulo “proletário ampliado” e, por via de conseqüência, a moldagem de uma nova “identidade de classe”. Tal fenômeno tem feições próprias do atual processo sócio-político brasileiro, mas certamente deve ser encarado, também, como produto das transformações, sobretudo sociais, trazidas pela dinâmica da nova “Sociedade de Serviços”, cuja tardia percepção na União Soviética levaram-na à completa desintegração, como indica F. Fukuyama.

Por outro lado, ao contrário do que ocorreu em relação aos pólos irradiadores do marxismo-lenismo (detectados e conhecidos), os centros de irradiação do gramscianismo, hoje no Brasil, são bastante difusos, não permitindo, ainda, a sua precisa indicação.

Entretanto, poder-se-ia dizer que, atualmente, o gramscianismo atua e propaga-se por capilaridade ideológica, valendo-se dos partidos de esquerda, em geral, e da rede militante menos radical do espectro marxista no país.

Do ponto de vista teórico-estratégico, o quadro final que a “Guerra de Posição” pretende configurar é o da geração de uma crise irreversível nos domínios do Estado burguês, motivada pela ruptura do equilíbrio nas relações entre a “Sociedade Política” e a “Sociedade Civil”. Segundo Gramsci, nas Sociedades “ocidentalizadas” o Estado se “ampliou”, isto é: o Estado (lato sensu) é concebido como um conjunto composto de dois elementos indissociáveis: a “Sociedade Política” (Estado stricto sensu) e a “Sociedade Civil”. Isto significa que o Estado, em si, detém, ao mesmo tempo, as funções de Domínio (coerção) e de Direção (“Hegemonia”) - "Hegemonia” revestida de coerção.

A crise final se instalará, justamente, quando o “Estado Ampliado” perder a “Hegemonia” (Direção) na “Sociedade Civil” - o que significa perder a legitimidade - ficando destarte reduzido aos estamentos da “Sociedade Política” (Estado stricto sensu) e ao exercício do Domínio (coerção).

 Isto ocorrerá porque nos espaços da “Sociedade Civil” já terão sido implantados, de fato, um novo “Senso Comum” e uma nova “Hegemonia”, sob a liderança das classes subalternas que, em conseqüência, terão adquirido a condição de “classe dirigente”, mas não ainda a de “classe dominante”, que só se produzirá com a conquista da “Sociedade Política”, isto é com a obtenção do “Domínio” (o Poder).

Tal situação retrata um quadro caótico, em que uma classe tem o “Domínio” e a outra classe a “Direção” a (“Hegemonia”) indicando, pois, a inevitabilidade do confronto e da ruptura final. Esta antevisão caracteriza o que Gramsci denomina de “Crise Orgânica” e que está sintetizada numa frase sua: “o velho está morto e o novo não pode nascer”.

O que os democratas devem ter presentes é que o impasse da “Crise Orgânica” será resolvido inclusive pela “Guerra do Movimento”, se necessário. Gramsci nunca negou esta possibilidade. Eis o porquê da generosidade do tratamento concedido ao MST, pelas esquerdas no Poder.

O “novo” nascerá seja de parto normal seja pela ação “cesária” das armas; mas nascerá de qualquer maneira, porque o seu nascimento representa o caminho único para a edificação do Estado Comunista.

Segundo o insuspeito Norberto Bobbio, Gramsci, como todo bom marxista, não fugiu à regra e, na sua obra, ocupou-se somente dos aspectos relativos à tomada do Poder, revelando-se omisso e silene com relação aos problemas do exercício da democracia e dos limites do Poder do Estado, não explicitando, seriamente, como a nova classe deveria exercer a “Hegemonia” e o “Domínio”, na transição para alcançar a “Sociedade Regulada”, isto é: “a sociedade sem classes”, a quimera.

Seu silêncio, no caso, representa uma coonestação ou referendo à ditadura do proletariado - Caros leitores! cuidado com a pregação de uma tal “democracia radical” que vem sendo feita, espertamente, pelos mesmos pregadores da UTOPIA.

Tenhamos sempre presente o alerta que nos faz o grande filósofo Giovani Reale: “cuidado! Em todo utópico costuma esconder-se um totalitário”.

Gen  R/1 Fábrega - autor
Observação: O artigo foi transcrito na íntegra do Jornal do Grupo Inconfidência (edições Nr 43,44,45 e 46) com a devida autorização do autor e do editor.


=====================================================================

2.    COMTE E MARX

 Como este assunto entre Comte e Marx, ainda é bastante explosivo e sempre oportuno, deve ser abordado sem preconceitos; não devendo haver preocupação de se encontrar afinidades, nem discordâncias, entre as obras, mas o que importa, é o que de fato representam na evolução moderna.

        Comte dedicou o Segundo Capítulo, do Segundo volume do Sistema de Política Positiva - Apreciação Sociológica do Problema Humano ou Teoria Positiva da Propriedade Material. Onde ele esboçou a concepção da Formação e Acumulação de Capital; donde pode ser vista a importância que ele dedicou a este tema, como básico, para o desenvolvimento da Sociedade, de forma mais fraternal, que pode ser apresentada, em breves pinceladas, como abaixo descrito.


·         A Formação e Acumulação de Capital.

Ele inicia com a visão, de que o homem é distinto de outras espécies, no que se refere ao seu trabalho criativo na natureza, pela vantagem prática, de vir melhorar a sua riqueza ou patrimônio. Em função disto, ele percebeu que havia duas condições elementares de Trabalho, que associadas, geram a acumulação de Capital. Estas duas Leis Econômicas - Sociológicas, poderão ser ditas, uma subjetiva e a outra objetiva, por que a primeira, se refere a nós mesmo; e a segunda ao meio exterior. Elas se baseiam em dois fatos gerais: (I) que cada  homem pode produzir mais do que ele consome;  (2)  que os produtos podem ser preservados, durante um tempo mais longo, que o tempo necessário para os reproduzir.  (Sistema de Política Positiva – Volume II – pagina 150/151.

            Após ter apreciado separadamente cada um destas duas condições elementares, fica-se a vontade, para reconciliar que sua combinação natural, permite simultaneamente à acumulação de riqueza temporal. Mesmo quando o produto excedente fica insignificante e se conserva por bem menos tempo, que não indicam os casos ordinários; ele satisfaz que o excesso existe, e pode ser mantido além do tempo de sua reprodução, tornando possível a formação de alguma coisa útil, tesouro material. Diretamente eles são formados; eles aumentam espontaneamente a cada nova geração, doméstica - Família ou Política - Pátria, especialmente quando a instituição fundamental do Dinheiro – nos permite trocar, quase a vontade, as produções menos duráveis, contra aqueles que passam facilmente à nós descendentes. Sistema de Política Positiva – Volume II – pagina 153/154.


·         A Transmissão Social do Capital 

   Esta Formação e Acumulação de Capital, foi, e garantiu Comte, a base do 
Desenvolvimento Social; no entanto,  Igualmente importante, foi sua Transmissão Social. 
 
Tal é a primeira base essencial de toda a civilização real, após a fatalidade  Natural, que nos impõe, sem resistência, uma constante atividade, a fim de  sustentar nossa existência material, sobre a qual repousa nossas sublimes atitudes. Ainda que nossa disposição cerebral para "Viver para os Outros”; constitui indubitavelmente o mais precioso dos atributos humanos, esta insuperável condição, à conduz, para uma situação socialmente estéril; se nós não fossemos capazes de acumular, e por conseguinte, transmitir os meios de  prover.  
Logo, qualquer uma acumulação, exige a apropriação, pelo menos coletiva e mesmo pessoal, dos produtos alteráveis, que a ele diz respeito. Mas, antes de apreciar bastante, as reações sociais, de uma tal instituição, sobre a inteligência e o sentimento, após adequada transformação do caráter egoísta, próprio da atividade expontânea. Pois que, toda eficácia civil das acumulações, assim obtidas, resultam da possibilidade de transmitir os resultados.  Sistema de Política Positiva – Volume II – pagina 154.

  •     A Concentração de Capital 

 Esta Transmissão, e o emprego produtivo mais efetivo do Capital, Comte discutiu, e também examinou alguns casos de concentração coletiva. 
 
O Trabalho Positivo, isto quer dizer, nossa ação real e útil sobre o mundo exterior, constitui necessariamente a fonte inicial, aliás espontânea ou sistemática, de toda riqueza material, porque, antes de nos poderem servir, todos os produtos naturais requerem alguma intervenção artificial, ainda que esta se limite a recolhe-los no solo, para transformá-los a seu destino. Por outro lado, a riqueza material só comporta uma elevada eficiência social, depois de um grau de concentração ordinariamente superior, ao que resulta apenas da acumulação do trabalho individual. Portanto os Capitais só podem aumentar assaz quando os tesouros obtidos por diversos trabalhos, se  vem reunir em um único dominador, que em seguida preside a sua repartição efetiva, após tê-los suficientemente conservados. Sistema de Política Positiva – Volume II – pagina 154/155.

  • ·   Propriedade

 Esta tendência, por uma necessidade lógica, de formar a Propriedade, Comte procurou discutir com algum detalhe, os quatro modos de transmitir a propriedade, que redundam em concentrações de Capital. Estes quatro modos, são : 

                         a doação, a troca, a herança, e a conquista. 

A forma e o equilíbrio, entre estas quatro modalidades de Transmissão de Capital, são de elevada importância para definir o crescimento social e o desenvolvimento, de qualquer civilização. porque: 

          Em toda civilização, na mais primitiva, a Transmissão tem uma maior influência na formação dos Capitais úteis, que a Produção direta, de maneira à merecer adequada inviolabilidade social, para as leis naturais, que as regem. Sistema de Política Positiva – Volume II – pagina 155.

 ·         Acumulação Material e Desenvolvimento Social

      Comte discutiu os efeitos da cooperação de trabalho, e a extensão disto (na divisão do Trabalho, com a Acumulação de Capital) no desenvolvimento das qualidades essencialmente sociais do homem; mas é suficiente para se verificar que todas estas qualidades baseiam-se na primazia da atividade natural de trabalhar na natureza, para alimentar e promover a melhoria material, e também nas atividades práticas atuais, envolvendo o compartilhamento do trabalho social, Comte escreveu: 
 
Sem, o impulso irresistível, continuamente resulta ao nosso físico carente, às nossas mais altas faculdades mentais, que permaneceriam essencialmente adormecidas .... É sobretudo afim de modificar a ordem natural, que nós temos a necessidade de conhecer as Leis reais ou Naturais. Assim a Inteligência Positiva ou científica principalmente se caracteriza pela previsão racional, emanando-a por todas as noções práticas. Sistema de Política Positiva – Volume II – pagina 165.
            
·         E Ele concluiu: 
 
É então, pela formação gradual dos Capitais * , que nós devemos nosso verdadeiro desenvolvimento teórico ou intelectual. Além dela proporcionar órgãos especiais, suscitando existências dispensadas do trabalho material; somente ela pode fornecer uma vasta destinação, permitindo uma atividade coletiva, freqüentemente dirigida, para grandes e longos resultados. Quando estas condições não são preenchidas a vida prática entrava o surto teórico ou intelectual, limitando nossas descobertas reais, à leis puramente empíricas, não menos incoerentes do que particulares. Assim, o poderoso impulso teórico, emanado das necessidades materiais, depende sobretudo da formação dos Grandes Capitais, que dirige cada vez mais para a espécie, uma atividade  inicialmente destinada ao indivíduo, mas que é feito uso, para as Sociedades.

 O Capital, combina assim o trabalho de gerações, que garante com sua ajuda, o verdadeiro espírito filosófico, que gradualmente construiu aquela noção general da ordem natural, que o limite dos longos tempos, nos premiou as leis matemáticas, e finalmente por tudo iluminou, o mundo moral e social . Sistema de política positiva – Volume II- pagina 166.
Nossa mesquinha inteligência, muito mais estética que científica, não construiria essa concepção geral da ordem natural, se nossa fatalidade  material, não nos forçasse a modificar sem cessar, a economia exterior, que é primeiramente bastante necessário conhecer, para depois, prever seus principais resultados. É o que finalmente nos faz afastar, como ilusórias e impotentes, teorias espontâneas, teológicas ou metafísicas, cuja extrema facilidade, nos seduziria sempre, se nossas necessidades práticas, não nos demonstrassem a sua futilidade, conforme sua necessária incapacidade para as previsões reais. * - Capital Moral, Capital Intelectual e o Capital Material($). Sistema de Política Positiva – Volume II pagina 166


 Completando,  o Mestre Augusto Comte, se referindo a esta Influência Social, dos Capitais, disse : 
   
Caso, estas acumulações não fossem simultâneas e sucessivas, as exigências materiais, imprimiriam necessariamente ao Conjunto da existência humana, um profundo  caráter Egoístico.”  Política Positiva , II, pag . 157.

            “A instituição dos Capitais é a base necessária da separação dos trabalhos, separação que o incomparável Aristóteles, considerou, como o  principal caráter prático da harmonia social. Para que cada qual se dedique à produzir, somente um dos diversos produtos indispensáveis a existência, pois é preciso de fato, que os demais produtos necessários, se encontrem previamente acumulados, ou estocados, de modo a permitir, por doação ou troca, a satisfação simultânea de todas as necessidades pessoais.” Augusto Comte, Política  Positiva. II Volume pag  158.

