Wednesday, June 5, 2019

Liberdade Já

Os Impérios não desmoronam sem procurar arrastar com eles  suas colônias.

 Não se trata de maldade, mas do abraço do afogado. 

Desde George H. W. Bush (1989-1993), os Estados Unidos da América (EUA) vem acumulando dívidas, desindustrialização e encolhimento tecnológico. 

O Vale do Silício já perde para Guangdong. 

A Federação Russa desenvolve armamento mais sofisticado do que o disponível no Pentágono. 

Vieram nos roubar a Embraer, pois a aviação estadunidense perdia para a brasileira e para europeia, e a Petrobrás, detentora única da tecnologia de produção em águas ultraprofundas e com enormes reservas de petróleo.

Os EUA acumulam derrotas militares desde a Guerra da Coreia: Vietnã, Iraque, Afeganistão e, mais recentemente, a Síria.

 E derrotas econômicas: os Tigres Asiáticos -  Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura e Taiwan - não trabalham sob as ordens de Wall Street mas de Pequim.

A dívida do Tesouro Estadunidense é impagável, o dia que não mais adiantar imprimir dólar, pela sua pequena aceitação como moeda de risco, os EUA afundam de vez. 

E quem garante que a próxima crise não repetirá a de 2008 e veremos, novamente, os EUA como epicentro.

 Existirão novamente duas dezenas de trilhões de dólares estadunidenses (USD) para acalmar o "deus mercado" com Quantitative Easing (QE - facilidade/ flexibilização financeira) ?

Nosso problema não são  os EUA mas esta elite que administra para eles o Brasil.

Cada dia mais horrores estão sendo anunciados. 

Não bastaram o Teto dos Gastos (Emenda Constitucional n º 95), as reduções nos direitos trabalhistas (Lei 13.467/2017 e Medida Provisória 808), o arrocho salarial (Decreto 9.661/2019) e o projeto de eliminação da aposentadoria (Emenda à Constituição - PEC nº 6/2019). 

Soltam agora estas forças antinacionais e antipopulares o balão de ensaio da dolarização da economia brasileira.

Afinal, o que estaria querendo o presidente do Banco Central, Roberto de Oliveira Campos Neto, cuja missão é defender a moeda brasileira, ao comunicar à imprensa, na quarta-feira, 29/maio, que vai propor ao Congresso várias mudanças – como decretos, resoluções, circulares – que organizem a compra, venda e posse de moedas internacionais no Brasil?

Antes que algum cândido cidadão veja inexistentes vantagens nesta proposta - que já arruinou, com a dupla Carlos Menem-Domingo Cavallo, nossa vizinha Argentina - examinemos a Europa do euro.

O sistema financeiro internacional, que abrevio "banca", tem o imperial objetivo de dominar o mundo, impondo sua filosofia neoliberal. Para isso procura, entre outras medidas, eliminar as barreiras nacionais aos fluxos monetários e padronizar ao máximo suas operações internacionais.

Temos, no ocidente, duas moedas referenciais: o dólar e o euro. 

O dólar se impôs pela economia, armas e, com o apoio da Arábia Saudita, como a moeda comercial do petróleo. 

A vontade da Venezuela de se libertar do dólar foi um importante motivo para a ação recente dos EUA contra aquele país.

O euro se impôs política e economicamente num processo de pacificação do bélico continente europeu.

 O país que não tem liberdade de gerenciar sua moeda é, desde logo, um país escravo, dependente. 

O caso da Grécia foi a clara demonstração do país com a maior taxa de desemprego da União Europeia (UE) - 19,3% - principalmente por não poder usar a moeda corrente, oficial, para promover seu desenvolvimento.

No momento que economistas, a intelectualidade acadêmica e profissional,  recuperam a discussão da Teoria da Moeda Moderna  (MMT), os colonizados de sempre querem implantar a moeda estrangeira como modo de manter o Brasil escravizado.

Transcrevo das "Considerações Finais" do livro, ainda inédito, do doutor em economia Gustavo Galvão dos Santos (21 Lições da Finanças Funcionais e a Moderna Teoria do Dinheiro) importante reflexão, com a qual encerro este artigo:

" As Finanças Funcionais foram usadas, na prática, pelos EUA e Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial com excelentes resultados, mesmo sob condições econômicas especialmente difíceis.

Após a Guerra, essa experiência se espalhou por diversos países, que passaram a adotar implícita ou explicitamente uma Política Fiscal de Pleno Emprego mais ou menos influenciadas pelas Finanças Funcionais.

 Essas políticas nortearam o sucesso da chamada Era de Ouro do Capitalismo, os 30 anos gloriosos entre 1945 e 1975 (acrescento o nível de bem estar atingido pelos, até então pobres, países nórdicos).

As Finanças Funcionais são o keynesianismo levado às últimas consequências e foi avalizado pelo próprio Keynes, no fim da vida, e adotado implícita ou explicitamente pela teoria econômica hegemônica do Pós Guerra'.

O excludente e recessivo neoliberalismo veio para transferir unicamente para o sistema financeiro todos os ganhos da economia das nações.

 Agora ficaremos sem moeda nacional.

Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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