           
O Comunismo é o último estado verdadeiramente honroso e perigoso do conjunto dos instintos revolucionários – Política Positiva , Volume IV, pagina 475 
       
E Finalmente, em carta dirigida ao Operário Bosson, em 18 de  janeiro de 1856, Augusto Comte, fez o julgamento do Comunismo; onde disse:

            “Vossa carta de anteontem testemunha-me tal confiança, que se torna merecedora de que eu vos assinale, com benévola franqueza, o mau caminho que estão vossas aspirações sociais, por muito imbuídas das mais atrasadas das escolas revolucionárias  atuais. Do projeto que submetestes à minha apreciação, não posso aprovar, senão as intenções; porque todas as opiniões ali emitidas são ao mesmo tempo, estreitas e vagas, embora estes dois vícios pareçam incompatíveis. Como Louis Blanc e outros análogos, quereis organizar a existência industrial, isolando-a da vida intelectual e moral, não obstante a indivisibilidade necessária da questão humana ou social, na qual todos os aspectos de nossa natureza devem ser simultaneamente abraçados. Em síntese, pareceis não sentir que a revolução ocidental só pode terminar pelo estabelecimento da religião universal, única capaz de disciplinar, consagrando. Quereis soluções imediatas e radicais, coisas contraditórias, donde não podem sair, senão concepções tão retrógradas quanto anárquicas.

Com efeito, chegas-te como os comunistas, a conceber a indústria, sem chefes industriais, dirigida somente por  comissões de trabalhadores. Por ai se vê que desconheceis o grande passo dado na Idade Média, com a divisão espontânea, que então, surgiu entre os chefes trabalhadores, divisão essa sobre que repousa, necessariamente, toda sã organização do trabalho humano, contanto que esta base seja dignamente sistematizada e ligada `a regeneração universal. A eliminação das antigas incorporações, no começo da grande crise – Revolução Francesa de 1789 – não foi como supões uma operação  viciosa, por quanto as operações industriais, já tinham, então prestados todos os serviços temporários que lhes competiam, e não podiam senão entravar a organização  definitiva e a justa liberdade do trabalhador. Todavia, a vossa vaga tendência para as corporações populares, indica que não aprendes-te a verdadeira solução. Em lugar das associações  restritas e passageiras que projetas-te , o que é preciso, é organizar a corporação imensa e permanente , que tenda a formar em toda Terra, um proletariado essencialmente homogêneo, não obstante a diversidade das profissões e mesmo das Nações. Mas isto, logo supõe, que os proletários permanecerão puramente trabalhadores, sem pretenderem jamais se transformar em chefes industriais, individuais ou coletivos, deixando sempre a direção  industrial, na mão de um estado-maior concentrado, rico, poderoso e respeitado, capaz de suportar a responsabilidade de sua missão social. É necessário, além disso, que os trabalhadores e os chefes industriais, recebam até a maioridade, a educação enciclopédica, a única que pode garantir a felicidade e a dignidade de todos, fazendo sempre prevalecer ,um de acordo com a verdadeira opinião pública, uma moral capaz de ditar , os respectivos e recíprocos deveres dos ricos e dos pobres ( não existe  milionários e miseráveis) . Assim não se pode deixar de reconhecer que toda regeneração social, deve finalmente depender de uma Religião Positiva, aplicada e desenvolvida por um digno sacerdócio. Fora deste caminho, só se pode chegar as medidas insuficientes e tirânicas, tão contrárias ao Progresso como a Ordem.

Como me pareceis capaz de adotar esta direção pacífica e decisiva, envio-lhe um exemplar do Catecismo Positivista, cuja terceira parte, especialmente relativa ao Regime, vos emancipará, assim o espero, das utopias revolucionárias.

Escrevi este opúsculo, para iniciar as Mulheres e os proletários na Religião Universal, que se acha hoje plenamente instituída, se bem que seja ainda pouco conhecida, em conseqüência do culposo silencio da Imprensa Periódica. Se esta leitura vos abrir o caminho da Ordem e do verdadeiro Progresso, estarei disposto, de acordo com o meu dever geral, a vos dar os esclarecimentos especiais que vos parecerem necessários.”

Após estas colocações de Augusto Comte , vamos nos estender mais um pouco, para esclarecer e comprovar cientificamente  as verdades Sociológicas de Comte.

 Em 1931, isto é, 14 anos após a Revolução Comunista da Rússia, o Positivista, Ten. Cel.  Alfredo Severo dos Santos Pereira, Professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, editava um livro – As Falsas Bases do Comunismo Russo - onde esclarece e conclui, mostrando as falsas bases filosóficas e científicas, do marxismo ou comunismo teórico, e ao mesmo tempo, expõe os tremendos resultados e os venenosos frutos que estavam dando na Rússia Soviética, daquela época, e que se espalhou até 1985 e que ainda perduram em Cuba e na China, devido a aplicação de tão errônea doutrina, que já previa uma péssima organização social, pela análise científica, segundo o Positivismo. Editora Flores e Mano – Livraria Moura , Rua do Ouvidor 145 . Procurem na Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro.

  Já em 1931, dizia Alfredo Severo dos Santos Pereira, “ ... todos os resultados na infeliz Rússia bolchevista,  ainda são piores, do que a desastrada doutrina teórica, elaborada por Marx e Engles, cujas fantasmagorias tanto seduzem aos ingênuos e aos que não conhecem a verdadeira doutrina social.
 
Isto foi confirmado, em 11 de março de 1985, 69 anos à contar de 25 de outubro de 1917, por terem agora adotado outra doutrina, também anti-social, a da Perestroika, à procura de uma saída, pelo lado caótico e retrógrado da democracia, acompanhada do capitalismo não Policiado, cujos resultados nós do ocidente já as conhecemos – vide artigo sobre a democracia -   O CAOS DEMOCRÁTICO - http://www.doutrinadahumanidade.com/artigos/o_caos_democratico.htm do autor que vos escreve.

Por isso, vamos sumariamente apresentar uma apreciação do Comunismo, à luz da Doutrina Positivista.

É bom alertar, que normalmente se usam as palavras comunismo e marxismo como sinônimos; tal não acontece com as palavras positivismo e comtismo. Augusto Comte sempre foi contra ao uso da palavra comtismo, para designar a Doutrina Positivista, pois ele à considera como uma elaboração, que através dos milênios, que veio sendo criada pela própria Humanidade, por intermédio dos seus maiores intérpretes, e que no século retrasado, coube à ele tal missão. Pois foi a partir da revolução de 1789, que foi posto explicitamente o problema da reforma social, com vista a uma sociedade sem privilégios, nem preconceitos, baseada na mais completa  Fraternidade Universal e esclarecida pelo conhecimento científico.     

Naquela época, em 1789, além da corrente retrógrada, que desejava a manutenção do statu quo, existiam mais duas, uma revolucionária e outra evolutiva.

·         A revolucionária apresentava duas facções, uma representada por Voltaire {(1694 – 1778) - O escritor e filósofo francês é considerado uma das figuras centrais do Iluminismo do século XVIII, período no qual insistiu-se no poder da razão humana, da ciência e do respeito para com a Humanidade. Voltaire tinha a opinião de que a literatura devia servir como instrumento de progresso social. Assim, suas sátiras ferinas e seus escritos filosóficos mostravam sua aversão à intolerância, à tirania e à hipocrisia do catolicismo, o que lhe trouxe constantes conflitos com as autoridades políticas e religiosas ; uniu a história e a poesia dramática – na Convenção os Girondinos são filhos de Voltaire. }e a outra por Rousseau (Jean-Jacques Rousseau – 1712 – 1778 - estudou diversos campos da filosofia social. O contrato social é uma defesa clássica da forma democrática de governo. Para adotar decisões importantes, Rousseau confiava na "vontade geral" de um povo, expressado no voto da maioria. Esta confiança contrasta com as idéias dos filósofos que defendiam os direitos individuais e minoritários. Na Convenção os montanheses Jacobines são filhos de Rousseau .
·         A corrente evolutiva ou orgânica, era formada pelos Enciclopedistas, representada por Condorcet {(1743 – 1794) Condorcet, Jean Antoine, filósofo, dirigente político e matemático francês. Ele redigiu o princípio do progresso indefinido da espécie humana, prega a tolerância religiosa, isto é, a eliminação do sobrenatural na ordem pública. Por ele, as guerras entre os povos, são como assassinatos, das atrocidades que humilham e revoltam a natureza humana.   Apoiou a Revolução Francesa, Secretário Perpétuo da Academia de Ciência e Membro da Academia  Francesa, e chegou a ser presidente da Assembléia Legislativa. Por sua proximidade com os Girondinos e os Dantonianos, que são filhos de Hume e Diderot; moderados durante o Reinado do Terror, teve que fugir. A este período pertence sua obra mais importante: Esboço de um quadro histórico do progresso do espírito humano . Seus trabalhos matemáticos também tiveram relevância. e Turgot { ( 1727 – 1781 – Ministro de Finança de Luiz XVI –  é com ele e Quesnay na França, e sobretudo e com Adam Smith na Inglaterra, que a economia política se constituiu em um corpo de doutrina. Ele pressentiu a Lei dos Três Estados, enunciada mais tarde por Augusto Comte; Ele previu as grandes reformas, e ensaiou um acordo com Luiz XVI, para ser feito de uma maneira pacífica, a Revolução de 1789, mas ele foi impedido por Marie – Antoinette, que provocou a forma retrógrada de evolução. isto  é, promoveu sem saber, pelas suas atitudes, a forma revolucionária) }.

Estas correntes deram além de muitas outras, atuais correntes, a Comunista - Marxista e a Positivista. Ambas desejam uma Reforma Social, as duas aspiram por uma sociedade mais justa, porem usam métodos distintos, por isso geram  as suas doutrinas tão bem definidas e originais.

De 1789 à 1848, a França e outros países da Europa sofreram enormes transformações, e na revolução de Paris de 1848, os movimentos renovadores ficaram bem definidos, tanto para o marxismo como para o positivismo. Um pouco antes desta revolução de Paris de 1848, é lançado o Manifesto Comunista, declaração de princípios e objetivos da Liga Comunista (organização secreta de artesãos e intelectuais alemães emigrados) publicada em Londres em 1848. Foi escrito por Karl Marx em colaboração com Friedrich Engels. Nesta época Karl Marx foi violentamente influenciado, sem dúvida, pelo  espírito filosófico mais potente do século XIX, que foi o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, com seu sistema de idealismo absoluto; sua concepção de Estado nacional, como a mais alta encarnação do espírito absoluto, foi interpretada durante muito tempo, como a principal fonte das inúmeras ideologias autoritárias modernas. Três anos mais tarde é editado em Paris, a Obra do Mestre dos Mestre – Augusto Comte, em junho de 1851, o primeiro volume, em maio de 1852 o segundo, em setembro de  1853 o terceiro, e finalmente, em agosto 1854 o ultimo volume do Sistema de Política Positiva, a sua mais importante obra, onde ele expõe a Ciência Social, constituída de todos os seus trabalhos e as suas meditações. 

Para melhor entendimento dos assuntos a serem tratados, é de bom alvitre, abordarmos algumas definições, sobre alguns termos para melhor entendimento do texto à seguir.

·         Qualquer Teoria é elaborada por um Método; e o Método é a marcha racional da inteligência para se chegar ao conhecimento da Verdade.

·         Doutrina é o conjunto de conhecimentos que caracteriza a Verdade, que deve ser relativa, e jamais absoluta.

·         Filosofia é um conjunto concatenado de concepções sobre o mundo e o homem.

·         Ciência é concepção de Leis Naturais particulares, que regem partes, que compõem a Filosofia Científica ou Positiva.

·         Lei Natural é a dependência constante, que se descobre existir entre dois ou mais  fenômenos; ou a ligação entre dois ou mais acontecimentos ou fenômenos históricos, que permite assim  prever, que uma vez ocorrido um ou outros, os demais lhe seguem em determinada ordem.


Após estes esclarecimentos, vamos analisar a Doutrina do Positivismo e do Marxismo e o Comunismo, a um nível de detalhe, pelo enfoque científico, abandonando totalmente os raciocínios fetichistas, teológicos e os abstratos ou metafísicos, dos  problemas Sociais e Morais da Humanidade. 


NOTA:          

Esta parte será redigida mais tarde, pois neste momento estou me dedicando a algumas atividades materiais, para ter mais tranqüilidade a fim de continuar escrevendo. Espero que em Janeiro de 2008, esteja terminando este trabalho.

            Mas para aqueles que necessitam destas informações, achei por bem às transmitir, neste nível, para que possuam mais uma fonte bibliográfica, para os seus trabalhos didáticos ou para suas argumentações na vida prática – isto é, na Política; com vista a colaborarem com a evolução da Humanidade.

Saúde, Respeito e Fraternidade

P. A . Lacaz - 2001

Bibliografia Consultada:

             Augusto Comte

·         Sistema de  Política Positiva , ou  Tratado de Sociologia  instituindo a Religião da Humanidade. 4 vol , Paris,  1851-1854 ;  2 edição , 1881-1884 ; 3 edição Tradução para o Inglês por  Richarde Congreve  e outros.

                  
Síntese   Subjetiva, ou Sistema Universal das Concepções   próprios do Estado Normal da Humanidade. 1 volume  , Paris , 1856,  tomo 1, único publicado, contendo o Sistema de Lógica Positiva  ou Tratado de Filosofia  Matemática, 2 Edição - 1900

Catecismo Positivista , ou  Sumaria  Exposição  da Religião Universal .  1 volume , Paris  1852 ; 2 edição , 1874 ; 3 edição 1890 . Nova edição  1891, com prefacio  de J. Lagarrigue e notas de Miguel Lemos.

Apelo aos Conservadores ;  1 volume, Paris 1855, 2 edição  Tradução em Inglês e Português.

Testamento, Orações  Quotidianas , Confissões anuais e  Correspondências com Madame Clotilde de Vaux, 1  volume , Paris 1884 , 2 edição  Tradução inglesa do Testamento.

Circulares Anuais (1850 - 1857) 1 volume  1866 - tradução inglesa.

Tratado Filosófico  D’ Astronomia  Popular,  1 vol  , Paris  ,1845 ; 2 edição , 1893.

Circulares Anuais de Augusto Comte (8 circulares) – 1850  à  1857 

Discurs sur L’Espirit Positif – August Comte - 1844

Tratado elementar de  Geometria  Analítica.  1 volume  , Paris , 1841 ; 2 edição  , precedida da Geometria  de Descartes , em 1895. Tradução para o português , por vários  alunos  da Escola   Militar do Rio de Janeiro. - Esgotada.

Cartas  `a   M. Vallat (1815-1844),  Paris 1870

Cartas `a   John Stuart Mill ( 1841-1844) , 1 volume  Paris 1877

Correspondências Inéditas de Augusto Comte. Paris -  elaborado pela Sociedade Positivista - , 1903 (4 volumes).

Cartas de  Augusto Comte `a Diversos  -  Publicado pelos seus  Executores Testamenteiros, Paris - 1902.- Três Volumes.

Outros Autores :
                       
                       
·          As Falsas Bases do Comunismo Russo – Alfredo Severo - Volume I e II – 1931 e 1959

·          Religião uma Criação da Humanidade – Gênese, Evolução, Conflitos, Perspectivas... – Ruben Descartes de Garcia Paula.- 1978

·          O que é Materialismo Dialético ? – º Yakhot – Biblioteca Ciências Sociais Estúdios Cor

·          Comte e Marx – Métodos e Doutrinas – Apreciação Sumária – Alfredo de Morais Filho - Anais da IV Reunião de Positivistas – Rio de Janeiro de 1981 – Igreja Positivista do Brasil.

·          As Grandes Religiões – Félicien Challaye – Ibrasa 1981

·          Manobre Você Mesmo o Seu Destino – 1998 – P. A . Lacaz e H. G. Costa – Distribuição Gratuita pela Internet – lacaze@terra.com.br

·          A Ciência Moral Teórica Positiva ou Síntese Subjetiva da Moral Científica – P. A . Lacaz – Distribuição Gratuita pela Internet – lacaze@terra.com.br

·          Comunismo e Positivismo – Dez 1945 – numero 539 e 540 – Publicação  Pela Igreja  Positivista do Brasil – Rio de Janeiro

·          República e Democracia – 1945 – C. Torres Gonçalves – Publicado pelo Jornal do Comércio - RJ.

·          Apreciação do Comunismo – numero 543 –  1947 - Publicado pela Igreja Positivista do Brasil, Rio de Janeiro

·          Apreciation du Comunisme  par Auguste Comte – Numero 545 – em 1948 – Publicado pela Igreja Positivista do Brasil, Rio de Janeiro.

·          Les Relations Internationales et  L´Ordre Social – 1961 – C. Torres Gonçalves . Igreja Positivista do Brasil indica a fonte .


·          The Crisis of Industrial Civilization – The Early Essays of Auguste Comte – Ronald Fletcher - 1974 – London – Heinemann Educational Books Ltd

=====================================================================

 A DEMOCRACIA E A SOCIETOCRACIA - A SAÍDA É PELA  SOCIETOCRACIA, QUE PODE SER UTÓPICA, MAS JAMAIS QUIMÉRICA.



“É voz corrente pelo Mundo que o Regimén Democrático tem os seus defeitos, mas não existe regimén melhor que este”.

Este argumento chavão, que anda de boca em boca, hoje em dia, propagado pela mídia, prova que os que são adeptos desta informação, realmente não pesquisaram e muito menos estudaram para apresentar algo mais promissor para a Humanidade; ou se estudaram não foram felizes, para emitir sugestões e alterações mais justas para o Bem do Povo.

Partindo da premissa que a DEMOCRACIA, é o GOVERNO DO POVO, PELO POVO, PARA O POVO, isto é, Demos + Kratos = Povo no Poder. Esta Democracia que hoje está vigente não é a mesma que foi criada na Grécia Antiga, que possuía até escravos que não participavam da Democracia, e não atende ao pleito acima indicado pela sua definição; e que Aristóteles, em A Política, dizia que era o pior dos regimes, pois fazia chegar ao poder o Ignorante e o Pobre. Ignorante por nada propor e sempre mudar os subalternos; o pobre por desejar ficar rico, rouba.

            A ilusão desta democracia em que hoje vivemos, onde indica o direito do povo em designar os seus governantes e de controlar o modo pelo qual exercem o poder que lhes é delegado, foram elaborados mecanismos eleitorais, que não atendem o Povo no Poder.

            Mas vamos ser honestos, o Povo jamais irá ao poder; e se for, o caos será instalado. Isto é uma farsa, por isso Augusto Come já definia que “o termo Democracia, deve ser eliminado, como vago, impróprio e subversivo”.

Mas quanto ao sistema eleitoral sabemos que para legitimar o poder, inventaram a sabedoria popular manifestada pela eleição direta, para substituir a hereditariedade aristocrática; percebemos que o processo eleitoral democrático se baseia em três grandes mentiras:

Primeiro, que os votos são iguais, tanto:
                                             
dos bem intencionados, como os dos interesseiros;
dos competentes , como os dos incompetentes ;
                                               dos honestos, como os dos desonestos,          
                                               dos vagabundos, como os dos trabalhadores,
                                               dos ricos , como os  dos pobres,
                                               dos sábios ,como  os dos idiotas,
                                               dos medíocres como os dos cientistas,
                                               dos teologistas como os dos metafísicos, 
                                               dos metafísicos como os dos positivos ou cientistas.

Segundo, que a maioria tem razão, quando em geral não tem,

Terceiro, quando se aumenta o numero de eleitores, o nível moral e intelectual e cultural baixa consideravelmente. É provável que qualquer dia, nos Congressos estejam lotados de medíocres, altamente egoístas, se dizendo representante da maioria do povo; somente discutindo e nada agindo para o bem deste povo.

            Outros defeitos:

·         Vultuosas quantias de dinheiro utilizados em propaganda e compra de votos, para financiamento de campanhas eleitorais; com dinheiro público e privado, para nada dar ao Povo, não é Democracia.

·         Marqueteiros profissionais ditando as políticas prometidas pelos candidatos.

·         Fraudes eleitorais como as percebidas na penúltima eleição Americana, e em nov. de 2004 na UCRÂNIA.

·         Governabilidade comprometida, devido às alianças pós-eleitorais, como se observa hoje em dia no Brasil. A até por meios corruptos. Compra de votos no Congresso.

·         Percentuais significativos de eleitores, que não comparecem para votar, por não se interessarem pelo resultado dos pleitos.

Nos países do terceiro mundo, grande contingente de eleitores analfabetos, sem parâmetros para escolhas, facilmente influenciados por candidatos e cabos eleitorais desonestos. Os meios de comunicação de massa, não educam e na maioria das vezes não alimentam as reais informações, para que encéfalo do analfabeto possa decidir por uma conduta moral.

A eleição democrática vigente, não passa de uma ilusão, visto que o Povo, não escolhe ninguém, no máximo decide entre candidatos, apresentados pelos grupos mais ativos, indicados em Assembléias Partidárias de forma imoral, na sua maioria das vezes; fazendo com a legalidade dos atuais governos, resulte da força que representa, pois a sociedade é um ser Coletivo, mas que só age, por intermédio de órgãos individuais.

Nós que desejamos atingir o Poder Governamental, para propor fazer o Bem do Povo – Ser Altruísta, isto é, “Viver para Outrem” jamais poderemos atingir tal posição, pois não seremos agraciados pelos $ Milhões, para efetuar nossas campanhas; mesmo que o Partido em que somos filiados receba legalmente tais recursos. Pois as empresas que as doam desejam de forma imoral o retorno do recurso doado.

         O que temos que propor seja lá o nome que viermos a dar é uma DEMOCRACIA APERFEIÇOADA, projeto de melhoria para resolver o problema do Povo; por uma elite Altruísta, cientificamente pensante, de elevado caráter social, policiada por uma Imprensa Responsável e uma Justiça Moralmente Digna; por uma organização de Estado, que discipline mais rigidamente este caos reinante, onde hoje predomina um Progresso Anárquico e uma Ordem Retrógrada. Mas o que é, resolver o problema do Povo, no campo Material ($)? É reduzir a faixa de ganho entre o Rico e o Pobre. Eliminando o miserável e o milionário.

            Pois sabemos que “somente 5% dos seres humanos pensam coisas novas, 10% pensam que pensam, e os restantes 85% detestam pensar”, mas este ultimo grupo adora repetir frases prontas de origem duvidosa.

            Este regimén proposto, a Societocracia, é muito mais democrático que esta democracia que hoje vive no Brasil, causando só estragos. Além de uma Câmara de Orçamento e Gerenciamento, tem um Congresso muito mais representativo democraticamente que este de hoje; vejamos, dois órgãos de Estado Utópico proposto:


1)    A Câmara de Orçamento e Gerenciamento (COG); que elabora o Planejamento da Nação, o seu  Orçamento Físico e Financeiro, e acompanha a sua execução; e que acolhe o Executivo (Exec.), com a presença do Presidente da República, autoridade máxima; com elevada responsabilidade, Material, Social e Moral Positiva, perante a Nação, com seu respectivo estafe ( Banco Central etc.). Acolhe os representantes das Confederações Patronais e dos Sindicatos Nacionais dos Proletários; por seguimento Industrial – bem como os representantes dos Ministérios, dos Bancos e etc. ,  maiores detalhes, por projeções em retro-projetor e comentários .Esta Câmara representa o Povo, da Elite Industrial. Desta Câmara se Governa e se Pronuncia as Leis Naturais e cria-se as leis normativas humanas : indicando os DEVERES e os direitos dos que vivem em Sociedade, de acordo com a Constituição Sociocrática. O Executivo, por meio do Presidente da República, põe em prática o Orçamento Financeiro, Orçamento Educativo Moral Positivo e Intelectual Científico, para o Bem Estar da Sociedade Brasileira. Acolhe, pondo ou não em prática as sugestões, de planos e leis discutidos no CN. Renovação de 12 em 12 anos; pelos caminhos normais. (40%, de renovação de 12 em 12 anos)

2) O Congresso Nacional - CN

Fiscaliza os atos e ações do Presidente da República e dos demais do Executivo que compõem a COG, sobre o ponto de vista Material, Intelectual e Moral – isto é, da aplicação correta dos recursos do Orçamento da Nação, bem como o seu cronograma físico de execução; da aplicação correta das leis científicas; a aplicação correta do Primeiro princípio de governo, que o  mesmo    princípio  do Caráter – A SINCERIDADE – por isso o primeiro instrumento de governo é dar o bom exemplo. Para que o Governante seja um exemplo de conduta, porque a  Força de imitação, fará com que o povo se conduza corretamente. – Cria as CPI(s), com vista à fornecer subsídios para formação de Processos, para que o Judiciário (Ministério da Justiça) possa julgar as Ações ditas Irregulares e dúbias, dos participantes da COG, com base na Constituição Societocrática, que é de cunho Moral Positivo – Cumprimento dos deveres ; " O  Segundo  princípio, são " As   Boas Ações " Não podemos deixar que o Governante se esqueça  de que somos Humanos - temos  corpo  e " alma " .

O Congresso Nacional é uma Câmara, composta de aproximadamente 500 Congressistas, cujos componentes, são formados de 15% de Patronais; 15% de Proletários; 10 % das Forças Armadas; 20% de Funcionários Públicos; 20% de Intelectuais; 20 % de Políticos. Os Políticos são originários de três partidos, por eleição democrática. Os demais componentes são levados ao Congresso Nacional, por eleição Sociocrática, pelos órgãos de suas Classes – Federação, Confederação, Sindicatos; Exército, Marinha e Aeronáutica. Renovação de 7 em 7 anos, de 40% do elenco.
           
O que estou propondo é muito mais democrático do que este sistema que está vigente no Brasil e no Mundo de hoje. Pode ser utópico, mas jamais quimérico. Quem não vai gostar são os Políticos, que perderão o poder de gerarem o caos e se enriquecerem.

            Será que iremos continuar mantendo este estado de conflito por mais quatro gerações ou mais; ou seremos capazes de criar a 4ª VIA, para o Bem da Humanidade, ainda nesta nossa geração?

            Peço Licença e Apoio aos Conservadores, para pacificamente testarmos o Protótipo Regimén Republicano Societocrático Trabalhista / Capitalista, Federativo, Municipalista, para o Bem da Nação Brasileira.

            Brasileiro também é criativo; nem tudo necessita vir de fora para se dar valor. Podemos dar exemplo ao Mundo. Pois o Mundo lá fora nos celeiros científicos não têm mais sentimentos Altruístas, então não podem propor algo semelhante ao por nós sugerido.

            Se houver interesse de Sindicatos tanto dos Proletários, das Classes das  Forças Armadas, e dos Sindicatos dos Patronais e das Mulheres Brasileiras, estarei as ordens para expor em nível de detalhe o que é e como funcionaria a República Societocratica, Federativa,  Trabalhista / Capitalista.

Sem mais para o momento, desejo-lhes.

Saúde, com respeito e Fraternidade,

Paulo Augusto Lacaz
http://societocratic-political-regime.blogspot.com.br/2013/09/os-grandes-objetivos-da-sccbesme.html

=====================================================================

4. SOLICITAÇÃO DOS PROLETÁRIOS PROGRESSISTAS AOS CONSERVADORES PATRONAIS DA ORDEM.

Solicitação dos
Proletários Progressistas 

aos
 
Conservadores 
Patronais da Ordem.


Adaptação do texto de Augusto Comte as Realidades Contemporâneas.
Apelo Aos Conservadores – d e Um  volume, Paris 1855, 2ª edição Tradução em Inglês e Português.
Tradução para o Português por Miguel Lemos 1889, pelo Apostolado Positivista do Brasil; No 194.


O Objetivo Principal, é realmente Incorporar o Proletariado na Sociedade.

                                  
Consiste em solicitação dirigida aos Conservadores de CENTRO, para realizar  a aliança política com os partidos de ESQUERDA e para aliança com os partidos de DIREITA.
           
Destina-se este Apelo, aos verdadeiros dirigentes das Nações, (hoje dominadas e orquestradas pelo poder Financeiro Mundial - Poder Secreto) - que são os empresários ou industriais (Banqueiros, Fabricantes, Prestadores de Serviços, Comerciantes e Agros-pecuaristas), que constroem materialmente os países e a civilização internacional moderna, decidindo as ações a realizar, dirigindo, de fato, à economia e a sociedade, no campo do capital material. Quase sempre, a ação social dos grandes Patronais, que são beneficiados pelos atos acertados do governo político, às vezes muito prejudicada com seus erros ou omissões.

             A doutrina política aqui recomendada tem base no HUMANISMO SECULAR DEMOCRÁTICO, que é quimérico, para desenvolver a fraternidade universal. E procurando obter o Progresso moral, intelectual científico e econômico do país, subordinando-o a Ordem, com a melhor distribuição de renda, entre pobres e ricos – eliminando o miserável e o milionário; bem como criando a noção de Nação - : não conquistadora – defensiva, de forma militar e econômica, pelo cumprimento das leis naturais; subordinando os direitos aos Deveres; a análise à Síntese; o progresso à ordem, o egoísmo ao Altruísmo, e também para o Bem social de toda a Humanidade.

        É pelo Mérito (capacidade, competência, altruísmo e situação) que se definirá sempre, o status de cada indivíduo produtivo na sociedade; resguardando um justo julgamento pelo cumprimento das Leis dos Deveres (Individual, Doméstica, Civil, Continental, Ocidental, Oriental e Planetária); e sendo pela “Sã Política, que é filha da Moral de da Razão”, que poderemos melhorar esta governabilidade.

            Estamos chamando neste trabalho de Humanismo a doutrina filosófica proposta por Augusto Comte, doutrina que identifica os humanos, autônomos em sociedade, como o objetivo e a referência da vida humana. Evitamos desta forma o rótulo de POSITIVISMO, e também os preconceitos adversos, gerados por divulgação antiquada e enganosa, evitando assim o pré-julgamento adverso contra a obra de Augusto Comte, hoje bem divulgada. Dessa forma, convidamos os Patronais e os Proletários a pesquisarem o assunto sem idéias reacionárias, cientes de que uma palavra mal interpretada, por quem desconhece profundamente o assunto, impede o exame cuidadoso do tema.
           
O HUMANISMO secular de Augusto Comte, adaptado para a fase em que estamos hoje vivendo da evolução da Humanidade, mostra que a política é a arte de governar o grupo social; de governar o país e de governar a evolução desenvolvimentista da Humanidade, para o Bem Estar Social de todos os humanos, sob a forma Societocratica, isto é: O Regime Republicano Societocrático Federativo, Municipalista, Trabalhista/capitalista, proposto por Paulo Augusto Antunes LACAZ.

A orientação se diz SECULAR por ter como apoio o conhecimento científico, das ciências teóricas (Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia Positiva e Moral Positiva), da ciência aplicada, isto é, de suas respectivas tecnologias - Topografia, Navegação, Mecânica / Eletricidade / fissão nuclear.etc; Produtos Petroquímicos – Reações industriais, etc.; Mutações Genéticas, etc.; tendo a Economia como sendo uma aplicação tecnológica da Sociologia; as aplicações tecnológicas dos Deveres, com suas respectivas disciplinas pela Ciência Moral Positiva ou Ciência da Construção ou Psicologia Científica – com a Educação, a Sã Política, Deveres/direito; e as 15 Leis Naturais, da Fatalidade Suprema, comuns as 7 sete ciências; que são ciências por possuírem simultaneamente os sete atributos – real, útil, certo, preciso, orgânico, relativo e social; e por isso ter tido saber técnico, e o da experiência prática; em lugar de se referir a um dogma de uma religião teológica ou fetichista ou metafísica, não tendo como objetivo obedecer à palavra dos deuses e sem obedecer à palavra dos livros religiosos, por mais antigos, respeitados e mais conhecidos, que sejam; em não acreditar em entidades criadas pela metafísica. Portanto, a política será feita para que exista completa e consciente imparcialidade religiosa ou ideológica do campo teológico, fetichista e/ou metafísico. Surgindo daí a religião leiga ou Doutrina Humanística, que é uma religião ou Doutrina da Família, da Pátria e da Nação: não conquistadora de forma militar e econômica, e de toda a evolução da Humanidade, tendo por ideal realizar de fato o Bem Estar Social dos Humanos, ricos e pobres, aqui na Mãe Terra, pelo bem público, isto é, pela República, aqui e agora, em um regime político, batizado de SOCIETOCRÁTICO, com liberdade e responsabilidade – Imprensa Livre com responsabilidade e com justiça, onde pode ocorrer a pena de morte, aos realmente insociáveis, promotores dos crimes hediondos, econômicos e financeiros. Onde a disciplina e a hierarquia e o respeito aos superiores, são armas da sociabilidade. Para principalmente defender a BIOCRACIA com a saúde da Mãe Terra.

Notar que nestas informações definimos como Societocracia, criadas por Paulo Augusto Antunes Lacaz, após ter lido mais de 26 Constituições de paises diferentes e diversos tipos de governo, vem criar um benéfico regime onde todos os Trabalhadores – Patronais, Proletários, Sacerdotes e Militares são mantidos na  completa liberdade, com responsabilidade social; jamais a liberalidade – o neoliberalismo é descartado da sociedade; o governo sendo realizado e controlado por legítimos representantes eleitos por classes representativas da sociedade – corporativistas (80%) e 20% do congresso de políticos eleitos diretamente pelo povo de forma democrática. Os demais são indicados pelos seus sindicatos e ou associações ou federações; eleitos de forma sociocráticas. A Societocracia se caracteriza pela liberdade com responsabilidade e por ter  20% de um Congresso, que é soberano, de representatividade popular municipalista, vindo de representantes dos seus respectivos Estados. Tudo isto, é administrado por uma Pronunciadura Republicana.

O Presidente – um Pronunciador Republicano, tem elevada responsabilidade social e é julgado por sistema de ad-referendum ao final de cada 10 anos, pelo Congresso que é soberano. Quaisquer que sejam o tipo de corrupção estão eliminados. Os votos são em aberto. O proletariado é que fiscaliza o Congresso. E o Congresso é que fiscaliza a Câmara de Orçamento e Gerenciamento. As leis são de dois tipos – umas elaboradas pelo Congresso e outras pelo Executivo, que ocupa a Câmara de Orçamento e Gerenciamento.

Existe um Conselho Nacional de Justiça e um Judiciário. O CNJ fiscaliza a conduta moral dos juizes. E quem fiscaliza o CNJ é a Assembléia do Congresso Nacional.

            Mais detalhes quando da minuta da Constituição, do Código Penal e do Código Civil em elaboração.

            Consideramos na vida política, EM NOSSOS DIAS, três TENDÊNCIAS políticas: a ESQUERDA, o CENTRO e a DIREITA., que diz respeito aos Políticos eleitos democraticamente.(20% do Congresso); os demais são apartidários.
           
Definimos aqui de “tendência de ESQUERDA” a intenção daqueles que desejam mudar as instituições, quer por meios legais, quer pela destruição e pela violência. Chamamos aqui a Esquerda radical de REVOLUCIONÁRIOS.
           
Definimos “tendência de CENTRO” como formada por aqueles que desejam manter as instituições políticas protegendo a situação existente. Chamaremos os políticos de Centro, de CONSERVADORES. Os conservadores normalmente chegam ao poder político. Se outro partido assume o governo, sempre se torna conservador ou mesmo retrógrado, porque não mais desejará mudanças graduais nem mudanças radicais.
           
Definimos aqui de “tendências de DIREITA, são ” aqueles que desejam que a política volte aos regimes do passado; a regimes como a monarquia ou desejam a instalação do totalitarismo sem mudança. Os RETRÓGRADOS se qualificam como os partidários da direita radical que propõem o restabelecimento de tiranias do passado, impedindo mudanças pela violência.

            É necessário notar que as três tendências partidárias reúnem políticos que NÃO SE MANTÊM sempre, permanentemente, com a mesma orientação. Podem mudar, sem coerência, dependendo dos interesses pessoais ou de momento.
           
Verifica-se que todo governo que está no poder SE TORNA SEMPRE um governo de Centro, ou, se não é CONSERVADOR, torna-se de Centro, CONSERVADOR. Mesmo os mais radicais de Esquerda, quando assumem o poder, se tornam conservadores, em geral conservadores mais radicais, e, se puderem,  tornam-se cruéis ditadores tirânicos, como ilustra bem o caso do sapateiro Joseph STALIN e no caso de muitos outros revolucionários. O totalitarismo conservador dos revolucionários, então de extrema direita totalitária conservadora, mantêm-se pela violência e se proclamam, enganosamente, de governos “de revolução libertadora”.
           
A filosofia da história mostra que o PODER para governar, sempre, no passado, pertenceu aos que possuíam a RIQUEZA da sociedade. Essa forma de governar PODE SER VERIFICADA nos registros históricos, nas grandes civilizações do passado. O PODER e a RIQUEZA sempre estiveram juntos, na história humana. Com o fim do feudalismo e com a secularização que resultou do enfraquecimento da religião teológica ou doutrina teológica, o poder passou a ficar separado da riqueza. Essa colocação do poder em mãos outras do que nas mãos da riqueza, dos donos do capital, é contrária à prática política constante na história. Na verdade os representantes dos Poder Secreto, têm como representantes os atuais governantes do Brasil, o FHC, o Lula, o futuro que é o Governador de Minas, etc.. E resultou do aparecimento das novas classes de produção e de comércio na civilização do ocidente europeu, formando e era industrial moderna, após a extinção da atividade guerreira predominante.
           
            A original filosofia da história é mostrada no quinto e no sexto volume do COURS DE PHILOSOPHIE POSITIVE, Paris: ed. Bachelier, 1830-1842, e, em pormenor, na Sociologia científica teórica desenvolvida por Augusto Comte em seu SISTÈME DE POLITIQUE POSITIVE, em quatro volumes, Paris: ed. Mathias, 1851.


TEXTO DE REFERÊNCIA. O texto original é:
            Augusto Comte, APELO AOS CONSERVADORES, Rio de Janeiro: Igreja Positivista, 1899. O texto original, em francês, é APPEL AUX CONSERVATEURS, edição de Dalmont, Paris, 1855.
                       
                        OUTRAS FONTES sobre o Humanismo:
                        Internacional Humanist and Ethical Union
                        http://www.iheu.org/modules/new/
                        Humanist World
                        http://www.iheu.org/modules/xfsection/
                        Wordwide Index of Humanist Groups
                        http://www.secularhumanism.org/intl/index.htm
                        Council for Secular Humanism
                        http://www.secularhumanism.org/council/index.htm

                       
As NOTAS abaixo incluem uma interpretação livre, comentada e feita pelo positivista Ângelo Torres, apenas de parte do texto original que apresenta interesse político imediato. Muitas notas incluem informações não contidas no original, sendo muitas dos textos de Augusto Comte e outras são referentes a fatos recentes. A interpretação faz a atualização e adaptação do vocabulário usado, com o emprego de palavras usuais, mas não pretende mudar o significado do texto, nem alterar o pensamento do filósofo, mas, no caso de dúvida, deve ser comparado ao original. Dessa forma, as notas são de completa responsabilidade do comentador. Onde agradece a colaboração feita por colegas e amigos, por suas indispensáveis correções, críticas e sugestões.


NOTAS COMENTADAS, por Ângelo Torres.   Número de páginas: Os números à direita, indicam a página do texto na referência do livro de Augusto Comte.


  • O objetivo deste APELO  AOS CONSERVADORES é unir os políticos de centro, com a direita não retrógrada e com a esquerda não niveladora. p. XIII.

·         Os conservadores de centro são uma força numerosa e forte que procuram se afastar tanto dos revolucionários, como se afastar dos retrógrados. 001

  • Ordem e progresso significam PAZ E LIBERDADE. Significa manter a PAZ, pela manutenção das instituições, e, ao mesmo tempo, o progresso exige as LIBERDADES.

  • Em geral os conservadores são postos no poder, salvo em momentos de crise política.

  • Mas os partidos do centro no poder procuram neutralizar a esquerda revolucionária por meio da ação da direita retrógrada. E nessa tarefa para a obtenção de um equilíbrio produz a perda de tempo e de recursos que poderiam promover o progresso da nação. Esse equilíbrio instável se faz entre o perigo do retorno ao poder pelo direito divino e o perigo de incompetência e crueldade da revolução de baixo para cima.

  • O humanismo é necessário para PREVER e para CONDUZIR, por meio do saber da ciência política.

  • Ordem (Patronal) e progresso (Proletário), correspondem a RETER e IMPULSIONAR. 003

  • O mais profundo preconceito da esquerda revolucionária é a tentativa de DOMINAR, pela violência a OPINIÃO, com a extinção da liberdade de consciência, usando o poder político coercitivo. É o TOTALITARISMO, que supõe que o poder político tudo pode controlar. A ditadura do totalitarismo tirânico deve ser superada, deve ser evitado.

  • O preconceito revolucionário mais profundo e mais perigoso é usar o poder político para controlar a opinião pública, com a destruição da liberdade. 004

  • A liberdade da opinião só pode ser assegurada pelo conhecimento da CIÊNCIA POLÍTICA moderna, apoiada na filosofia da história, esclarecida pela sociologia científica de observação. 005  - Esse progresso depende de levar o saber verificável até as ciências humanas, até a sociologia e até a Moral Positiva, ou Psicologia Científica ou HUMANISMO científico ou Ciência da Construção. 007

  • O consenso universal em todos os povos e em todo o mundo só pode ser obtido com a aplicação do conhecimento científico, que vale em todos os lugares e em todos os tempos. Esse saber TEÓRICO CIENTÍFICO, resultou da lenta evolução humana, pelos indivíduos e pela sociedade. A ciência moderna aplicada à política deve apoiar-se em teorias comprovadas e verificáveis pela observação e pela aplicação repetida. 009
       
A EVOLUÇÃO DA TEORIA POLÍTICA

·         A lei dos três estados das teorias estabelece que:

CADA UMA DAS NOSSAS TEORIAS, PASSA PRIMEIRO PELO MODO DE MITO OU FICÇÃO, EM SEGUIDA PELO MODO CRÍTICO OU DE ENTES ABSTRATOS, METAFÍSICOS, E, EM TERCEIRO MODO, ENFIM , COM O MODO CIENTÍFICO OU POSITIVO. 011
           
  • O saber TEÓRICO acumulado pela sociedade passou por uma revolução bem determinada. CADA UMA TEORIA passou por três modos:

PRIMEIRO MODO: a teoria explicada com MITOS, sendo MITOLÓGICA, com feitiços e deuses;
           
SEGUNDO MODO: a teoria se tornou CRÍTICA, REVOLUCIONÁRIA, negando os mitos, negando os deuses, e passa a explicar a realidade por meio de entes abstratos, metafísicos, puras palavras vazias; como o Ser, a Sábia Mãe Natureza, a Energia Cósmica;
           
TERCEIRO MODO: a teoria descobriu algumas das regras fixas, confiáveis. Descobriu a CIÊNCIA com  suas leis teóricas constantes no plano abstrato teórico, como normas universais e tornou-se conjunto da teoria CIENTIFICA ou POSITIVA.

            As teorias, para cada caso, tiveram sua evolução mais rápida se o assunto fosse mais simples, como na matemática e na astronomia. Essas foram as primeiras ciências teóricas estabelecidas. As teorias em assuntos mais complicados tiveram sua evolução mais lenta, como em física, química e em biologia, em sociologia, em ciências humanas, A MORAL Teórica Positiva, são ciências teóricas e aplicadas muito modernas e muito recentes.

 CIÊNCIA POLÍTICA CIENTÍFICA

             Como resultado da evolução das teorias, obtemos na ação política uma orientação segura com base na sociologia abstrata, como ciência teórica moderna. A teoria a usar na CIÊNCIA POLÍTICA será, assim uma teoria científica aplicada e confirmada pela observação da política real e do saber filosófico tomado da crítica inteligente dos milenares eventos anotados nos Anais da história da Humanidade.

             A evolução social é o extremo prolongamento da progressão animal, da evolução animal, que ilustra o conhecimento da hierarquia dos seres reais, ordenando os animais em ordem crescente de complexidade.

            Augusto Comte elaborou a classificação das ciências abstratas, dando ao sistema científico uma metodologia original, como uma moderna filosofia das ciências, propondo a sociologia teórica e a psicologia abstrata como verdadeiras ciências positivas. 012

            A ética deve ter como referência o bem da sociedade, o bem do povo, do trabalhador. A moral humanista se refere ao humano, aos agentes individuais que formam a sociedade desde o passado, até o presente, chegando ao futuro. Aos humanos cabe a tarefa de conhecer, amar e servir a sociedade – essa é a ética humanista secular leiga, sem preconceitos e sem conflitos religiosos. Cada uma e toda religião e toda seita devem ser respeitadas e vista como etapas de nossa evolução social, no passado e em nossos dias. 017

            A política moderna não pode ser religiosa, porque não há uma religião que governe todos os humanos, uma religião que seja universal. Em especial no monoteísmo, os deuses são ciumentos, exigindo a condenação e morte de todos os outros deuses. Os adeptos dos deuses  modernos estão em guerra permanente. Portanto, a política moderna deverá promover a liberdade religiosa e será sempre uma política secular  leiga  sem denominação  ou tendência religiosa. Os religiosos devem ser convencidos a se dedicar á  orientação de âmbito pessoal, particular, sem poder no governo da terra, preocupados com o governo espiritual de seus paraísos celestiais. 023

            Os teóricos, pesquisadores, os cientistas, e filósofos do humanismo, não devem ter parte no poder ou a ele se aliar. O que será mais fácil e mais comum se o governo não puder pagar salário a jornalistas, professores ou a outros formadores de opinião. Devem manter sua independência, tanto do poder político, como do poder da riqueza, do poder econômico. Dessa forma, poderão orientar os políticos para promover a paz, mantendo as instituições estabelecidas para promover o progresso, para a prosperidade de todos, pra a prosperidade dos trabalhadores, para a proteção dos pobres e dos mais pobres, livrando-se da miséria e da doença.
           
A filosofia humanista deverá orientar os partidos conservadores do centro para que façam a aliança com os retrógrados da direta e com os revolucionários  da esquerda para promover a prosperidade por meio do progresso industrial e pacífico.
            Os conservadores poderão participar ativamente do movimento político proposto, mesmo que rejeitando à filiação completa ao humanismo leigo, por terem outra orientação ideológica política ou religiosa.


PRIMEIRA PARTE.

            A política própria para os conservadores. A norma política de base a seguir deve ser clara e segura. Sua definição deve ser tornada pública. 025
           

CONDIÇÕES DE GOVERNO. Em todas as sociedades existe a especialização e existe o comando para que cada especialista tenha sua ação voltada para os objetivos da coletividade. A especialização é a divisão das profissões e dos trabalhos. O comando é feito pelo governo, que pode ser o governo material, para as ações, ou pode ser o governo moral, por meio da opinião, do ensino, por meio da religião, da propaganda. Como conseqüência, em cada sociedade, existe quem COMANDA e existe quem OBEDECE. Se não houver obediência, não há governo, a sociedade não pode existir, a sociedade se desfaz, porque os seus agentes, que sempre são autônomos, ficam em conflito. E o governo deve ter unidade, quer dizer, para cada atividade, deve haver um único dirigente. Se houver divisão do comando, com vários chefes, não há harmonia no grupo, falta UNIDADE, falta coerência, isto é, as ações não se fazem numa única direção, com um só destino. Assim, não se pode promover o GOVERNO DE TODOS POR TODOS, porque seria o caos, o fim do governo, por falta de um comando único. Numa assembléia, sabe-se que ninguém manda, porque todos mandam e não há responsabilidade pessoal. A democracia, como regime político de liberdade e de representação do novo trabalhador não pode existir se TODOS mandarem. Mandam, de verdade, os REPRESENTANTES do povo. E nem todos os representantes representam bem os trabalhadores e nem sempre promovem a prosperidade do povo. 028

            O governo tem o mando, e o grupo comandado deve obedecer. É a ordem DE CIMA PARA BAIXO. Se a ordem for DE BAIXO PARA CIMA, ou seja, se todos comandam, não há governo, é a revolução, o fim do grupo, não há progresso. São duas as condições para o desenvolvimento do grupo:

1. Que exista QUEM MANDE;

2. Que exista quem obedeça, que aceite A SUBMISSÃO ao comando, voluntariamente de preferência, ou involuntariamente. Portanto, não há progresso sem submissão dos comandados. Não há aperfeiçoamento, não há progresso sem submissão. A educação mostra que obedecer é a norma, e que obedecer de boa vontade nos conduz ao conforto, ao progresso. 028

DOUTRINA POLÍTICA. 030

            Noções correlatas.

            I EMOÇÕES. É importante notar que os sentimentos são motores afetivos que levam o animal a agir. O sentimento de união ao grupo, o sentimento gregário, o altruísmo, é o verdadeiro motor do progresso humano em sua longa, milenar, evolução social. Os importantes e indispensáveis sentimentos de proteção da pessoa, que são os do egoísmo, não devem perturbar a ação política.
           
            II RELATIVIDADE. O progresso da sociedade, o seu aperfeiçoamento, faz reconhecer suas imperfeições. Ou seja, o aperfeiçoamento indica que haveria, antes imperfeições. A melhoria das instituições políticas ocorre por haver falhas. O progresso corrige essas falhas, sendo sempre relacionado às situações, que se alteram com o tempo. O progresso, assim, é relativo às condições de tempo e de lugar. 033

            III AÇÃO CONSTRUTIVA. A ação política deve combinar a ação com a opinião para atender ao bem da sociedade, numa ação construtiva harmoniosa. 034

            A norma do humanismo mostra a sociedade com base na FAMÍLIA, que forma a PÁTRIA. Essa norma é a garantia da autoridade e da propriedade. Ao longo de uma evolução milenar, cada filosofia, base mental de cada religião, em sua época de maturidade, assegurou a convergência dos humanos, por sua narrativa, servindo, dessa  maneira, para a formação da grande sociedade, em nossos dias globalizada financeiramente, a grande humanidade, no mundo; que deverá no futuro ser globalizada altruísticamente. Em SÍNTESE, o HUMANISMO se torna a nova forma de pensar, a nova filosofia: os humanos, em sua vida, realizam seu destino permanente, em todas as épocas, para CONHECER, AMAR E SERVIR à HUMANIDADE. Nas diversas religiões, a referencia da vida foram os seus deuses, que sempre levavam os homens ao serviço da sociedade, quando a doutrina religiosa chegava à maturidade. A doutrina da REVOLUÇÃO, da luta de interesses, da luta de classes, não resulta em desenvolvimento social, porque, de maneira enganada, supõe, em erro, que o motor do progresso é a luta egoísta. A política orientada de BAIXO PARA CIMA é revolucionária e destruidora da harmonia social. 035

035 HUMANIDADE. A norma geral é a FRATERNIDADE UNIVERSAL, realizando a atividade pacífica com base na ciência moderna para a prosperidade de cada trabalhador e da Nação. No humanismo, sociedade é vista como fundada na família, que, em conjunto, formam as pátrias. O humanismo construtivo mostra a importância de cada civilização em cada época, como fases sucessivas de um processo evolutivo contínuo, embora não exatamente linear. Vê-se que o PASSADO prepara o FUTURO, com ajustes do Presente, numa evolução gradual. A cultura social humana é a continuação espontânea da evolução animal, na única espécie capaz de acumular o conhecimento, movido pelo sentimento de sociedade, o altruísmo. O altruísmo é o verdadeiro motor da história humana. 035

            O sentimento associativo, o altruísmo, a palavra criada por Augusto Comte, leva cada agente a obedecer à disciplina humana, que permite a convergência das ações. A obediência, a subordinação às normas e às leis é necessária ao progresso social. 042

            O humanismo construtivo faz o reconhecimento da importância das civilizações antigas e de todas as religiões que se criaram na evolução da sociedade. O humanismo comprova que o PASSADO prepara o Futuro, numa evolução continua, pelo ajuste do Presente. 043


INSTITUIÇÕES IMPORTANTES.  

1ª A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA ou MORAL TEÓRICA POSITIVA. A comunicação política se torna importante para gerar sentimentos e emoções. Os sentimentos são os motores que orientam a ação. A comunicação bem feita pode ajudar o partido conservador a obter o apoio de todo o povo na sua doutrina e na sua ação política. É necessário que todos reconheçam  que o mundo exterior domina a sociedade, e que os humanos apenas aprendem a modificar o mundo seguindo e se subordinando às leis que conseguem descobrir.  Todas as teorias, crenças e mitos do passado devem ser respeitadas por sua benéfica ação realizada de forma espontânea e por vezes confusa, criada pela sociedade. 046

            2ª  A LIBERDADE TOTAL. Com o fim da IDADE MÉDIA, ocorreu também a redução do predomínio da atividade militar, então, em geral, feita em caráter defensivo. A civilização tornou-se A CIVILIZAÇÃO INDUSTRIAL que exige a liberdade de fabricar e de comercializar sempre dentro de normas fixas e de paz social. A liberdade de opinião deve ser mantida pelo governo político, na atividade produtiva e pacífica. A liberdade é a base para o desenvolvimento social. A tirania, a falta de liberdade, paralisia a iniciativa. É o totalitarismo, em que o governo político destrói a liberdade de consciência e das demais liberdades sociais. 050

            3ª O PAPEL DA MULHER. É importante a função feminina como mãe de família e como educadora. A manutenção da FAMÍLIA é o fundamento da ação política do país. Os cidadãos formados em famílias bem constituídas não aceitarão as práticas políticas de retrocesso nem as práticas políticas destruidoras dos revolucionários radicais. 052


APRECIAÇÃO APLICADA. Ação imediata. 055

            A ação política da elite dos conservadores será mais efetiva se tiver uma doutrina moderna para que ocorra a soma das ações dos seus componentes. Um impulso unânime deve ser constantemente sentido por todos. A massa geral da sociedade pode apresentar resistência natural contra a nova ação política dos conservadores.
            A nova política de RECONSTRUÇÃO é o resultado da MAIS PROFUNDA REVOLUÇÃO MENTAL da nossa espécie, pela formação da nova filosofia do HUMANISMO SECULAR. A transformação mental promove a promoção da capacidade intelectual, moral e política dos conservadores, que são a elite dirigente.


PLANO IMEDIATO. 060

            I VIDA PESSOAL. O partido conservador deve mostrar a todos que a disciplina pessoal faz parte da colaboração voluntária nas ações de reconstrução da nova sociedade, como uma civilização pacífica e industrial. Essa norma decorre da nova teoria sociológica positiva. A disciplina resulta da obediência às normas estabelecidas. Sem essa subordinação não há aperfeiçoamento.

            II VIDA FAMILIAR. O partido conservador mostrará como a família tem sua constituição com base na figura da MÃE como orientação principal na educação dos filhos e mesmo na educação continuada de toda a família, para colocar cada agente pessoal a serviço da sociedade, sempre em plena autonomia e plena liberdade, voluntariamente. É o que resulta da disciplina, com a submissão do egoísmo, dos interesses pessoais, com boa vontade, em baixo de bem aceita aplicação do sentimento social, do altruísmo. 066

            III VIDA PÚBLICA. A completa liberdade pública será sempre mantida pelos conservadores, por meio da redução do poder coercitivo do governo, LIMITADO ao controle dos ATOS dos cidadãos na vida pública. O governo material fica encarregado apenas de limpeza pública, polícia, abastecimento d´água e tarefas em que não exista empresa particular que se ofereça para sua realização. O poder político será proibido pelos conservadores de controlar a formação da opinião pública, assegurando a mais completa liberdade civil, de manifestação, de reunião, de ensino, de religião, em todos os aspectos. Os conservadores nunca permitirão a interferência do poder público sobre a propaganda, sobre a consciência, sobre todas as liberdades civis, proibindo a tirania da ditadura e do totalitarismo. 072
           
Pelo contrário, a OPINIÃO PÚBLICA, em plena liberdade, terá a importante função de FISCALIZAÇÃO do governo político. Essa opinião pública em liberdade é a garantia efetiva contra o totalitarismo. Os formadores de opinião, com as funções do sacerdócio do passado, como os professores, psicólogos, sociólogos, médicos, jornalistas, devem ser plenamente livres das normas e da legislação do poder político, e devem ser impedidos de se tornarem mercenários bem pagos pelo poder político corruptor.
           
O ensino primário fundamental público e gratuito será oferecido pelo governo. Mas o ensino científico deverá ser oferecido pelo ensino particular, sem a intervenção do governo, mantida a plena liberdade de ensino. Os formadores de opinião ficarão com a missão de sistematizar e desenvolver a harmonia das classes sociais. Deverão estimular a ética social dos grandes empresários, em sua ação no desenvolvimento do país e na criação de empregos. Os empresários dessa forma merecerão o respeito e a admiração dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, os empresários oferecerão proteção aos pobres e aos mais pobres, estimulando o voluntário que ajude a corrigir as injustiças e a miséria.
           
O ensino científico LIVRE, não oficial, não governamental, deve colaborar para que a opinião pública se torne livre dos sentimentos de REVOLUÇÃO E LIVRES SERVILISMO. O que corresponde a evitar os trabalhadores mostrem INVEJA CONTRA OS RICOS e contra os empresários.
           
São os maiores empresários que decidem as ações no país, são eles quem  de fato governam as ações que produzem a riqueza da nação que promovem a prosperidade dos trabalhadores, que tornam o país mais próspero. 075
           
Os formadores de opinião, fora  do governo, deixando de ser mercenários a serviço do poder, se tornam, assim, os FISCAIS IMPARCIAIS dos empresários e do governo com a colaboração ativa dos trabalhadores. 076
           
As normas políticas do humanismo, a serem seguidas pelos empresários, devem recomendar que os conservadores façam a aliança política com os retrógrados e com os revolucionários no governo político. 081


SEGUNDA PARTE. Aliança dos conservadores com os retrógrados.
Geral p. 83  I Sistema de Gratidão p. 107   II Aliança Religiosa p. 113.

COMO OS CONSERVADORES DEVEM AGIR COM OS RETRÓGRADOS. 083

            Um grande problema só pode ser levado a sério depois que for proposta uma SOLUÇÃO.

Caso contrário, as questões são postas de lado, não são consideradas. Portanto, após o conflito que houve ao fim do feudalismo e de suas crenças na secularização, a reconstrução só poderá ser feita se existir uma solução. Sem uma solução estabelecida, o perigo da destruição revolucionária recoloca os retrógrados no poder político. Assim o retorno a regimes radicais de direita totalitária, não podem ter a nossa aprovação, merecendo, porém, a nossa simpatia, por protegerem as instituições, por protegerem a ordem estabelecida. 084
           
Portanto, os conservadores podem merecer e obter a aliança com os retrógrados da direita, se conseguirem evitar o perigo da ação destruidora dos revolucionários. 085

            A reconstrução política do governo só poderá ser feita de acordo com as normas humanistas bem compreendidas e destinadas ao bem da coletividade. A existência de uma opinião pública livre é fundamental para a ação política dos conservadores. 087

            As normas de ação política deverão se apoiar na sociologia científica, levando a uma filosofia social e a um humanismo moderno leigo, sem oficializar sem preconceitos religiosos e ideológicos fetichistas, teológicos e metafísicos. Será possível uma imparcialidade completa do poder político, com a proibição da propaganda oficial e da intromissão do poder material político da riqueza e da violência na formação da opinião pública. Com a reconstrução do governo político moderno, a sociedade industrial e pacífica fará a prosperidade e riqueza dos trabalhadores e da nação, fará o progresso desejado de todos na coletividade.
            Os políticos de direita retrógrada ficam, em geral, sem ação, permanecendo passivos em termos normais. Mas se tornam ativos ao ocorrerem perturbações das instituições. E sempre são muito úteis já que podem evitar, com sua vigilância, os males da revolução social. 101


ALIANÇA DOS CONSERVADORES COM A DIREITA. 104

            Devem ser feitas duas ações:

            I SISTEMA DE GRATIDÃO;
            II ALIANÇA RELIGIOSA.

            A pequena burguesia é perturbadora, e em geral egoísta e frívola. Os partidos aristocráticos de direita podem muito ajudar ao governo dos conservadores. 105
            O governo político não deve manter nenhuma doutrina e nenhuma religião oficial, mantendo a total liberdade de consciência e de ideologia. 106

             
I SISTEMA DE GRATIDÃO. O governo deve ser leigo, secular, para evitar a tendência para a TEOCRACIA, que é o governo pelas autoridades religiosas, ou com influência predominante dos religiosos teologistas. Mas deve o poder político oferecer completa liberdade aos religiosos de todas as seitas. E mais ainda, mostrar respeito e gratidão a todas as seitas e ideologias em sua propaganda e em sua atividade de ensino. 107
           
O partido conservador deve mostrar o reconhecimento geral ao catolicismo por sua civilização na Idade Média, como pela tendência católica ao culto da figura de mãe, na pessoa da virgem, mãe da divindade, e pela unidade de doutrina resultante da chefia do Papa, tido como infalível. Os protestantes apresentam uma tendência que varia em ser ora retrógrada, ora revolucionária. Mas os deístas e panteístas por vezes tendem á retrogradação teocrática ou ao governo dos sábios, o que se chama de PEDANTOCRACIA, que representa o poder nas mãos dos intelectuais retrógrados, sempre com tendências totalitárias. 110

II ALIANÇA RELIGIOSA. O partido conservador deve estimular o acordo entre os políticos da direita religiosa para que se unam num ECUMENISMO sem denominação, mantendo a cordialidade entre as diversas interpretações religiosas, evitando a pretensão do domínio de uma das seitas sobre as outras. O acordo ecumênico é uma proteção contra a reação anti-religiosa dos partidos de esquerda. A ALIANÇA RELIGIOSA deve, em especial, aliar cristãos e mulçumanos. 113


3ª PARTE
ALIANÇA DOS CONSERVADORES COM OS REVOLUCIONÁRIOS.

I GERAL
            Os conservadores não devem LIMITAR SUA AÇÃO POLÍTICA realizando apenas a NEUTRALIZAÇÃO da perigosa ação dos revolucionários empregando a reação dos partidos de direita. Essa atuação leva a uma estagnação política, sem progresso da Nação. Temos três partidos: Os conservadores ficam sempre com o poder, os retrógrados de direita resistem às mudanças, defendendo as instituições. Os revolucionários de esquerda fornecem o impulso para as mudanças. Por falta de um programa político, todos os partidos são incoerentes, por vezes seus agentes trocando de posição repetidamente. 123

            Aos revolucionários falta uma TEORIA PARA PREVISÃO. E a eles falta uma CHEFIA competente para desenvolver a teoria e o programa necessário. Os dirigentes de esquerda são incompetentes. Os revolucionários receberam da Idade Média dois problemas inseparáveis: Primeiro problema: acabar com a pobreza assimilando a população à sociedade. Segundo problema: criar a civilização científica mundial do humanismo para substituir a civilização teológica da Idade Média. 126

            ESSA É A MAIS PROFUNDA REVOLUÇÃO MENTAL DA EVOLUÇÃO HUMANA. É a mudança que prepara a nova sociedade industrial e pacífica moderna, jamais vista no mundo. 127
           
NOTAR BEM que estamos colocados frente ao problema de realizar a mais profunda revolução mental da história humana.
           
Os revolucionários ilustrados, diplomados, são os mais perturbadores e mais atrasados. 129
           
O individualismo radical coloca a opinião e os objetivos pessoais acima das normas sociais, levando à revolução e à anarquia. O que impede a reorganização e o progresso da sociedade. O individualismo radical leva a uma infatibilidade do indivíduo para substituir a INFATIBILIDADE DO PAPA. É a suposição de que existe a INFATIBILIDADE DA OPINIÃO DE CADA UM, o engano que se opõe a toda direção e a toda regra. A infatibilidade de cada pessoa é base de revolução de cada um contra a coletividade. É a revolução destruidora. Todo grupo tem um chefe, um orientador. Os trabalhadores costumam confundir a FRATERNIDADE com todos com a IGUALDADE de todos, prometida pela esquerda, igualdade que degrada, igualdade que não se realiza, igualdade de mentira, usada pela propaganda enganosa. 130
           
É a promessa de igualdade que satisfaz à VAIDADE e satisfaz à ambição de chefiar, que são a doença moderna, doença da fase destruidora da Idade Média. Em geral os revolucionários letrados são incuráveis, ao contrário dos revolucionários trabalhadores. A principal tarefa dos conservadores  é promover o esclarecimento dos trabalhadores e do povo, para que desconfiem  dos revolucionários niveladores, ambiciosos se incompetentes. Eles prometem uma igualdade impossível. 131
           
Os doutores revolucionários são formados pelos sacerdotes católicos, são filhos intelectuais degenerados dos religiosos. Mostram a insuficiência as crenças religiosas em nossos dias. 133
           
Os retrógrados desejam a construção da nova civilização, mas sem abalo brusco. Os revolucionários procuram a mudança por meio de reformas radicais e imediatas. 135
           
O humanismo regenera a sociedade, REGULANDO e HARMONIZANDO as novas classes surgidas após a SECULARIZAÇÃO, que marcou o fim do poder religioso do papa e com o fim do FEUDALISMO da Idade Média, na Europa do Oeste. Essa Europa católica é que liderou o progresso humano, progresso que resultou da evolução religiosa no catolicismo da Idade Média. Note-se que os primeiros cientistas no fim da Idade Média eram padres, que, desenvolveram a ciência dos gregos, sem saber que o espírito científico moderno, mais tarde, se mostraria contrário à sua própria religião e também das outras religiões. 136
           
A classe empresarial deve colaborar para que os trabalhadores possam manter a família bem organizada, como a melhor base das instituições da sociedade. O empresariado deve dar o exemplo de dedicação aos pobres e de sua proteção. Dessa forma, serão merecedores do respeito e do agradecimento dos trabalhadores. Trabalhadores verão que a luta, a violência e os sentimentos revolucionários só favorecem aos enganadores gananciosos, sem promover o enriquecimento dos pobres e da sociedade. 137

            Os conservadores devem governar, mantendo:

1.    A ORDEM MATERIAL;
2.    O DESENVOLVIMENTO DA NAÇÃO;
3.    A LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, DE OPINIÃO.
           
A educação NÃO DEVE ser controlada pelo poder político. A LIBERDADE DE ENSINO deve ser mantida. 142

A plena liberdade produz a desigualdade das pessoas, mostrando a diferença entre os indivíduos e grupos. Assim, a liberdade faz mostrar a desigualdade, mostra a diferença entre as pessoas. 146
           
O nivelamento político artificial coercitivo, com a igualdade obrigatória de todos, destrói a liberdade. É um aspecto do totalitarismo comunista, uma política impossível. 145

            Os revolucionários são de dois tipos:
           
1.     OS REVOLUCIONÁRIOS LETRADOS, os DOUTORES
2.     OS REVOLUCIONÁRIOS TRABALAHDORES.


E podem ter duas outras tendências revolucionárias:

1.    REVOLUCIONÁRIOS LIBERAIS EM POLÍTICA, a favor da liberdade;
2.    REVOLUCIONÁRIOS NIVELADORES, não literários.

Podem ainda ser:

1.    REVOLUCIONÁRIOS SOCIAIS, ASSOCIATIVOS
2.    REVOLUCIONÁRIOS INDIVIDUALISTAS.

 Os revolucionários doutores tendem ao individualismo e os revolucionários trabalhadores tendem a ser revolucionários sociais. Os melhores revolucionários são os revolucionários adeptos da liberdade política e os revolucionários sociais. Os doutores são irrecuperáveis, em geral. Devemos apoiar os liberais em política e negar apoio aos niveladores da igualdade. Acolher os letrados liberais em política, mas repelir os proletários niveladores.

            Os revolucionários formam a tendência partidária MAIS INCOERENTE de todos os partidos. 153
           
O parlamentarismo esconde a tirania do poder político sobre a opinião livre. Ela dissimula o totalitarismo, a falta de liberdade, já que a tirania é oficializada pelos falsos representantes do trabalhador. Aparenta ter decisões unânimes e justas oficializada por uma assembléia. A decisão em assembléia é imprevisível, onde não há poder individual, não há unidade de comando. E não há responsável, não há governo. 154

O sistema eleitoral deve ser adequado para os objetivos políticos de reconstrução da civilização moderna. Para evitar a demagogia, o voto deve ser aberto e não secreto. O uso do processo eleitoral é aconselhável, mas quando mal empregado dá lugar à instabilidade política, à anarquia e à demagogia.

Os revolucionários, à esquerda, são os agentes do programa histórico posto na Europa Ocidental, são os políticos que estimulam a ação política, que promovem o progresso.

A ALIANÇA POLÍTICA a ser feita pelos conservadores deve unir a ação política dos conservadores e dos funcionários liberais não niveladores. O objetivo final é retornar à união do COMANDO com a RIQUEZA. Os retrógrados devem ser convidados a uma ALIANÇA RELIGIOSA para unir os diversos religiosos a serviço da ética na sociedade. Os revolucionários podem ser aproveitados por meio da comunicação, por meio do apelo a seus sentimentos sociais. 155

A pequena burguesia é egoísta e frívola.

A pequena burguesia invejosa promove a resistência contra a concentração do poder com os grandes proprietários. Só o grande empresariado proporcionará o desenvolvimento econômico e os empregos necessários à vida e ao progresso dos trabalhadores. 160

            O humanismo na política deverá promover duas alianças:

1.     A ALIANÇA RELIGIOSA com os religiosos retrógrados. 162
2.     A ALIANÇA POLÍTICA com os revolucionários, sob a direção dos conservadores. 162

Somente os conservadores podem instalar um governo de progresso, mantendo as instituições. O ACONSELHAMENTO POLÍTICO deve sempre estar fora do poder político. Ou seja, os cientistas políticos não  devem pertencer ao grupo do poder, não terão cargo no poder. Assim, eles não poderão IMPOR as suas sugestões, que deverão ser aceitas por seu valor real e jamais pela coerção do poder. 164
           
Os humanistas respeitam, sempre, todas as autoridades constituídas, sem diferença de sua tendência.

Os humanistas têm o dever de orientar os conservadores, mantendo-se fora do poder político. Dessa forma os conselhos se mostram imparciais e terão completa plena liberdade, sem pressões ideológicas do poder. 165

O presidencialismo sempre manterá amplas liberdades civis, SEM INTERVIR na FORMAÇÃO da OPINIÃO PÚBLICA. Os formadores da opinião terão sempre total liberdade. O presidencialismo é estritamente temporal, material, sendo republicano com amplas liberdades e monocrático, para ter unidade de comando. 167

O governo político deve sempre ser respeitado, da mesma forma como a propriedade e a riqueza. 168

O respeito ao governo deve sempre ser mantido, embora estejam em mãos de maus políticos, para que não haja revolução e violência. Os ricos devem estar preparados para retomar o poder, que sempre lhe pertenceu na historia do governo político.
           
O verdadeiro republicano tem que ser conservador. E só pode ser conservador se for republicano. Porque os republicanos não farão bem ao povo por meio da revolução. E os conservadores não podem retroceder por meio da monarquia hereditária ou pelo totalitarismo tirânico. 169

Os ricos atuando com dedicação, eficiência e correção no poder merecerão e receberão a gratidão e a veneração dos trabalhadores.
           
Há os demagogos retrógrados e os retrógrados demagogos. 171

            O PARTIDO CONSTRUTOR deve assegurar:

1.    Não destruir, não usar violência;
2.    Não retrogradar aos privilégios de classe.

 DUAS TRANSFORMAÇÕES POLÍTICAS

I.  CULTO HISTÓRICO p. 173
II. DESCENTRALIZAÇÃO, MUNICIPALIZAÇÃO p. 180


I. CULTO HISTÓRICO

            O governo dos conservadores deverá instituir o CULTO HISTÓRICO CÍVICO, de caráter humanista leigo, que não religioso teológico, metafísico ou fetichista, pelo uso da comunicação social, comemorando os eventos do passado por meios dos feriados e da comunicação. Esse culto não terá feição religiosa, mantendo a separação do governo político em relação a todas as religiões e todas as seitas, para manter a LIBERDADE RELIGIOSA e a LIBERDADE DE IDEOLOGIA. O culto histórico destina-se a manter e incentivar o amor à pátria e aos seus maiores servidores, mostrando a ligação da ação política com os serviços prestados pelos nossos antepassados. Deve reforçar a gratidão dos que vivem no presente em relação aos que viveram no passado. A gratidão nos encaminha à disciplina pessoal e política, com a necessária adesão aos ensinos do passado. É um tratamento político preventivo contra a doença da revolta contra o passado. 173
           
Com a completa liberdade da sociedade, a disciplina material, por meio das instituições políticas no governo, deve ser feita em meio à desordem intelectual e moral das opiniões e costumes, que devem ser livres. Porque o governo político não tem poder sobre o plano moral e intelectual. Toda insurreição, toda revolução, toda violência, deve ser evitada. O programa político social bem conduzido fará com que o povo não apóie os perturbadores. O governo deve ter todo controle político sem ferir a liberdade pública. 174
           
O modo de controle parlamentar, pelas assembléias parlamentares numerosas é custoso e corrupto, oneroso e degradante. A diferença entre as leis complementares e os decretos presidenciais não tem valor, já que o parlamentarismo não garante liberdade e a honestidade. O presidencialismo não pode degenerar um totalitarismo, tornando-se uma ditadura, porque o comando único do presidente é submetido ao controle de uma assembléia eleita, o que assegura um regime democrático de liberdade plena. O presidente fica sujeito a severas penalidades, sob essa fiscalização independente.  O controle do presidente ou do primeiro ministro no parlamentarismo é feito pela assembléia legislativa. Esse controle de parlamentares é sempre anulado por negociação de troca de favores e de corrupção. Essa é a razão de ser o parlamentarismo um regime de corrupção permanente, irresistível. A negociação e a troca de favores é parte da instituição parlamentar, é a corrupção oficializada, é a corrupção colocada como boa norma política obrigatória. No presidencialismo, o executivo não tem necessidade de corromper a assembléia de controle, porque não tem que ter a base parlamentar onerosa para governar. Porque o presidente tem o poder de governar, sem dividir as decisões e os atos com o parlamento. E a assembléia orçamentária que fiscaliza e controla a ação do presidente está proibido de ter cargo no poder político. Por essas razões só presidencialismo sem parlamento deve ser adotado. O parlamentarismo é oneroso e é degradante. O parlamentarismo tanto puro como misto  é sempre o regime político da corrupção ativa e passiva. Mas para evitar grande revolta atual, vamos criar um sistema mixto.
           
A transformação política deve ser feita DE CIMA PARA BAIXO, mas sem insurreição, sem revolução, sem violência, sem totalitarismo, por meio de pacto livre. Assim pode-se chegar à república, chegar ao bem público, do povo, e para chegar ao progresso do trabalhador dentro da ordem, mantendo as instituições democráticas. Os humanistas deverão orientar os conservadores, a quem deverá caber a iniciativa. Não existe governo DE BAIXO PARA CIMA. De baixo para cima é a revolução, que não tem comando, e que leva sempre à reação de direita, na forma da tirania retrógrada, como ocorreu com NAPOLEÃO e com STALIN e em muitos outros casos de crueldade sem limite.
           
Estamos vendo uma evolução social e política de 30 séculos, desde a teocracia oriental até a sociedade industrial e pacífica de nossos dias, na modernidade.

ALIANÇA: Os conservadores republicanos unidos aos republicanos conservadores eliminará da política os DEMAGOGOS RETRÓGRADOS e os RETRÓGADOS DEMAGOGOS. É a formação do PARTIDO CONSTRUTOR, para eliminar a revolução destruidora e acabar com o retardamento do retorno ao passado. 176


II. DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA. MUNICIPALIZAÇÃO. 180

            A centralização política resultou da perda do poder religioso e político dos papas, chamado de secularização. 187
           
A globalização da civilização da Europa do Ocidente fez prevalecer o governo do tipo aristocrático da Inglaterra, com o parlamentarismo protestante. Que se tornou retrógrado. 198
           
Os pensadores do humanismo podem orientar os governos, devendo ficar sempre de fora do poder, mantendo sua imparcialidade e sua liberdade de opinião. 188 No entanto como poderão se dedicar sem ter remuneração? Serão homens de grande estirpe e caráter, para não se dobrarem aos Poderosos, e serem admirados por eles. 

==============================================================

5. A INCORPORAÇÃO DO PROLETARIADO À SOCIEDADE MODERNA.

 O conceito que só pode haver regras ou normas uniformes e unanimes do Agir, isto é, da Ação sobre os Seres; é possível, desde que se conheça  as Leis Naturais, que lhes regulam os fenômenos. Só pode haver Artes Técnicas, uniformes e unanimes, quando houver  suas correspondentes Ciências, que também são uniformes e unanimes.  

Desta forma, quaisquer que sejam as idéias Sociais e Morais, ocorrem nelas, mutati mutantis, os mesmos tipos de comportamento, quando nós nos referimos  as Leis Naturais que regem, o raciocínio dos timoneiros, que aplicam as suas normas para dirigirem um navio; porque a indústria náutica de navegação, se baseia nas Leis Naturais uniformes e unanimes da Ciência Astronomia. Hoje em dia os satélites artificiais, estão orientando a navegação, no entanto se danifica o satélite ou o instrumento de bordo, e o comandante desconhece as Leis Naturais da astronomia, e não sabendo ler as cartas celestes, fica a deriva.

Assim, com certeza, devido a necessidade da Sociabilidade e Moralidade , só pode haver uma Arte uniforme e unanime de Dirigir a Sociedade; e uma Política que objetive, a direção dos Povos; da mesma forma, mutatis mutantis, no que diz respeito  ao curso ou direção a ser adotada  pelos navios; por isso, quando houver uma Ciência Sociológica uniforme e unanime, como já é conhecida a existência de uma ciência Astronomia, uniforme e unanime, será possível pela análise do comportamento dos fenômenos, termos condições de prever o comportamento social futuro da comunidade.

O que não exclui o emprego suplementar do sábio empirismo, quando o conhecimento das Leis Naturais Sociológicas, não forem suficientes  para dirigir a ação Política. Neste momento surge a regra universal de Augusto Comte – “ Pour complete les lois il faut des volontés” – Para completar as Leis, as vontades são precisas.

É bom notar, que a Ciência Sociologia Positiva, isto é, a Ciência Positiva da Sociedade, já tem mais de 150 anos, descoberta por Augusto Comte (1798 – 1857), de acordo com o trabalho de seus predecessores – desde de Aristóteles, o fundador da Sociostática, da Estática Social; e de Bossuet (1627-1704), o primeiro pensador, que esboçou um apanhado sobre a série dos tempos – Série Histórica – com sua  exposição teológica, a sucessão das “ Sete Idades do Mundo”  ; como as principais etapas da Sociologia, como já citamos Aristóteles, e os demais : Bossuet, Montesquieu (1689 – 1755), Turgot (1727 – 1781) e Condorcet (1743 – 1794), como precursores da sociodinâmica - Dinâmica Social – Bossuet, registrou as mais extravagantes, antagônicas e desencontradas concepções sociológicas, que são para a Ciência Sociologia, o que as várias astrologias são para a Astronomia.

Ainda hoje em dia, existem muitas pessoas, que negam a existencia de Leis Sociais, e que chamam de sociologia, apenas um acervo de fatos, isto é, um conglomerado de acontecimentos, uma concreção histórico-geográfica, onde afastada a Abstração, desaparece a noção de ciência; que verdadeiramente o é, se Abstrata; quando manifesta o seu caráter essencial, que é prever os respectivos fenômenos.

Muitos destes inteligentes cérebros, são dos tais que proclamam que o Futuro só a DEUS pertence. Isto quer dizer que não sabem, e nem podem dirigir o Presente; pois só podemos projetar o Futuro, deduzindo-o do Passado, com vista a instituirmos as regras ou normas do Presente. Quem nestas condições sustenta este ou aquele sistema político, para dirigir os Povos, só propõe absurdos, de elevada grandeza, da mesma forma que o comandante do navio, que se dispusesse a dirigir um navio, sem saber o porto de Destino.

No entanto há cérebros de elevada intelectualidade, que libertos da teologia e da metafísica intelectual, aceitam o determinismo sociológico, mas em contra partida, caem na metafisica-materialista, e por isso interpretam pessimamente  e incompletamente  as Leis Naturais da Evolução Histórica.


Por exemplo, podemos citar Adam Smith (1723-1790),  Herbert Spencer (1820- 1903), Piotr A. Kropotkin (1842-1921), Karl Marx (1818-1883) , J. M. Keynes (1883-1946), J. A .  Schumpeter (1883-1950), e todos estes outros ditos grandes filósofos-sociólogos-economistas-metafísicos, até os de hoje em dia, ligados a estas Academias Científicas, que de pouco ou quase nada de científico, nesta área apresentam, para o Bem Estar da Humanidade; vamos citar um destes mais famosos, vamos escolher Herbert Spenser, que possuía múltiplos conhecimentos, com relação aos fenômenos sociais, sob uma base objetiva; os demais faziam e fazem sistematizações parciais; nenhum deles, mesmo aquele que mais Ciência Social revela, Herbert Spenser, condensou numa síntese integral, a totalidade dos conhecimentos, e não se libertou plenamente do Absoluto, não só teológico, metafísico como o próprio científicismo subjetivista.

Spenser que parece o mais esclarecido, não pôde fugir a metafísica, mesmo ao proclamar o relativismo científico; mesmo quando afirma só se conhecer os atributos ou fenômenos dos seres, e não os seres em si; desta forma repete, sem saber talvez, e mudando apenas as palavras de São Paulo:

            “ O visível é a manifestação do Invisível”    ,

quando Spenser sintetiza que:

             “ O fenômeno é uma manifestação do nômeno”,

No entanto somente com Augusto Comte (1798 – 1857), que por estar totalmente liberto do Absoluto, sob todas das suas formas, e possuindo como nenhum outro, antes ou depois dele, a totalidade dos conhecimentos, não com referências mais ou menos eruditas, mas minuciosamente nas suas grandes obras , A Filosofia , a Política e a Síntese, e em resumo nos grandes e pequenos opúsculos, Catecismo Positivista e Apelo aos Conservadores, sem falar no magistral e extenso Epistolário – Augusto Comte resolveu o problema Humano; achou a forma definitiva da reorganização social; construindo de conformidade  com os ensinos dos seus antecessores, assimilados, completados e aperfeiçoados pelo seu próprio gênio, de conformidade com os grandes homens de todos os lugares  e de todos os tempos, a Doutrina Positivista, a Doutrina dos que não tem nenhuma, como ele mesmo a denominava.

Alertou e demonstrou que todas as demais Doutrinas, não são mais do que estados locais e temporários de uma só Doutrina, a qual inicia com o Fetichismo, passa pelo Teologísmo Politeísta, depois pelo Teologísmo Monoteísta; vindo à Metafísica ou Abstrata e finalmente acaba no Positivismo. É primeiro expontânea, depois revelada e por fim demonstrada.

 Com esta exposição, demonstrou também o Pensador  Universal – Augusto Comte, que a nova ideologia, deve ser livremente aceita pelos sentimentos e pelas inteligências, sem nenhum auxílio da força material, quer dos dirigentes quer dos dirigidos. Procurou demonstrar também que esta ideologia deve figurar ao lado de outras ideologias, livres também de quaisquer alianças  com os governos temporais, com o Estado, sob qualquer das suas formas, para se propagarem, para convencerem as Inteligências e persuadirem os Sentimentos. Finalmente não se esqueceu de demonstrar que a livre concorrência, de todas as ideologias, surgirá aquela que uniforme e unanimemente aceita; será a ideologia normal. Temos assim uma só Sociologia, adotada livremente por todos, como já existe uma só Astronomia, que todos adotam. Desta forma surgirá uma Sã Política definitiva e um Sistema de Governo, que será adotado até o final de nossa espécie; atingiremos a Sociocracia.

Até chegarmos lá, há necessidade , de se criar um governo de transição; um governo provisório, que não seja a manutenção da democracia exaurida, nem o retorno à Teocracia sob as formas teratológicas de fascismo, nazismo, comunismo, mas sim a instituição da República Pronuncial, que satisfazendo todas as aspirações racionais e morais das formas hoje adotadas de governo, lhes elimine o que nelas há de irracional e imoral, e realize a única forma de governo, baseada nas normas da Sã Política, derivada das Leis Naturais, percebidas por Augusto Comte, na evolução histórica.        

            Devemos divulgar entre os Proletários e os Patronais, o Governo Provisório, que proporcionará o meio propício, à livre propaganda de todas as ideologias , por mais que sejam retrógradas ou revolucionárias, e que mantenha sempre  a mais rigorosa  ordem material, no meio da mais escandalosa desordem mental e moral, que vivemos hoje em dia.

            A situação do Proletariado na atual sociedade em que vivemos, é profundamente injusta, e sem dúvida, não pode ser definitiva.

            O Povo é o agente principal da formação da riqueza material, que permite organizar a sociedade e criar os tesouros da Verdade e da Virtude. No entanto o Povo Trabalhador permanece acuado pelas angustias da miséria, submergido na ignorância e exposto as mazelas dos vícios.

O Trabalho Material foi o castigo Divino, à que se submeteu o trabalhador como escravo; e é agora seu meio de ganhar a vida. O povo escravo foi substituído, pelo povo mercenário, que vende seu trabalho e compra a sua forma de vida.

Vive para trabalhar e deveria ser, trabalhar para viver para outrem.

O povo espera ansioso ser livre, para poder incorporar-se voluntariamente à sociedade, mediante um trabalho digno, correspondente a um salário digno, que independe da função exercida, mas depende das necessidade de sua Família. Vide detalhes , quando abordarmos o tema - O Salário.

Os Deveres que tem os Patriciados para com o escravo, foram convertidos na obrigação de pagar seus serviços ao Proletário Mercenário.

Os amos e senhores foram substituídos  por mercadores  de trabalhos e vidas.

 Mas, o Patriciado deverá ser incluído na Sociedade, como administrador responsável da fortuna, isto é, do Capital, e não dono da fortuna; não será capitalista-individualista, muito menos acionista, quotista e  etc.., será também um empregado da Humanidade, como o Proletário.

Desta forma se formará a intima aliança entre o Proletariado que trabalha voluntariamente e obedece com Veneração, e o Patriciado que administra o Capital com abnegada solicitude, e comanda com benévola autoridade.

Por isso para resolver o problema do Capital e do Trabalho, é necessário recorrer ao princípio da Humanidade * . Somente este Gran Ser, que participa com a Pátria e a Família, pode centralizar e harmonizar todos os aspectos de nossa existência. * É o conjunto dos Seres Convergentes, do Passado, do Futuro e do Presente , que concorreram, concorrerão e concorrem para a melhoria do Bem Estar Social do Ser Humano, aqui na Mãe Terra.

Os sentimentos generosos, as idéias verdadeiras e os aspectos úteis, compõe a Humanidade.

O Mau Exemplo, isto é, o abuso dos poderes materiais, intelectuais e morais fazem dos tesouros que administram, induz ao povo à desconhecer toda a influencia do comando, de conselho ou de inspiração.

O poder material se divide hoje em dia, entre o Governo Político e o Governo Industrial. A autoridade do primeiro, se baseia na força, e a do segundo na riqueza; e quando se combinam reina a corrupção. O temor e o interesse dominam os homens, simultaneamente escravos e mercenários. Por isso, tais governos não são dignos da Veneração dos Homens Livres, que desejam concorrer voluntariamente ao Serviço Social.

Por outro lado, a autoridade Espiritual ou Sacerdotal, se faz dispersada entre os restos dos antigos sacerdócios teológicos, dos exemplos individuais dos filósofos metafísicos, das corporações acadêmicas dos ditos sábios - catedráticos, dos círculos dos jornalistas e  das assembléias parlamentares. No entanto, nenhum destes, guiam as consciências dos trabalhadores em suas atividades de trabalho; no entanto, lhes proclamam com seus conceitos e impressões, seja pela cega submissão ao castigo divino, ou a mais completa subordinação, em nome da metafísica ou da ciência.

 Em contra partida a autoridade Moral, está oprimida pela miséria, que obriga a Mulher proletária, a abandonar o Lar pelo trabalho industrial; o Proletário perde assim, a sua única fonte das inspirações  da Virtude.

Desta forma se leva o Povo à anarquia, privando-o do encanto de obedecer aos seus admirados e competentes Chefes; de escutar a palavra de alento e conselho dos Venerados Professores; e de gozar dos profundos afetos, de uma Mãe, de uma Esposa e de uma Filha.

Por isso, não devemos estranhar, que este Povo abandonado, não venha a se transformar em voluntarista do trabalho, e abuse do seu atual caráter mercenário, e retorne , muitas das vezes à animalidade  primitiva, onde cada um viva para si mesmo. “ Cada um por si, Deus por todos” – nada social – “ o negócio é competir, para melhorar”  – outro grande absurdo.

Ora, tal situação seria desesperante se a Humanidade, que instituiu a teologia, a guerra e escravidão, para formar a Sociedade, não houvesse criado a Sociologia, a Paz e a Liberdade, que correspondem ao estado definitivo das Sociedades Humanas.

 Hoje se apresentam perante os olhos do Povo, dois caminhos bem definidos; uma de esperança e outra de desesperança; uma que nos leva ao abismo da desgraça, a outra  que nos leva ao clímax da felicidade.

 Sua realização ou bagagem, com relação a Primeira, será de egoísmo, destruição, escravidão e morte; já na Segunda, será de  Altruísmo, de construção, de liberdade e de vida.

Por isso, para que o Povo trabalhe com Altruísmo, é indispensável que AME, que adore aos SERES que serve, e aos materiais e máquinas que empregam, na realização de suas obras. Assim,  todos os seus trabalhos serão de construção e serviços de benévola convergência, sem lutas e sem intrigas; e desta forma, o Povo poderá acudir voluntariamente ao trabalho, com certas condições de independência; gozando de liberdade, fazendo com que a sua atividade de trabalho seja feliz e digna. Sua vida será então eternizada, pois viverá em suas obras, abençoado e venerados  pelas gerações do futuro, como exemplos de homens que fizeram algo Social pela Humanidade.

Assim, o Povo Trabalhador – tanto o Proletariado como o Patronal, praticarão seus deveres  pessoais, domésticos e cívicos, inspirados pelo Altruísmo, que os Impulsiona à Viver Para Outrem, no Regimen Sociocrático.

Com estas atitudes, a Violência destruidora, o erro e o egoísmo; as concepções e os deveres individualistas desaparecerão por completo da Ordem Social.

As noções Positivas ou Científicas sobre o Trabalho, a Produção, o Salário, o Capital e a Propriedade, serão compreendidas pelos trabalhadores Proletariado e Patronal, que desejem ser homens livres, conscientes e generosos. {Estes tópicos serão apresentados posteriormente}

Estou tão certo, que as Leis Naturais Sociológicas existem como da mesma forma existem as Leis Naturais mais elementares da Matemática. Por isso serei feliz, se os que tiverem a mínima paciência de ler o que tenho escrito, sem parti-pris, procurarem estudar na Obra do Genial Augusto Comte, as soluções científicas dos problemas políticos da atualidade.

            Estou certo que se convencerão, como já me convenci, das verdades que demonstra o Mestre dos Mestres.

Quanto aos outros... non ragioniam di lor ...  Continuem consciente ou inconscientemente, a gozar o sinistro prazer de sacrificarem gerações e gerações, adiando sine-die o advento da regeneração humana.

Saúide, com respeito e fraternidade,

Paulo Augusto Lacaz


           
             Este trabalho foi realizado para ser apresentado, na Reunião Social de 2002 , em Porto Alegre.. P. A . Lacaz / Positivista  - 28 de Moisés de 213  Bibliografia Consultada -Obras de : Augusto Comte  / Luis Lagarrigue - 1939 / Reis Carvalho - 1935

No comments:

Post a Comment